Falta de fraldas geriátricas gratuitas em postos prejudica famílias de SP
Famílias de pacientes afirmam que impacto é grande nas contas do mês com ausência do benefício. Pacote custa mais de R$ 50
São Paulo|Do R7
As fraldas geriátricas estão em falta nos postos de saúde desde pelo menos o início do ano, de acordo com familiares de pacientes com necessidades especiais e idosos. Após cadastro nas unidades, o benefício é gratuito. A falta de entrega impacta nas contas, já que um pacote de fralda custa, em média, mais de R$ 50.
Maria Bela Silva dos Santos mora no Jardim Conquista, na zona leste de São Paulo, com a filha Fernanda, de 25 anos, que é totalmente dependente da mãe porque tem a síndrome de Moebius, que provoca paralisia facial, além de autismo. Hoje o sustento das duas depende de doações.
"É um descaso. O pacote de fralda custa R$ 52 com 30 unidades e dá para uma semana. Tenho que colocar duas nela. Todo dia lavo roupa porque ela suja muito. Haja água, sabão e luz. Tudo vai dinheiro. É como cuidar de um bebê de 4 meses", conta Maria.
Ela afirma que cerca de 80 famílias da região de São Mateus estão na mesma situação. Segundo Maria, não há regularidade na entrega e, quando a fralda chega na AMA/UBS Jardim Conquista III, nem sempre é do tamanho que a filha precisa. "Já sugeriram de procurar advogado, mas, na pandemia, fica tudo fechado na prefeitura. Seria só pela internet, mas a burocracia é terrível", relata.
Maria gostaria de trabalhar, mas não tem condições, porque precisa cuidar da filha. Sobrevive com ajuda e alguns bicos que faz como faxineira e passando roupa. Desde que a filha nasceu, sonha em voltar para Bahia, mas seria inviável a viagem com Fernanda.
Falta generalizada
Mas não só na periferia o benefício está em falta. Os pais da médica Luciana Costacurta Redigolo de Castro têm demência e também precisam das fraldas geriátricas. Desde 2017, ela pega os pacotes na UBS Sigmund Freud, em Moema. No entanto, desde o início do ano, enfrenta problemas.
"Tenho pai e mãe inscritos no posto. A resposta que recebo é que não tem previsão. Será que alguém está usando esta fralda? A prefeitura tem que arcar com a responsabilidade porque não é só vacina. Vem um mês, depois não vem mais ou não tem o tamanho G. Faz pelo menos uns cinco meses que não pego", revela.
A médica vai com frequência à unidade perguntar, mas, segundo ela, ninguém se responsabiliza ou sabe explicar o motivo da falta de fraldas. Como cuida de dois idosos, a compra passou a pesar no orçamento.
"Posso ajudar, mas meus pais têm aposentadoria e fica pesado porque não é só fralda, tem leite, suplementos, remédios, tudo é pago e são dois idosos. É muita despesa e a situação está preocupante", enfatiza Luciana de Castro.
O outro lado
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que concluiu o processo de compra para aquisição de 5,6 milhões de fraldas para reabastecer as unidades. A pasta diz que recebe os itens gradualmente e que as fraldas são distribuídas de forma emergencial.
Desde 14 de junho, 452 UBSs foram abastecidas com 3.277.940 fraldas. São 778.770 tamanho M, 1.907.280 tamanho G e 591.890 tamanho XG, segundo a prefeitura.
A secretaria justificou ainda que, desde o final do ano passado, estava com dificuldades em comprar fraldas por causa da falta de matéria-prima no mercado, como gel e TNT.