Itinerante, Cracolândia volta à rua de onde foi expulsa há três meses
Fluxo retorna à alameda Dino Bueno, na Luz, após prefeito anunciar seu fim
São Paulo|Gustavo Basso, do R7*
A alameda Dino Bueno, de onde centenas de usuários de drogas e moradores de rua foram expulsos pela megaoperação policial do dia 21 de maio, voltou, há cerca de duas semanas, a ser a “casa” da Cracolândia. Barracas se acumulam ao longo da via e da vizinha praça Júlio Prestes.
Logo após a megaoperação, o prefeito João Doria chegou a afirmar que a Cracolândia havia acabado.
“Não há possibilidade de voltar a Cracolândia na circunstância que havia anteriormente nessa região da Luz”, disse o tucano.
Ao longo destes três meses, em diferentes locais, o fluxo — como é conhecido o ponto onde mais se concentram os usuários, moradores de rua e traficantes — não havia ainda a fechado vias públicas.
Com a operação policial, que prendeu 53 pessoas e apreendeu 12 kg de crack, os usuários se instalaram na praça Princesa Isabel. De lá, o fluxo mudou-se para uma alameda Cleveland, conhecida como Praça Cleveland, supostamente sob orientação de traficantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Agora, a concentração de usuários está a um quarteirão de onde ficava na época da megaoperação.
A reportagem do R7 esteve na praça Júlio Prestes em quatro noites da última semana — terça-feira (22), quinta-feira (24), sexta-feira (25) e sábado (26) — e também nas tardes de segunda-feira (28) e terça-feira (29) e constatou o movimento. Na segunda-feira (28), houve uma limpeza na alemeda Dino Bueno. Centenas de pessoas se reuniram na praça, esperando a liberação e, logo em seguida, voltaram à via, instalando barracas e lonas ao longo do trecho de pouco mais de 100 metros.
Questionada na manhã de terça-feira (26), a assessoria de comunicação da gestão João Doria afirmou, por telefone, que o deslocamento do fluxo de volta à alameda Dino Bueno foi provocado por uma reforma na calçada da chamada praça Cleveland. De acordo com a Prefeitura, o pavimento da praça, que era de tijolos, foi usado por usuários para agredir policiais e guardas-civis. A praça agora está fechada para a concretagem do piso, que deve ser concluída até o final da semana.
Quanto à presença das barracas, a assessoria de imprensa da Prefeitura afirma que a GCM está evitando conflito com usuários, mas que, futuramente, voltará a controlar a montagem de tendas. A Prefeitura afirmou ainda que a palavra do prefeito João Doria se mantém, já que, segundo a administração, não há mais um shopping de drogas à céu aberto na alameda Dino Bueno.
A reportagem do R7 solicitou à Prefeitura que enviasse o posicionamento por e-mail, mas a administração não emitiu nota sobre o caso.
*Colaborou Peu Araújo, do R7.
Veja mais notícias de São Paulo