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Entenda porque tantas árvores caem em São Paulo

Para botânico, chuva é desculpa da prefeitura para amenizar o problema da espécie

São Paulo|Caroline Apple, do R7*

Queda de árvore na região de Pinheiros, zona oeste da capital
Queda de árvore na região de Pinheiros, zona oeste da capital Queda de árvore na região de Pinheiros, zona oeste da capital

A situação das árvores de São Paulo ganha destaque em dias de chuva forte, como a que aconteceu na cidade nesta terça-feira (8). De acordo com Ricardo Cardim, ambientalista e botânico especializado em biodiversidade nativa urbana, a queda das árvores reflete os anos de abandono do tema pelo poder público.

— A Prefeitura de São Paulo usa muito o argumento de que a queda de árvores é causada pelas fortes chuvas e pelos ventos, mas isso é só uma forma de relativizar a falta de cuidados promovida por ela. É difícil uma rua da cidade não ter ao menos uma árvore doente.

A professora de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pérola Brocaneli, afirma que é preciso criar um plano de gestão e manejo das árvores.

— O plano deve ser tratado como inventário da vegetação urbana: com tecnologia, com chip de identificação na árvore (para saber qual espécie, as condições que se encontra, se há vegetação doente ou com suspeita de um problema estrutural), entre outras coisas.

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Cada árvore que caiu na capital paulista é preciso ser avaliada, segundo a professora.

— Você tem que avaliar cada árvore para constatar se realmente foi chuva ou o vento acima da média, se foi por causa da poda e, principalmente, na gola (espaço que se detém ao redor do caule da árvore que toca a calçada). Muitas vezes vemos as árvores destruindo as calçadas, mostrando que está em luta pela vida.

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E a doença das árvores vai além de cupins e fungos. Cardim explica que podas mal feitas podem desequilibrar as árvore e o cimento e mureta em volta da raiz dificultam a alimentação e a respiração das espécies.

— Árvores saudáveis podem até cair em meio a uma floresta, mas as quedas na cidade são frutos dos maus tratos históricos. As árvores são vistas como enfeite e não como o que elas são: itens vitais para o ser humano, principalmente em um local artificial como às grandes cidades.

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Para o ambientalista, faltam medidas públicas que priorizem a manutenção e cuidados com as árvores.

— Tem que rever as normas. Hoje a manutenção contempla apenas a remoção e a poda, que muitas vezes são feitas de qualquer maneira e condenam uma árvore que poderia ser sadia. Precisa ter investimento em equipe, material. E, principalmente, ter cartilhas e educação ambiental da população, que erra, muitas vezes, por falta de orientação, como nas vezes que sobra aquele cimento de uma abra e ele é jogado no entorno sobre a raiz, ou quando plantam espécies inadequadas para aquele local.

A professora Pérola atenta ao fato de que é difícil perceber que uma árvore cairá.

— É a coisa mais difícil é saber se a árvore vai cair ou não. Segundo o plano de gestão e manejo da arborização urbana criado para Belo Horizonte (MG), o único indício é ver se a espécie possui ou não o fungo “orelha de pau”. No geral as árvores são resistentes, mas existem aquelas que são incompatíveis com a área urbana.

*Colaborou Plínio Aguiar, estagiário do R7

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