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Escritor Alessandro Buzo vai dirigir seu segundo filme "Fui!"

Obra independente vai ser rodada no Litoral Norte de São Paulo e com atores da região

São Paulo|Juca Guimarães, do R7

Uma nova jornada e um recomeço de vida perto do mar são o ponto de partida do enredo do filme "Fui!" escrito pelo Alessandro Buzo e que deve começar a ser rodado nas próximas semanas em algumas cidades do Litoral Norte de São Paulo, com previsão de estreia em setembro. 

Na trama, segundo conta o autor, a personagem Isabela troca a metrópole pela chance de novos desafios e relacionamentos na praia, porém, um assalto muda tudo. 

Especialistas em contar boas histórias e construir narrativas que espelham a alma humana, Buzo é um mestre e forte referência na cultura periférica. Foi ele quem criou a Livraria Suburbano Convicto e o Festival Favela Toma Conta, um dos eventos mais importantes do hip-hop. Além de ser o patrono do Sarau Suburbano Convicto, no Bixiga, que também tem uma edição mensal no Litoral. 

O encontro entre a periferia e o mar na obra do Buzo reflete a mudança de vida, mas não de ideias, dele e da família, a mulher Marilda Borges e o filho Evandro Borges, que foram morar na cidade de São Sebastião, em 2016.

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Observador atento e agitador nato, Buzo logo percebeu que tinha muito a contribuir para a cena cultural da região e fortalecer a produção artistica local. Assim, com muita garra e zero reais em caixa, surgiu o projeto do filme com 100% do elenco local. Os personagens principais são a Isabela (interpretada pela Camila Lobato) e o Kocada (interpretado pelo rapper Brenalta MC), dois talentos descobertos pelo Buzo.

A preparação do elenco ficou nas mãos da atriz Katia Cipris, que estudou teatro na alemanha. As filmagens e a pós-produção do filme serão narradas pelo autor em um blog na internet, além dos batidores terão também entrevistas com os atores e membros da equipe de produção.

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Primeiro Filme

O filme "Fui!" começa a ser gravado exatos oito anos após o longa-metragem de estreia do Buzo, o "Profissão MC" que teve o rapper Criolo como ator principal e contava o drama de um jovem artista numa encruzilhada entre crime e a música. 

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Com uma atuação espetacular do rapper, o filme teve mais de 1 milhão de expectadores e foi homenagenado no Festival de Gramado, o mais significativo festival de cinema do país. 

Próximo livro

Buzo nunca está apenas em um projeto. A vida do escritor é dividida em várias frentes, pois uma serve de apoio para outra. Enquanto prepara o filme, ele também está lançando um novo livro "Filho da Empregada".

O livro de contos é uma homenagem à mãe do autor, dona Luzia Buzo. "Ela foi empregada para colocar comida na mesa. Toda vez que eu via um garoto com a camiseta do Dante [famoso e caro colégio particular de São Paulo] no trem para a Zona Leste, eu pensava "A mãe dele é empregada também"", relembrou o escritor. 

"Filho da Empregada" (Edicon Editora) é o 13º livro do Buzo e, coincidentemente, tem 13 contos. O lançamento será no dia 9 de março. Confira a entrevista exclusiva com o Alessandro Buzo para para o R7.

Camila e Brenalta são os atores principais do longa
Camila e Brenalta são os atores principais do longa Camila e Brenalta são os atores principais do longa

R7: Qual o enredo do filme “Fui”? O que conta a história?

Alessandro Buzo: Uma mulher de 35 anos, decide morar no litoral norte e deixar em São Paulo seus pais, que a tratam como adolescente, e o ex-marido, que anda lhe perseguindo. Ela quer montar um restaurante, mas é assaltada numa saidinha de banco. Depois, em outra situação, ela reencontra o jovem que a assaltou e a história passa por muitas reviravoltas

R7: Como surgiu a ideia de fazer o filme no litoral Norte?

Alessandro Buzo: Estou morando em Camburi, São Sebastião há um ano, só venho a São Paulo nos dias de agenda, de trabalho. Lá passei a fazer uma edição mensal do meu Sarau Suburbano, que é semanal em Sâo Paulo (toda segunda-feira), no Bixiga. Conheci pessoas que fazem cultura e lutam muito no litoral, afinal de contas, periferia é periferia em qualquer lugar. Ano passado tinha decidido que em 2017 faria um filme, o meu primeiro "Profissão Mc" é de 2009 e de lá pra cá estou tentando captar dinheiro pra um novo filme, não arrumei e decidi que faria, com ou sem grana. A história do Fui! estava martelando na cabeça e só podia ser na praia, é uma história de praia, não é um filme de crime, apesar do assalto, que é um momento chave no enredo. O filme vai valorizar a beleza natural e as coisas boas do litoral, mas também quer discutir a violência contra a mulher e outras questões.

