Isolamento social ajudou a barrar explosão de casos de dengue em SP
Virologista explica que menor deslocamento entre as pessoas teve influência na queda. Em 2021, casos voltaram a subir na cidade
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
O isolamento social, medida de contenção ao avanço do novo coronavírus, também colaborou para barrar o aumento dos casos de dengue na cidade de São Paulo em 2020. No ano passado, o município registrou 2.015 casos. Este ano, foram 3.560 apenas até 4 de maio, data da última atualização da prefeitura paulistana.
Apesar do aumento em 2021, os dados ainda indicam um freio em relação a 2019, quando o número de casos foi o mais alto dos últimos cinco anos: 16.966. A explosão se deve à aparição de uma nova variante em 2018.
Em 2020, a expectativa era de um crescimento ainda maior, barrado, no entanto, pelas medidas de distanciamento na pandemia de covid-19.
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Maurício Nogueira, virologista e ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia), comenta que o isolamento em si não é o responsável direto, mas colaborou com a baixa quantidade dos casos no ano passado.
“O isolamento ajudou enquanto forma de manter as pessoas em casa. Não por evitar aglomeração, mas porque a movimentação das pessoas faria o vírus se disseminar em diversas regiões”, explica o professor da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto). Foi a diminuição do deslocamento de pessoas entre diferentes regiões do país que preveniu uma epidemia de dengue, conclui o virologista.
Os casos voltaram a subir em 2021 porque, segundo Nogueira, no período entre as festas de fim de ano e o carnaval as pessoas voltaram a se deslocar e se expuseram a mais locais de foco do vírus, no intervalo de mais alta concentração dos casos de dengue – entre dezembro e junho, com as chuvas mais frequentes, há uma maior incidência do mosquito Aedes aegypti.
Com nova variante, casos devem subir
Maurício Nogueira aponta que o Brasil deve passar, até 2023, por uma nova epidemia de dengue.
“Os casos vão subir, especialmente a dengue [tipo] 2, devido a uma nova variante que entrou no Brasil três anos atrás e é a quarta variante de dengue 2 que entra no Brasil. A epidemia que vimos em 2019, agora vai disseminar em 21 e 22, e começar a gerar casos Brasil afora”, afirma Nogueira.
Segundo o virologista, parte da alta de casos já aconteceu em algumas regiões, como o Centro-Oeste, o interior de São Paulo e algumas cidades de Minas Gerais.
Nos próximos dois anos, à medida que as pessoas voltarem a se deslocar após a pandemia de covid-19, o virologista afirma que o vírus deverá se disseminar pelo país inteiro: “será a quarta epidemia de dengue 2 no país”.