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Grupo Petrópolis fala sobre pioneirismo no cultivo de lúpulo no Brasil

Cervejaria é a primeira do país a comercializar a planta cultivada no Centro Cervejeiro da Serra, em Teresópolis, no Rio de Janeiro

São Paulo|Renato Fontes, do R7 Conteúdo e Marca

Selo de Origem foi conquistado pela empresa cervejeira em dezembro de 2020
Selo de Origem foi conquistado pela empresa cervejeira em dezembro de 2020 Selo de Origem foi conquistado pela empresa cervejeira em dezembro de 2020

O Grupo Petrópolis é a primeira empresa cervejeira do Brasil a cultivar lúpulo em território nacional e a obter o termo de conformidade emitido com o aval do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além da nota fiscal de origem das plantas.

A empresa, que é a terceira maior cervejaria do país e dona das marcas Itaipava, Crystal, Petra, entre outras, comemora mais essa conquista histórica. “O mais saboroso é ter chegado em primeiro de forma natural, orgânica e com esforços. Mostra nosso compromisso com o estudo, de fazer isso dar certo”, afirma Diego Gomes, diretor industrial do Grupo Petrópolis.

Com investimento inicial de R$ 2,5 milhões feito em 2018, o projeto do Centro Cervejeiro da Serra tem o objetivo de desenvolver produtos, insumos e treinamentos técnicos para atender à alta demanda do mercado nacional, disseminar conhecimento e democratizar o acesso do lúpulo aos pequenos produtores cervejeiros.

Foi de lá que saíram em 2020 as duas mil unidades da long neck da cerveja Black Princess Braza Hops, o primeiro produto da cervejaria que utiliza um lúpulo brasileiro plantado em seu “quintal”.

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Esse resultado é fruto da parceria entre o Centro Cervejeiro e o Viveiro Ninkasi. Também localizada em Teresópolis, a empresa é especializada na produção e venda de mudas de lúpulo e presta consultoria para o manejo do cultivo da flor. O Viveiro Ninkasi tem como meta ser referência no desenvolvimento do lúpulo nacional.

Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerveja, ficando atrás da China e dos Estados Unidos, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). O país produz 14 bilhões de litros de cerveja por ano, de acordo com o Mapa. Essa produção representa cerca de 2% do PIB, com faturamento anual de R$ 100 bilhões.

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O brasileiro tem o espírito de ser cervejeiro

(Diego Gomes, diretor industrial)

O lúpulo da marca pode ser adquirido pelos produtores cervejeiros pela loja virtual Bom de Beer, que alia educação cervejeira com a venda de dezenas de produtos online. As variedades Cascade Argentino, Triple Pearl e Comet são comercializadas o pacote de 100g. O lote tem validade de dois anos, com entrega nacional.

Centro Cervejeiro da Serra e o cultivo do lúpulo com Selo de Origem da Planta

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Centro Cervejeiro da Serra está localizado em Teresópolis/RJ
Centro Cervejeiro da Serra está localizado em Teresópolis/RJ Centro Cervejeiro da Serra está localizado em Teresópolis/RJ

O Centro Cervejeiro da Serra foi inaugurado em 2017 pelo Grupo Petrópolis em Teresópolis, município que fica região serrana do Rio de Janeiro. Desde o início, o projeto tem como foco o aperfeiçoamento de seus colaboradores e a elaboração de cervejas experimentais. “Uma das intenções do Centro Cervejeiro é fazer daqui um centro de pesquisa para produzir cerveja com seriedade e ciência”, explica Diego Gomes.

Graças a essa capacitação profissional e aos estudos científicos que a empresa cervejeira iniciou o projeto pioneiro do cultivo de lúpulo em solo brasileiro em 2018.

Fase 1 - Primeiro plantio

O primeiro plantio ocorreu em março de 2018 na Fazenda São Francisco. Na chamada Fase 1, foram plantadas aproximadamente 700 mudas de 12 espécies diferentes de lúpulo vindas do exterior, todas com selo de origem. “Por meio desse processo, não só rompemos a barreira da ciência mostrando que é possível produzir lúpulo, bem como já estamos colhendo e vendendo cerveja 100% nacional”, afirma o executivo da marca.

O sucesso do plantio, cultivo e colheita atraiu microcervejarias, fomentou o turismo e a ciência cervejeira na região serrana do Rio de Janeiro e caiu no gosto dos cervejeiros. “O lúpulo já era um projeto irreversível em nossa vida. Não dava mais pra voltar pra trás. Era questão de honra ir para a fase dois”, recorda Gomes.

Fase 2 - Aperfeiçoamento

A Fase 2 foi um período de avaliações. Das 12 espécies de lúpulo plantadas no primeiro ciclo, apenas cinco apresentaram altos índices de aroma e amargor nos testes e foram selecionadas para seguirem linhagem. Aproximadamente dois mil pés foram plantados em 2019. A colheita aconteceu em março de 2020.

