Firmes e destemidos, diz PM sobre cães que ajudaram em Brumadinho
Animais treinados pelo Corpo de Bombeiros de SP trabalharam nas buscas por vítimas e sobreviventes após o rompimento de barragem, em Brumadinho
São Paulo|Cesar Sacheto, do R7
Em meio à angustia e dor pela falta de notícias ou a perda de familiares, moradores de Brumadinho (MG) — que emocionaram o país com gestos de agradecimento pelo trabalho de homens e mulheres, agentes dos mais diferentes órgãos públicos da sociedade — contaram com o trabalho incansável de cães treinados especialmente para operações de salvamento pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Durante os meses de buscas, unidades do Canil do 1º GB (Grupamento de Bombeiros) da Polícia Militar da capital paulista estiveram por três vezes em missões de resgate na cidade mineira e se apoiaram nos instintos dos animais — que passam por rigorosos critérios de recrutamento — para localizar sobreviventes e corpos de vítimas da tragédia desencadeada pelo rompimento da barragem da Vale.
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"O animal tem que ser curioso, brincalhão e gostar de brincadeiras. A gente faz tudo na diversão e não há nada forçado. Também não pode ter medo. Tem que ser destemido e firme. Algumas situações ele tem que passar por obstáculos", revela o 2º sargento Ricardo Oliveira, responsável por uma das equipes do Canil dos Bombeiros.
Para as ações em Brumadinho foram destacados quatro dos oito cães da corporação: Hope, de três anos; Vasty, de sete; e Cléo, de três anos (todas pastoras belgas malinois), além da labradora Sarah, de quatro anos.
O sargento Ricardo Oliveira explica que, inicialmente, foi necessária uma intervenção imediata, pois havia muitos corpos na superfície. Porém, com o passar do tempo, as equipes precisaram ficar atentas para localizar os corpos que foram soterrados pela lama de rejeitos. "Havia corpos intactos e segmentos [partes]", relembrou o bombeiro.
Em todas as missões, o Canil de São Paulo viajou para Minas Gerais com três homens e dois cães. Cada equipe, chamada de binômio, tinha um homem, o seu cão e outro bombeiro, batizado de "homem croqui" por ser o responsável pela coleta de dados e mapeamento do local a ser vistoriado.
O bombeiro enfatizou a satisfação obtida pelo trabalho e a forte emoção vivida pela equipe paulista durante a passagem por Brumadinho. Ele lembrou com carinho dos abraços, apertos de mãos e dos agradecimentos de moradores da cidade e outros municípios vizinhos.
"O cúmulo da emoção foi um senhor que nos chamou e mostrou um poema que ele tinha escrito para a gente. Foi aquela hora em que caiu um caminhão de ciscos nos olhos. Ele disse que tinha vários amigos e uma sobrinha que ainda não havia sido encontrada. Todos ficaram emocionados", contou.
Canil dos Bombeiros
Instalado no quartel do Parque da Independência, na zona sul da capital paulista, o Canil dos Bombeiros possui 12 boxes e, atualmente, conta com oito animais: quatro pastores belgas malinois, três labradores e uma pastora holandesa.
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Segundo o sargento Ricardo Oliveira, as raças preferenciais dos condutores são: pastor alemão, boiadeiro australiano e golden retriever. Segundo o militar, a corporação opta por animais de criadores que possuem cães com linhagem de trabalho. "É que fazem um trabalho desde o nascimento até o desmame voltado ao trabalho", frisou.
No entanto, ele demonstrou afinidade com um tipo de cão em especial. "Pessoalmente, prefiro o pastor belga malinois pelas qualidades dele: fiel, focado, ágil, inteligente, incansável e de rápida recuperação depois de uma busca longa", justificou o sargento Ricardo Oliveira, do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
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Veja fotos de cães dos Bombeiros de SP que estiveram em Brumadinho: