Grupo de rap quer mostrar que “a quebrada é boa” e já conseguiu paralisar o tráfico de drogas
Monarckas vai gravar DVD durante apresentação no Sapopemba neste domingo (17)
São Paulo|Do R7*
Na ativa desde 2004, o grupo Monarckas — cujo nome é inspirado pelo poema "Brasil seja Monarca do Mundo", do poeta japonês Daisaku Ikeda — já dividiu palco com nomes de peso da música brasileira, como Emicida, Leci Brandão, Nação Zumbi e Criolo, e chegou até a paralisar o tráfico por algumas horas durante um evento cultural.
“Não adianta falar que o espaço é público, isso não rola. Existe um poder paralelo”, afirma Ronne Cruz, um dos fundadores do Monarckas. Segundo ele, foi em meio aos preparativos de uma edição do evento “A Quebrada é Boa” — promovido pelo grupo em regiões periféricas da Zona Leste de São Paulo com o objetivo de promover a cultura hip-hop — que ocorreu o contato com os chefes do tráfico locais.
— Por três a quatro horas, o tráfico ficou parado, e os caras ficaram com a gente assistindo. Deram ordem para não vender nada enquanto rolassem as atividades. É uma gota no oceano, mas mostra o poder que tem a cultura.
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De acordo com Ronne, o Monarckas promove pelo menos duas edições do “A Quebrada é Boa” por ano. A iniciativa visa proporcionar um local para os artistas da região se apresentarem e participar das atividades promovidas, como oficinas de DJ e grafite.
— Assim nós vamos dialogando com a comunidade. A ideia é colocar o evento na rua mesmo, em locais esquecidos, onde as pessoas não têm muito acesso à cultura.
Preconceito e repressão
Ativo no hip-hop desde a década de 1990, Ronne diz que a cultura conquistou o respeito da sociedade ao longo dos anos, e hoje é mais frequentemente reconhecida como arte. No entanto, ele afirma que os artistas ainda são marcados por estereótipos, e ainda enfrentam problemas com a polícia.
— Teve uma vez que nós estávamos voltando de um show no Clube do Rap, em Diadema, quando passamos no meio de uma troca de tiros no Jardim Elba, perto de Santo André. Os policiais estavam à paisana e já chegaram atirando no nosso carro. A gente parou e eles mandaram a gente descer e deitar no chão. O policial colocou a 12 na minha cabeça e engatilhou, pronto para atirar. Por sorte, apareceu uma mulher na janela e viu a gente.
Luz e Câmera
Neste domingo, os rappers da zona leste de São Paulo se apresentam na Fábrica de Cultura do Sapopemba. O evento “Luz, Câmera... Monarckas em ação!” será gravado, e as imagens vão integrar um documentário sobre a cultura hip-hop na região que está sendo produzido pelo grupo.
Formado pelo vocalista Ronne Cruz e pelo DJ Dablyo (Vagner Rogerio), o show do Monarckas marca também a estreia do mais novo integrante do grupo, o paulistano Leo (Leonardo Thomaz) — que, segundo Ronne, representa “a nova geração” do rap da região.
Dentre os convidados que participarão do evento está o Coro Sinfônico de Sapopemba — formado por pais e mães da zona leste — que vai apresentar pela primeira vez ao lado de um grupo de rap. Também participam grupos de streetdance da região, além de exposições de rádios antigos (boombox) e bicicletas personalizadas (LowBikes)
Serviço: Luz, Câmera... Monarckas em ação!
Data: Domingo, 17/7
Horário: A partir das 15h
Local: Fabrica de Cultura Sapopemba (Rua Augustin Luberti, 300 — Fazenda da Juta — São Paulo)
Preço: Entrada gratuita
*Por Luis Jourdain
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