Helicópteros, iates e carros: como crime lavou dinheiro em postos e motéis de SP
Operação desta quinta também descobriu que postos ligados ao alvo pagavam menos de 0,1% dos impostos devidos
São Paulo|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
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Uma nova operação conjunta do MPSP (Ministério Público de São Paulo), da Receita Federal e da PMSP (Polícia Militar de São Paulo) desarticulou nesta quinta-feira (25) um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis na capital paulista e outras cidades do estado, controlados por pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo as investigações, os alvos compravam imóveis de luxo, helicópteros, carros e terrenos para a construção de motéis, tentando ocultar a origem ilícita dos recursos.
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Durante as fiscalizações, foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, todos em nome dos investigados. Apesar de operacionais, essas empresas apresentavam indícios de lavagem de dinheiro.
“Entre 2020 e 2024, movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais. No mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais (2,5% da movimentação) e distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos”, informou a Receita Federal.
Bens identificados
De acordo com o Fisco, os bens identificados representam apenas cerca de 10% do patrimônio real dos envolvidos, entre eles:
- Um iate de 23 metros, inicialmente comprado por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada;
- Dois helicópteros, sendo um avaliado em até R$ 35 milhões;
- Um Lamborghini Urus adquirido por empresa patrimonial;
- Terrenos de diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Imposto de Renda
A Receita também identificou um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda: declarações antigas e recentes eram alteradas no mesmo dia, incluindo altos valores na ficha de bens e direitos sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de impostos.
O método configurava uma tentativa de justificar patrimônio adquirido com recursos não declarados e sem tributação.
“Com esse artifício, membros da família do principal alvo aumentaram seu patrimônio informado de forma irregular em cerca de R$ 120 milhões (valores atualizados)”, acrescentou o Fisco.
Postos de gasolina
O principal alvo da operação está ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
A estrutura foi identificada a partir da concentração de empresas sob responsabilidade de um único prestador de serviço, que formalmente controlava cerca de 400 postos — sendo 200 vinculados diretamente ao alvo e seus associados.
A Receita Federal identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — o equivalente a 0,1% do total movimentado, percentual muito abaixo da média do setor.
Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
Perguntas e respostas
Qual foi o objetivo da operação realizada pelo MPSP, Receita Federal e PMSP?
A operação teve como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis na capital paulista, controlados por pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
O que foi descoberto durante as investigações?
As investigações revelaram que os alvos do esquema compravam imóveis de luxo, helicópteros, carros e terrenos para a construção de motéis, tentando ocultar a origem ilícita dos recursos.
Quantas empresas e estabelecimentos estavam envolvidos no esquema?
Foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, todos em nome dos investigados, que apresentavam indícios de lavagem de dinheiro.
Qual foi o volume de movimentação financeira e a quantidade de tributos recolhidos?
Entre 2020 e 2024, as empresas movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais. Durante o mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais, o que representa apenas 2,5% da movimentação.
O que a Receita Federal identificou sobre o patrimônio dos envolvidos?
A Receita Federal identificou que os bens representavam apenas cerca de 10% do patrimônio real dos envolvidos e que houve uma tentativa de justificar patrimônio adquirido com recursos não declarados.
Qual foi a irregularidade encontrada nas declarações de Imposto de Renda?
Foi identificado um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda, onde declarações antigas e recentes eram alteradas no mesmo dia, incluindo altos valores na ficha de bens e direitos sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de impostos.
Qual foi o impacto da operação em relação aos postos de combustíveis?
A operação revelou que o principal alvo estava ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, com 267 postos ainda ativos que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, equivalente a 0,1% do total movimentado.
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