R7: No seu primeiro filme, o Profissão MC, você apostou no Criolo como protagonista e ele se tornou uma grande figura na cena musical. Como foi a escolha do elenco atual e por que a decisão de usar atores do litoral Norte?

Alessandro Buzo:  Nem eu, nem ninguém poderia imaginar que o Criolo iria fazer tanto sucesso, fico feliz por ele, orgulhoso até, foi bom num momento da minha carreira, ter tido ele próximo, além do filme ele foi atração algumas vezes do meu evento Favela Toma Conta, só posso estar feliz de ver onde ele chegou.

R7: Como foi a escolha do elenco atual e por que a decisão de usar atores do litoral Norte?

Alessandro Buzo: Conheci os dois protagonistas no Sarau Suburbano mensal. em Boiçucanga. A Camila Lobato, mulher, branca e que é assídua no Bar Cartola [onde acontece o sarau] e o Brenalta Mc que veio pelo sarau, jovem, negro, talentoso, sonhadore realizador. Ele promove a Batalha do Verso, uma vez por mês, apostei nele que era a cara do personagem, a Camila porque era uma pessoa que já fez o caminho de deixar São Paulo e ir morar no litoral, parecido com a sua personagem no filme. Resolvi que 100% dos atores seriam do litoral Norte, porque lá já foi cenário de propagandas publicitárias e filmes, mas os moradores nunca fazem parte, ou não são protagonistas, hora de mudar isso. O restante do elenco é os amigos do Cartola, do Samba dos Amigos, do Sarau Suburbano e da praia.

R7: Quantos atores no elenco? Quantas pessoas envolvidas no projeto?

Alessandro Buzo: A equipe tem cerca de 10 pessoas, todos de São Paulo. Atores fixos com papel definido são 20 pessoas, mas muita gente vai ser figurante, esse número sobe pelo menos para o dobro disso.

R7: Você tem no elenco uma atriz profissional, a Katia Cipris, com uma carreira internacional sólida e de muito sucesso. Ela também fez a preparação de elenco, como foi essa troca de experiências?

Alessandro Buzo: Um dia, cheguei na banca de jornal da praia de camburizinho da amiga Mônica Tiegue, a Katia estava lá e disse: - O rapaz do sarau. Tinha passado lá pra agradecer a Mônica que tinha ido no sarau e levado uns amigos, a Katia Cipris era um deles, eles tinham conversado sobre o filme, então ela me disse: "Sou atriz profissional, posso ajudar na preparação dos atores, se tiver interesse". Eu respondi:" Claro que tem, todo mundo que queira somar é bem-vindo". Sem contar que preparação de atores não tinha ninguém e é importante.

R7: Neste novo filme, você repete a dobradinha com o Toni Nogueira. Como é que começou a amizade de vocês?

Alessandro Buzo: Conheci um ex-sócio dele na DGT Filmes, através desse ex-sócio cheguei a DGT e conheci o Toni, eu era o cara lá do Itaim Paulista, só tinha um livro lançado, estava engatinhando em promover evento. Quando levei o RZO no Itaim Paulista em 2003, pré Favela Toma Conta que começou em 2004, o ex-sócio do Toni filmou e editou uma fita VHS. Eles romperam sociedade e uma vez o Toni me procurou pra fazer um documentário do meu livro O Trem, o documentário não vingou, mas a amizade e parceria só cresce.

R7: Quanto tempo de filmagens e pós-produção do filme? Já dá pra prever uma data para o lançamento?

Alessandro Buzo: Pretendemos filmar tudo até o final de março, é uma cena no carnaval, desfile do Bloco Samdosa Camburi dia 25, depois dia 5 de março em São Paulo e uns 10 dias de filmagens no litoral. Pretendo com o Cacau Ras, que é o editor, decupar tudo em abril e editar em 3 meses, de maio a julho. Se tudo isso der certo, lançamento em setembro de 2017. Acompanhem tudo no Blog do filme: www.filmefui.blogspot.com

R7: Quantos expectadores aproximadamente teve o Profissão MC?

Alessandro Buzo: Quantos expectadores não sei, mas foram muitos, um cara postou no Youtube e estava com 700 mil acessos, esse vídeo sumiu, exibições em 5 estados, várias delas com debate, exibimos no Cine Olido, Odeon no Rio de Janeiro, Festival de Gramado onde ganhamos a Medalha Galgo Alado. Escolas, cadeias, fundação casa, eventos como a Batalha do Conhecimento pra 1.000 pessoas no Sesc Pinheiros, enfim, muita gente viu, mais de um milhão com certeza.

R7: Qual o orçamento geral do filme e como as pessoas podem colaborar?

Alessandro Buzo: Temos equipe e equipamento, vamos fazer mesmo sem dinheiro, a 19 dias da primeira filmagem, não temos dinheiro nenhum. Mas lançamos uma campanha de financiamento direto, quem quiser ajudar, veja como no link. O ideal era fazer o filme com R$ 20 mil, pagar um cachê simbólico pros atores, equipe e gastos com alimentação, transporte e hospedagem.

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