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Helicópteros, iates e carros: como crime lavou dinheiro em postos e motéis de SP

Operação desta quinta também descobriu que postos ligados ao alvo pagavam menos de 0,1% dos impostos devidos

São Paulo|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Desarticulação de esquema de lavagem de dinheiro em postos de combustíveis em SP ligado ao PCC.
  • Investigação revelou compra de bens de luxo e movimentação de R$ 1 bilhão com emissão insuficiente de notas fiscais.
  • Postos de combustíveis identificados pagaram menos de 0,1% dos impostos devidos entre 2020 e 2024.
  • Estrutura complexa de empresas controladas por um único prestador de serviços foi descoberta, envolvendo cerca de 400 postos.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Policiais também encontraram dinheiro em espécie em endereços ligados aos alvos Divulgação/Receita Federal - 25.9.2025

Uma nova operação conjunta do MPSP (Ministério Público de São Paulo), da Receita Federal e da PMSP (Polícia Militar de São Paulo) desarticulou nesta quinta-feira (25) um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis na capital paulista e outras cidades do estado, controlados por pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo as investigações, os alvos compravam imóveis de luxo, helicópteros, carros e terrenos para a construção de motéis, tentando ocultar a origem ilícita dos recursos.


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Durante as fiscalizações, foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, todos em nome dos investigados. Apesar de operacionais, essas empresas apresentavam indícios de lavagem de dinheiro.

“Entre 2020 e 2024, movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais. No mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais (2,5% da movimentação) e distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos”, informou a Receita Federal.


Bens identificados

De acordo com o Fisco, os bens identificados representam apenas cerca de 10% do patrimônio real dos envolvidos, entre eles:

  • Um iate de 23 metros, inicialmente comprado por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada;
  • Dois helicópteros, sendo um avaliado em até R$ 35 milhões;
  • Um Lamborghini Urus adquirido por empresa patrimonial;
  • Terrenos de diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.

Imposto de Renda

A Receita também identificou um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda: declarações antigas e recentes eram alteradas no mesmo dia, incluindo altos valores na ficha de bens e direitos sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de impostos.


O método configurava uma tentativa de justificar patrimônio adquirido com recursos não declarados e sem tributação.

“Com esse artifício, membros da família do principal alvo aumentaram seu patrimônio informado de forma irregular em cerca de R$ 120 milhões (valores atualizados)”, acrescentou o Fisco.


Postos de gasolina

O principal alvo da operação está ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

A estrutura foi identificada a partir da concentração de empresas sob responsabilidade de um único prestador de serviço, que formalmente controlava cerca de 400 postos — sendo 200 vinculados diretamente ao alvo e seus associados.

A Receita Federal identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — o equivalente a 0,1% do total movimentado, percentual muito abaixo da média do setor.

Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.

Perguntas e respostas

Qual foi o objetivo da operação realizada pelo MPSP, Receita Federal e PMSP?

A operação teve como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis na capital paulista, controlados por pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

O que foi descoberto durante as investigações?

As investigações revelaram que os alvos do esquema compravam imóveis de luxo, helicópteros, carros e terrenos para a construção de motéis, tentando ocultar a origem ilícita dos recursos.

Quantas empresas e estabelecimentos estavam envolvidos no esquema?

Foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, todos em nome dos investigados, que apresentavam indícios de lavagem de dinheiro.

Qual foi o volume de movimentação financeira e a quantidade de tributos recolhidos?

Entre 2020 e 2024, as empresas movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais. Durante o mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais, o que representa apenas 2,5% da movimentação.

O que a Receita Federal identificou sobre o patrimônio dos envolvidos?

A Receita Federal identificou que os bens representavam apenas cerca de 10% do patrimônio real dos envolvidos e que houve uma tentativa de justificar patrimônio adquirido com recursos não declarados.

Qual foi a irregularidade encontrada nas declarações de Imposto de Renda?

Foi identificado um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda, onde declarações antigas e recentes eram alteradas no mesmo dia, incluindo altos valores na ficha de bens e direitos sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de impostos.

Qual foi o impacto da operação em relação aos postos de combustíveis?

A operação revelou que o principal alvo estava ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, com 267 postos ainda ativos que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, equivalente a 0,1% do total movimentado.

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