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Ex-coordenador diz ter sido expulso do MBL com taco de beisebol

Felipe Lintz foi expulso pela direção do movimento em dezembro de 2016

São Paulo|Peu Araújo, do R7


O ex-coordenador nacional do MBL (Movimento Brasil Livre) Felipe Lintz afirma que foi expulso do escritório do grupo, onde também morava, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, sob ameaças de ser agredido com um taco de beisebol e com uma dívida de mais de R$ 2.000.

O estudante conta ainda que depois de ser acusado de traição pelos líderes do movimento, perdeu a faculdade de Direito que cursava, uma oportunidade de estágio e a chance de dar uma palestra no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos. “Eu lidei com pessoas que me tratavam da pior maneira”, ele afirma.

O jovem de 22 anos relata que foi convidado para uma reunião em que estavam Kim Kataguiri, Fernando Holiday, Pedro D'eyrot, além dos irmãos Alexandre e Renan Santos no dia 2 de dezembro, e teria sido ameaçado com o taco de beisebol e expulso da sede. “O Alexandre estava com o taco de beisebol em toda a reunião para me intimidar”, conta.

O ex-integrante do MBL conta que em um determinado momento da discussão criticou o ataque da liderança do grupo. “Eu falei que a conversa estava parecendo um tribunal de inquisição e imediatamente o Alexandre [Santos] pegou o taco de beisebol, arremessou com força no chão, se levantou junto com o Pedro D’Eyrot. Eles mandaram eu tomar naquele lugar, me mandaram sair da sala me chamando de traíra, de vagabundo. Não deixaram eu retirar as minhas coisas pessoais e me expulsaram sem um centavo no bolso para voltar a Mogi das Cruzes.”



Lintz, que largou o curso de Geografia na Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Rio Claro, ano passado, foi convidado por Kim Kataguiri a fazer parte do MBL. “Ele me mandou uma mensagem inbox no Facebook me convidando para o movimento, mas aquela coisa meio informal ainda”. Meses depois de sair de faculdade se mudou para a capital paulista para integrar o movimento. Com o cargo de coordenador nacional do MBL, Lintz tinha uma ajuda de custo de cerca de R$ 1.200 por mês e, junto com o atual vereador Fernando Holiday, dividia um cômodo no escritório do grupo.

Entrou, assim como Kim Kataguiri e Fernando Holiday, no curso de Direito do Instituto Brasiliense de Direito Público. A mensalidade era de R$ 715 e para custear todas as despesas lhe sobrava R$ 485. “Eu dormia muitas vezes com fome, dormia cedo para não ter que jantar”, ele conta.


“Eu não falava isso para os meus pais, porque eles iam me mandar de volta para Mogi e eu não queria. Eu acreditava fielmente no movimento, eu acreditava que eu poderia mudar um pouco o País”, acrescenta

O ex-coordenador nacional do MBL fala sobre como o movimento atua entre os jovens. “Eles usam as pessoas, aproveitam da boa fé delas, maltratam, utilizam o cartão de crédito e simplesmente dão um pé na bunda depois. Eles adotam o mesmo modus operandi que existe no PT, dentro do PSOL,” diz.


Acusação

O estudante afirma que os ataques da cúpula do MBL começaram depois de ele ser colocado como administrador de um grupo do WhatsApp com membros da cidade de Curitiba.

“No dia seguinte, o Renan [Santos] me mandou uma mensagem falando. ‘Felipe, que p**** é essa de você estar criando um grupo paralelo sem estar eu e o Alexandre?”

“Fui acusado de praticar esse racha dentro do MBL sendo que eu não criei grupo nenhum, não sabia de nada. O grupo foi criado de noite e na manhã seguinte me mandaram essa mensagem”, completa.

A dívida

Felipe Lintz conta que fez viagens para Curitiba, no Paraná, e Niterói, no Rio de Janeiro, como coordenador nacional do MBL e teve encontros estratégicos com deputados e participou de reuniões em nome do movimento.

No dia 2 de dezembro, quando foi expulso da sede, ficou com uma dívida de mais de R$ 2 mil. “Eu sacava dinheiro do limite do meu cheque especial e pagava a minha alimentação, Uber, coisas que eu precisava pagar em dinheiro.”

O ex-integrante do MBL afirma ainda que a dívida ainda está sendo paga por ele quase um ano depois. “Estou com essa dívida com os meus pais até hoje.”

Atualmente, Lintz está fazendo cursinho e arrumou emprego em uma farmácia de Mogi das Cruzes.

Planos frustrados

Escolhido como um dos 50 universitários mais influentes do Brasil, o estudante afirma que foi convidado para uma palestra no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e, depois de influência do MBL, teve o convite retirado. “Eles boicotaram também uma palestra minha no MIT. Eu estava tirando o passaporte.”


Ele conta que recebeu mensagens provocativas de Marcelo Castro, chefe de gabinete do Fernando Holiday, e apontado como pivô no caixa 2 da campanha do vereador. "Num momento de fúria eu respondi."

Ao ser provocado por Marcelo Castro, Lintz respondeu com um print de seu convite para o mesmo evento em que estaria Kim Kataguiri. O chefe de gabinete de Fernando Holiday mandou para ele, de forma privada, a seguinte mensagem: 

— Acho que nos próximos dias você vai ter uma surpresa. 

Vinte quatro horas depois, segundo Lintz, a surpresa, nada boa, chegou. "No dia seguinte veio uma resposta lá dos Estados Unidos dizendo que o meu convite tinha sido cancelado. Está bem clara a influência deles [MBL] no cancelamento da minha participação.”

A mensagem com o "desconvite" veio de Raphael Chiant no dia 13 de julho deste ano. 

Sem estágio


O ex-coordenador nacional do MBL afirma ainda que teve ainda uma vaga de emprego cancelada por influência do movimento. “Até um estágio que eu consegui pelo intermédio de um dos professores do IDP eles me tiraram. Eu recebi a notícia de que o Kim Kataguiri boicotou o meu trabalho. Não sei o que ele fez, mas me disseram que ele cortou a minha bolsa.”

Valores do grupo

Questionado, o MBL respondeu por meio de nota no início da madrugada desta quinta-feira (9) que "o rapaz em questão foi expulso do grupo por conduta ética reprovável e hoje busca cavar espaço na mídia atacando o MBL com inverdades".

"Tal postura não nos surpreende, visto que o jovem já é alvo de investigação por estelionato e formação de quadrilha por parte da Polícia Civil do Estado de Estado de São Paulo", prossegue o texto. "Por sorte, nos livramos dessa figura com rapidez."

Por telefone, na tarde desta quinta-feira (9), o advogado e coordenador do MBL Rubens Nunes reafirmou que Lintz "foi afastado, porque não tinha os valores que o movimento defende". Nunes afirma ainda que os valores gastos em viagens por Lintz foram pagos e que a atitude do ex-membro é "puro oportunismo."

O R7 solicitou ao MBL entrevista com Alexandre Santos, acusado da ameaça com taco de beisebol, mas não obteve resposta.

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