Estudante morreu fazendo o que mais gostava: curtindo funk
Moradora da periferia da zona sul de São Paulo, Luara Victoria morava com os avós e perdeu o pai e a mãe nos últimos cinco anos e morreu no Baile da Dz7
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
A estudante Luara Victoria, 18 anos, saiu do Jardim Primavera, na região do Grajaú (periferia da zona sul de São Paulo), no sábado (1º) a noite para fazer uma das coisas que mais gostava: curtir um funk.
Ela foi uma das vítimas do pisoteamento que terminou com nove mortos no Baile da Dz7, na favela do Paraisópolis (zona sul), na madrugada de domingo (2).
De acordo com um familiar da vítima, que prefere não ser identificado, a menina gostava de ir em bailes e em tabacarias, sempre em busca de ouvir funk. Ela já havia ido outras vezes no baile de Paraisópolis, mas não era com frequência.
A menina cresceu com o pai na casa dos avós. O apoio dos familiares se tornou mais necessário nos últimos cinco anos. Neste período, ela perdeu o pai e a mãe.
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Luara ainda não havia conseguido arrumar nenhum emprego e se dedicava apenas aos estudos. Ela era aluno de uma escola estadual que fica em um bairro vizinho ao que ela residia.
O familiar afirma que ela recebia conselhos para diminuir as idas para os bailes funk e se dedicar mais na procura de emprego.
Além de Luara, morreram Mateus dos Santos, Eduardo Silva, Gabriel Rogério de Moraes, Denys Henrique, Bruno Gabriel, Dennys Guilherme, Gustavo Cruz Xavier e Marcos Paulo Oliveira. Eles tinham entre 14 a 22 anos.
Os jovens morreram pisoteados após seis policiais militares da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) entrarem no meio do baile atrás de supostos motociclistas que teriam atirado contra a PM.
A Polícia Militar afirma ainda que, quando os policiais se aproximaram dos frequentadores do Baile da Dz7, foram atacados com latas, garrafas e pedras. Os PMs, então, usaram munições químicas para dispersar a multidão. Neste momento começou a confusão que terminou com as mortes.
Vídeos que o R7 teve acesso mostram diversos cenas de agressões cometidas por policiais militares. Não há nenhum registro de ataques aos policiais militares. Os vídeos serão anexados nos inquéritos das polícias Civil e Militar para apurar se foram mesmo gravados na madrugada de domingo.