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Esquartejado de Higienópolis: suspeita diz que motorista era violento e amante planejou morte 

Três mulheres foram detidas suspeitas de envolvimento na morte do motorista Álvaro Pedroso

São Paulo|Lumi Zúnica, especial para o R7

Edifício da rua dos Andradas, onde o crime aconteceu
Edifício da rua dos Andradas, onde o crime aconteceu Edifício da rua dos Andradas, onde o crime aconteceu

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa da Polícia Civil) prendeu três mulheres acusadas de terem assassinado e esquartejado o motorista de ônibus Álvaro Pedroso, 55 anos, que em 23 de abril deste ano teve partes do corpo espalhadas em sacos de lixo e um carrinho de feira pelas ruas de Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo.

Segundo o delegado do DHPP, Antônio Carlos Araújo, da equipe C-Leste, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, análise de imagens de câmeras de segurança e uma exaustiva investigação, levaram a localizar a amante da vítima e suas comparsas, que confessaram o crime.

Molly (nome de trabalho), 53 anos, prostituta, declarou para a polícia que eles mantinham um relacionamento de sete anos e costumavam passar as noites de sábado em hotéis de alta rotatividade do centro de São Paulo. Segundo ela, o motivo do crime foi passional devido aos maus-tratos a que era submetida pelo amante. Ela disse que era ameaçada de morte, caso contasse sobre a violência para alguém.

No sábado (22/4), como era costume, Álvaro a procurou no edifício onde mora na rua dos Andradas, 69, centro de São Paulo, região conhecida pelos “prédios – bordéis” e pela prostituição de rua. Segundo ela, costumavam ir a hotéis próximos, mas esse dia ficaram no edifício pela primeira vez.

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No seu depoimento, Molly afirma que após manter relações, Álvaro foi tomar banho, discutiram e ela o empurrou. Na queda, ele bateu a cabeça e morreu ainda no banheiro. Após esquartejá-lo com uma machadinha, com ajuda de duas amigas, Molly levou partes do corpo em três carrinhos até as proximidades do cemitério da Consolação, onde foram abandonados. Num deles, foram colocados os braços e pernas, em outro o tórax sem a pele e no terceiro as coxas.

Ela afirma que deixou a cabeça, pênis e dedos num saco na lixeira em frente ao edifício onde mora e não sabe como a cabeça foi parar na Praça da Sé. Também disse não ter separado a bacia do tórax.

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Porém, uma das suas cúmplices apresentou versão diferente. Sheila (nome de trabalho), 36 anos, também prostituta e detida como coautora, disse que o crime foi planejado. Molly teria embriagado o amante com uma mistura de vodca e conhaque e, quando tomava banho, as três mulheres o seguraram e agrediram com marteladas na cabeça.

Molly foi quem esquartejou o corpo e distribuiu as partes em pelo menos dois carrinhos de feira comprados especificamente para este fim. Segundo ela, a cabeça não coube, por isso Molly a levou até a praça da Sé dias depois, e não até a lixeira. Acredita-se que ela manteve a cabeça no freezer da geladeira.

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Após o crime, as três saíram do edifício com dois carrinhos e um pacote e pegaram um taxi que as deixou nas proximidades do cemitério da Consolação. A polícia já sabe que pelo menos um dos carrinhos, o que continha as pernas e braços da vítima, foi levado por um morador de rua. Ele despejou o conteúdo na calçada e levou o carrinho provavelmente para ser vendido.

Também foi apurado que João Eduardo Jerônimo, 29 anos, morador de rua preso em 4 de abril suspeito de ter transportado um dos carrinhos não tem nada a ver com a história. Ele realmente recebeu R$ 30,00 de um taxista para se desfazer de um saco, mas este continha entulhos. A polícia não divulgou antes esta informação para não alertar as verdadeiras autoras do crime. João Eduardo foi mantido preso por ter um mandado de prisão em aberto desde janeiro deste ano. Ele cumpre pena de 5 anos e quatro meses por roubo.

Molly, Sheila e Thais, a terceira mulher envolvida tiveram a prisão temporária decretada.