Para essa safra, a empresa cervejeira investiu em tecnologia e mão de obra própria. Os cones de lúpulo foram colhidos, secados, manuseados, embalados e armazenados a dois graus celsius para serem consumidos em até 12 meses na própria fazenda. “Deixamos de ser um grupo cervejeiro para ser referência em como plantar, colher, tratar, secar e manusear o lúpulo 100% nacional”, celebra o diretor industrial do GP.

Fase 3 - Selo de Origem da Planta

Atualmente o projeto está na Fase 3 com mais de cinco mil pés plantados, e continua em expansão na fazenda de Teresópolis. Todas as cultivares plantadas terão o Selo de Origem para comercialização conquistado em dezembro de 2020. “O Selo de Origem é crucial para trazer referência, contribuindo ainda mais para um mercado que é considerado tradicional”, diz o executivo.

Para alcançar esse resultado, a empresa investiu em técnicas de agricultura para melhoria do crescimento vegetativo da planta, como correção de solo, controle de nutrição de cada pé e adubação preparada com os rejeitos da cevada.

Fases 4 e 5 - A maior plantação de lúpulo do Brasil

As Fases 4 e 5 já estão engatilhadas. De acordo com as projeções do Grupo Petrópolis, se somadas todas as etapas, a plantação deve fechar o ano de 2021 com mais de 20 mil plantas em dez hectares, sendo a maior plantação de lúpulo do país. Com isso, a expectativa é de colher entre 10 e 15 mil toneladas de lúpulo verde e ter de 2,5 a 4,5 toneladas da flor seca entre dezembro deste ano e janeiro de 2022.

Para dar conta da demanda, a empresa já busca alternativas nacionais e internacionais de maquinários para otimizar seus processos e ainda contratar mão de obra. “No agro ficamos grandes, mas na industrialização precisaremos de ajuda”, afirma o diretor industrial do Grupo Petrópolis.

O que vem por aí?

Diego Gomes é diretor industrial do Grupo Petrópolis
Diego Gomes é diretor industrial do Grupo Petrópolis Diego Gomes é diretor industrial do Grupo Petrópolis

Quebra de paradigmas

Com o pioneirismo do projeto de cultivo de lúpulo em solo nacional, o Grupo Petrópolis espera romper a barreira de que no Brasil não é possível plantar a espécie. Segundo a empresa cervejeira, o país domina o cultivo de cevada, mas 99,9% do lúpulo é importado. "O centro cervejeiro está aqui para mostrar que a gente pode fazer diferente ao plantar esse lúpulo”, declara Diego Gomes.

Vencer desafios

De acordo com o diretor industrial do Grupo Petrópolis, um dos desafios da marca está em alcançar a estabilidade do lúpulo ideal cultivado. Pois, segundo ele, a companhia procura nas próximas colheitas ter o mesmo cumprimento de ondas sensoriais e de amargor dos lúpulos já cultivados para garantir que aquele produto sempre esteja estável. Desse modo, o cervejeiro ficará mais confortável para utilizar o produto mediante a aplicação e fidelização do processo, gerando sempre demanda.

“Outro grande desafio, além de vários outros, está inserido na engenharia de colheita e manuseio nacionalizada, porque temos de buscar parceiros externos para todo esse processo ser realizado em grande escala”, projeta o executivo.

Intercâmbio com produtores mundiais

Apesar do projeto ser ousado e apresentar excelentes resultados, o Grupo Petrópolis reconhece a necessidade de absorver ainda conhecimento de grandes produtores mundiais, como os Estados Unidos e Alemanha, que tem tradição centenária no cultivo da flor. “Se tem países e culturas que trabalham isso há mais de 100 anos e sobrevivem por décadas, esses caras têm muito a nos ensinar”, avalia Gomes.

Para isso, o Grupo mantém parcerias com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) por meio de intercâmbio de geneticistas e estagiários nos campos da fazenda para estudos e pesquisas com a planta. "Poderão dar continuidade a esses estudos e cada vez mais trazer autossuficiência tecnológica”, explica o diretor industrial do GP.

Autossuficiência?

O planejamento do Grupo Petrópolis prevê o uso de aproximadamente 420 toneladas de lúpulo até o fim deste ano. A grande maioria é importada de países como Alemanha, de onde vem as espécies Harllertau, e Estados Unidos, especialistas no cultivo da Cascade e Amarillo para a criação das IPAs. A intenção de longo prazo da empresa é atingir a autossuficiência, mas há um longo caminho a ser percorrido.

Por enquanto, Diego Gomes explica que a quantidade de lúpulo produzida pelo GP em solo nacional é apenas para produção de cervejas especiais. “Cerca de duas a três mil garrafas de lotes sazonais para o Bom de Beer e também lotes particulares para eventos e festivais cervejeiros. Esse é o nosso foco”, finaliza o diretor industrial do Grupo Petrópolis.

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