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 "Já tava com a boca roxa", diz mãe de menina que morreu em escola 

Mãe alega omissão da escola no atendimento emergencial prestado à filha. Secretaria de Educação abre processo administrativo para apurar o caso

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

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Emily Victória dos Santos, de 10 anos, morreu dentro de escola de São Paulo
Emily Victória dos Santos, de 10 anos, morreu dentro de escola de São Paulo

A técnica de enfermagem Analice Araújo Machado, de 37 anos, vive dias de angustia e dor desde a terça-feira, 21 de agosto, quando recebeu uma ligação da funcionária responsável pela perua escolar que trazia a filha Emily Victória dos Santos, de 10 anos, todos os dias da escola. “Ela disse que não conseguiria trazer minha filha da escola porque estava desmaiada”, diz.

Às 17h51, Analice afirma ter recebido a ligação da coordenação da Escola Estadual Jardim Ipê, na zona sul de São Paulo para informar que a filha havia desmaiado e que não poderiam chamar o resgate sem a presença da mãe. “Pedi para chamarem o resgate porque eu já estava chegando. Desliguei o telefone e corri para a escola.” A mãe acredita que houve omissão de socorre por parte da escola.


Segundo Analice, a garota havia estava deitada no sofá, esperando o resgate. “Minha filha estava com a boca roxa, com a pele amarela e com as mãos geladas”, relatou. “Ajoelhei e comecei a gritar, mas me insistiam que eu tinha que esperar o resgate”, diz. A mãe de Emily diz que chegou na escola às 18h10 e somente às 18h30 conseguiu retirar a filha da escola para levá-la a um hospital.

“Parece que a preocupação deles era eu parar de gritar. Me disseram que a Secretaria de Educação não permitia utilizar um carro próprio para levar minha filha”, diz Analice. Somente às 18h30, quando a outra filha de Analice chegou acompanhada da sobrinha da técnica de enfermagem, as três teriam colocado Emily em um carro para ser levada até o hospital.


No hospital do Campo Limpo, às 18h50, o médico afirmou à mãe de Emily que a menina havia chegado para atendimento já sem vida. “Se ela tivesse sido socorrida poderia ter sido diferente. Tinha um posto de saúde ao lado. O diretor falou que ele tinha poucos funcionários para leva-la ao hospital. Parece que ele se preocupou mais em tirar as outras crianças de perto dela. Não queria que outras mães passassem pelo que estou passando.”

Emily morreu no dia 21 de agosto
Emily morreu no dia 21 de agosto

No hospital


Há cerca de dois anos, Emily já havia desmaiado e, segundo a mãe, o médico desconfiou de um quadro de epilepsia. Há um ano e quatro meses, a menina esperava por uma consulta em com um neurologista que estava marcada para o próximo dia 13.

“Invadi o hospital e quando vi o médico com um papel na mão, pedi informações. Os médicos responderam que ‘infelizmente não havia o que fazer porque a garota havia chegado sem vida’”, diz a mãe. “Quero que a justiça seja feita.”


Boletim de ocorrência

Analice afirma que registrou o boletim de ocorrência no dia 27 de agosto. “Pensei que precisava reagir para lutar.” A mãe de Emily diz ainda que há algum tempo o diretor a chamou na escola para dizer que a menina passava mal durante as aulas de educação física. A mãe, por sua vez, disse que pediu então que Emily não participasse mais nas aulas.

A mãe relata, porém, que no dia do velório a professora disse à outra filha de Analice que Emily não teria feito as aulas de educação física. Mas, segundo a mãe, há relatos de alunos que a viram na quadra esportiva.

O R7 entrou em contato com a Escola Estadual Jardim Ipê, para procurar professores e diretores, porém foi orientada a buscar a Secretaria de Educação. A pasta informou que, de acordo, com a dirigente de Ensino da Diretoria de Ensino Sul 2, Maria Ligia Fernandes, foi aberto um processo administrativo para apurar os fatos.

Segundo o órgão, o atendimento emergencial foi prestado. “A diretor de ensino, diante da alegação da mãe de que houve possível omissão de socorro, está tomando todas as providências para tornar o caso muito transparente”, disse a dirigente à RecordTV.

De acordo com a SSP, o caso está sendo investigado pelo 37º DP (Campo Limpo), por meio de inquérito policial instaurado. Testemunhas estão sendo ouvidas e a autoridade policial solicitou autorização judicial para ter acesso ao prontuário médico da vítima.

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