O cenário

No edifício de dez andares da rua dos Andradas 69, quase 300 prostitutas alugam espaços de seis metros quadrados para fazerem programas de R$ 50. Em cada andar, uma quitinete é dividida em cinco boxes, cada um para uma prostituta, onde uma cama e um pequeno armário servem de mobília ao pequeno espaço. O banheiro e cozinha da “kit” é de uso comum a todas.

A maioria delas vem de Belo Horizonte, conforme uma delas conta. O edifício começa a funcionar às 8h30 da manha, e às 20h45 uma sirene anuncia o fim do expediente. Todos os clientes tem que sair do prédio. As prostitutas não podem mais sair durante a noite.

No nono andar trabalhavam Molly, Sheila e Thais, cada uma num box. Os outros dois estavam vazios. Foi onde elas praticaram o crime.

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Histórico do caso

Por volta das 9h do domingo de 23 de março, um catador de latinhas encontrou duas pernas e dois braços embrulhados num saco de lixo no cruzamento das ruas Sergipe e Sabará, próximo ao cemitério da Consolação, no bairro de Higienópolis, região central de São Paulo. Algumas horas depois, por volta do meio dia, um carrinho de feira foi encontrado na rua José Eusébio, na lateral do cemitério da Consolação contendo o tronco da vítima e logo depois foram achadas as coxas embrulhadas em plástico e amarradas com fitas adesivas ao pé de uma árvore na rua da Consolação.Os dedos da vítima tinham sido cortados e a pele do tronco arrancada. Digitais, pele, cabeça e bacia não foram encontrados.

Uma testemunha que trabalhava nas imediações contou à nossa reportagem que viu o carrinho na porta posterior do cemitério por volta de 9h. No entanto, ele foi encontrado pela polícia a mais de 100 metros, na rua coronel José Eusébio, ou seja, foi retirado por alguém do cenário onde o deixaram inicialmente.

— Chamou minha atenção porque era um carrinho de feira novo, com uma bolsa cor azul e rodas brancas e eu até pensei em levar pra casa, mas achei que fossem restos de macumba.

As partes do corpo foram encaminhadas ao IML (Instituto Médico Legal) central e também foram apreendidos o carrinho e um par de sapatos masculinos na cor negra com sola de borracha encontrados nas proximidades. As partes do corpo estavam enroladas em um vestido de mulher.

O caso passou a ser investigado pelo DHPP (Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).Quatro dias depois, em 27 de março, Paulo Ferreira Pimentel, morador de rua, encontrou uma cabeça no espelho de água da praça da Sé e chamou a polícia. No dia 29 o Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, afirmou se tratar da mesma vítima encontrada em Higienópolis. Posteriormente testes de DNA confirmaram em 17 de março que a cabeça e as partes achadas em Higienópolis eram do mesmo indivíduo.

Preso acusado de espalhar partes do corpo

No dia 4 de abril, João Eduardo Jerônimo, 29 anos, morador de rua, foi preso após ter seu retrato falado divulgado pela policia como responsável por ter espalhado as partes do corpo. Ele foi filmado por câmeras de segurança na região. Segundo João Eduardo, recebeu R$ 30,00 de um homem para deixar os sacos em vários pontos da cidade mas não sabia qual era seu conteúdo.João Eduardo já era procurado após ter a condicional revogada em janeiro. Ele cumpria pena de cinco anos e quatro meses por roubo No dia seguinte a sua prisão, o DHPP divulgou o retrato digital da vítima construído a partir de uma tomografia da cabeça e de fotos da perícia.

O retrato divulgado pela polícia levou Maria Eli do Nascimento Pedroso, 50 anos, dona de casa, a procurar a polícia. Maria Eli tinha feito um boletim de desaparecimento do marido um dia antes das partes do corpo ser encontradas.

Ela já suspeitava se tratar do corpo do marido, o que veio a se confirmar com a divulgação do retrato. Segundo ela, o marido Álvaro Pedroso, 55 anos, motorista de ônibus, saiu de casa no dia 22 por volta das 15h para se encontrar com a amante, com a qual iria terminar o relacionamento. Estava desaparecido desde então.

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