Ex-assessor estima em R$ 30 mil caixa dois em campanha de Holiday
Advogado Cleber Teixeira revela caixa 2 com objetivo de baratear campanha
São Paulo|Peu Araújo, do R7
Um dos responsáveis pela campanha de Fernando Holiday (DEM) nas Eleições 2016, o advogado e ex-assessor Cleber Teixeira, de 50 anos, revelou ao R7 irregularidades nos gastos declarados pelo então candidato a uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo.
Naquele pleito, Holiday acabou eleito o vereador mais jovem da capital paulista, então com 20 anos, com pouco mais de 48 mil votos.
“Eu estimo que foi gasto mais R$ 25 mil, R$ 30 mil, além do que foi declarado”, diz Teixeira, agora ex-integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) desde o ano passado. A liderança no movimento foi um dos principais pilares de Holiday para conseguir se eleger vereador por São Paulo.
Teixeira afirma que o motivo de não declarar parte das despesas da campanha, que totalizaram R$ 52.551,68, segundo dados enviados a Justiça Eleitoral, foi defender a possibilidade de eleger um candidato com pouco custo.
"Parte do dinheiro não foi apresentada porque eles queriam manter a narrativa de que seria a campanha mais barata. É burrice", afirma.
Ao todo, o então candidato arrecadou R$ 59.164,14. Teixeira afirma que o dinheiro restante, que deveria ser devolvido após a eleição, foi utilizado com gastos pessoais, como boletos da faculdade de Fernando Holiday.
O ex-integrante do MBL acrescenta que "gastou-se tanto com caixa 2 que sobrou muito dinheiro na campanha".
Enquanto conversava com o R7, a reportagem percebeu que Teixeira se mantém sempre alerta ao andar pelas ruas e, antes de falar, costuma se certificar que não está sendo observado. Ele justifica: "Eles me fizeram ameaças. Me falaram que iam dizer que eu que fiz tudo, que era para eu esquecer o MBL."
Escutas de conversas com jornalistas e caixa 2
O advogado Cleber Teixeira aponta ainda a possível origem do dinheiro usado ilegalmente na campanha de Fernando Holiday: o Instituto Ravenna, um programa de emagrecimento que ficou famoso depois que a então presidente Dilma Rousseff (PT) o adotou.
Teixeira alega que a responsabilidade da transação com o instituto seria de Marcelo Castro, chefe de gabinete do vereador.
Em conversa gravada pelo próprio Castro com um repórter do jornal O Estado de S. Paulo, o chefe de gabinete se apresenta como um dos sócios do Instituto Ravenna. Em um trecho da gravação Castro afirma. “Eu tiro dinheiro daqui para colocar na campanha”.
No final do papo, que durou 4 minutos e 56 segundos, o chefe de gabinete fala sobre a relação do instituto com a Partido dos Trabalhadores.
"O mais engraçado, mais curioso e contraditório é que isso aqui [o Instituto Ravenna] cresceu por causa do PT. A Dilma [Rousseff] foi nossa principal paciente. Ela fez a dieta, o [ex-ministro da Justiça] José Eduardo Cardozo também, assim como a [ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no governo Dilma, e atual senadora pelo estado do Tocantins] Kátia Abreu, e grande parte do ministério", afirma em tom de deboche.
A chegada do dinheiro
Também ex-assessor de Holiday, o corretor de imóveis Carlos A. Rigat, de 41 anos, lembrou, em entrevista ao R7, que a presença de Marcelo Castro, que integrou a candidatura na reta final, trouxe recursos à campanha de Fernando Holiday. “Com a chegada do Marcelo Castro apareceu uma verba que nunca teve. Era uma campanha muito enxuta”, diz.
Rigat acrescenta ainda que “quem cuidava do financeiro era o pessoal do MBL com o Marcelo Castro”.
Na última conversa que teve com o vereador, Rigat diz que Holiday o recebeu para dar o seguinte recado: "Daqui pra frente, você não vai estar junto, porque o pessoal do MBL não quer que você esteja comigo”.
Em conversa do grupo de estratégia de campanha do Fernando Holiday, conseguido com exclusividade pelo R7, um dos membros da equipe, identificada como Tatiane Carvalho, menciona a quantia de R$ 3.500, em espécie, que seriam do Instituto Ravenna. Este dinheiro não foi mencionado na declaração de despesas do vereador.
O R7 procurou o vereador Fernando Holiday por telefone, e-mail e mensagem e não obeteve resposta.
A reportagem procurou também o Instituto Ravenna por telefone e e-mail e também não foi atendida.
O R7 falou com Renan Santos, um dos fundadores e líderes do MBL, mas ele não se pronunciou sobre a denúncia.