Funcionário teme que Metrô vire centro de propagação de covid-19
Fotos indicam álcool em gel fora do prazo de validade disponibilizado para metroviários. Metrô afirma que repôs o produto e pede utilização dos novos
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Álcool em gel vencido, equipamentos de proteção individual e materiais de higiene insuficientes, além de falta de diálogos e medidas contra a propagação da covid-19podem transformar o Metrô de São Paulo em um grande centro de propagação do novo coronavírus. É isso que acredita um funcionário membro da diretoria do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
"O Metrô, por ser um transporte público que atende quase 5 milhões de pessoas por dia, pode ser um centro de propagação caso medidas fortes não sejam tomadas. Incluir os trabalhadores que estão na linha de frente do contato com a população nas discussões das medidas de prevenção é imprescindível", disse o metroviário sob condição de anonimato.
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Por meio de nota, membros das Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 15-Prata, MAN Linhas (Manutenção de Linhas) e PIT (Pátio de Itaquera) afirmam que uma reunião marcada com o Metrô de São Paulo para esta segunda-feira (16) foi cancelada.
Segundo a nota, a reunião cancelada "trataria de forma conjunta, entre empresa e Cipas, as medidas preventivas necessárias, protocolos operacionais e administrativos referente a contenção, proliferação, contágio, quarentena e ações corretivas [contra o coronavírus]".
A nota coletiva das comissões também destaca que "se medidas eficazes não forem tomadas, o Metrô de São paulo será um dos principais disseminadores do vírus na região metropolitana mais populosa do país".
Segundo o diretor do sindicato, o Metrô de São Paulo começou a trocar álcool em gel vencido somente nesta segunda-feira (16), mas diversas estações seguem com o produto fora do prazo de validade.
Os membros de Cipas, ainda por nota, afirmam que "o Metrô apresentou uma nota com medidas paliativas sem prazo ou estratégia de cumprimento", e diz que "tais medidas não consideram as características laborativas dos funcionários operativos que estão em contato, direta ou indiretamente, com a população".
A nota pede a manutenção da reunião entre os membros das Cipas, ainda que de forma remota. Os integrantes das comissões apontam que a nova reunião deve ser reagendada com urgência, e solicita a participação da secretária de saúde do sindicato "para que medidas eficazes sejam tomadas".
Outro lado
Segundo o Metrô de São Paulo, no final de fevereiro disponibilizou uma nova remessa de álcool em gel para os funcionários da operação, manutenção e outros empregados que mantém contato com o público.
"A empresa segue uma rígida política de controle de fiscalização aos produtos comprados para garantir sua procedência e faz o reabastecimento do estoque de álcool periodicamente e sempre que necessário", disse o Metrô.
A empresa afirma que o novo lote disponibilizado foi fabricado em 24 de fevereiro deste ano e tem validade por 24 meses. "A incidência de produtos vencidos certamente é de remessas antigas que já foram repostas e o Metrô vai reforçar aos funcionários a necessidade de utilizar os produtos novos".
O Metrô afirma que adotou uma série de medidas para preservar os funcionários dos riscos de contágio do novo coronavírus, e está promovendo campanhas de orientação aos passageiros e empregados.
O Metrô de São Paulo foi questionado pela reportagem sobre o cancelamento da reunião com membros das Cipas. Sem citar esta reunião específica, o Metrô disse que "reuniões e treinamentos presenciais foram suspensos e vacinas contra a gripe serão custeadas pela empresa para funcionários com menos de 55 anos".
A empresa disse também que "para agentes de segurança e de estação que fazem atendimento em primeiros-socorros, foi reforçada a necessidade do uso de máscara, luvas e óculos de proteção". Afirmou ainda que "foi intensificada a higienização de trens e estações, que já ocorria diariamente, bem como a reposição maior de sabonetes nos sanitários".