Jovem diz que motorista de app usou 'gás paralisante' e que pulou de carro para fugir
Relato é da polícia. Estudante de 18 anos ficou ferida e foi internada. Suspeito prestou depoimento e negou versão da jovem
São Paulo|Rodrigo Balbino e Isabelle Gandolphi, da Agência Record
Uma jovem de 18 anos ficou ferida após ter pulado de um carro em movimento, nas proximidades das ruas Nanuque e Carlos Weber, no Alto da Lapa, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (14).
A suspeita é que Giovana Galvão Rebane tenha sido alvo de uma tentativa de "golpe do cheiro", no qual uma substância à base de éter é liberada dopar a vítima. A prática vem sendo denunciada desde o ano passado por outras passageiras, mas prática ainda não ficou comprovada.
De acordo com informações de uma fonte da Polícia Militar que não quis se identificar, a jovem estava dentro de um veículo de aplicativo quando o motorista colocou uma máscara e borrifou um gás.
Após perceber que estava perdendo os sentidos, a estudante pulou do automóvel no meio da via. Giovana foi socorrida e encaminhada ao Hospital Albert Sabin, onde permanece internada.
O condutor do veículo fugiu do local, mas foi localizado e detido na cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
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Em depoimento à Polícia Civil, o motorista contou que aceitou a corrida para deixar as duas meninas. Como a solicitação constava com duas paradas, ele deixou a primeira passageira em seu destino, uma rua que não se lembra o nome.
Quando a jovem saiu do carro, o condutor iniciou o trajeto para o endereço final. Entretanto, após percorrer duas quadras, a segunda passageira, Giovana, cancelou a corrida pelo aplicativo antes de terminar.
Rafael percebeu que a jovem estava com uma aparência "estranha" e perguntou se ela estava passando mal. Ela não respondeu e saiu do veículo, correndo até uma loja.
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O suspeito afirmou que passou em baixa velocidade pelo comércio para verificar se a passageira estava bem e, após não localizá-la, ele foi embora.
Após realizar mais uma corrida, a esposa de Rafael contou a ele que policiais militares estavam em sua casa e solicitaram que ele comparecesse ao local.
Já na residência, os oficiais o informaram que seu carro provavelmente havia sido clonado e questionaram o motorista se algo diferente havia acontecido durante o dia.
O homem comentou sobre o incidente e relatou que uma de suas passageiras havia descido correndo do carro, mas que não conversou com nenhuma das duas mulheres durante a corrida. Rafael também afirmou que não usa nenhum tipo de substância aerosol em seu automóvel.
Na delegacia, o motorista percebeu que a sua conta no aplicativo do Uber havia sido bloqueada. O suspeito está sendo investigado por lesão corporal
Ainda segundo informações da PM, no carro não foi localizada nenhuma substância que comprove o fato, mas o veículo vai passar por perícia.
Empresa
Em nota, a Uber disse que os relatos feitos pelo aplicativo e informados no boletim de ocorrência apresentam contradições com o que está sendo noticiado pela imprensa e isso só poderá ser elucidado pelas investigações. "A denúncia feita diretamente ao suporte do app informa que a usuária pediu que o motorista parasse o carro no meio da viagem, o que foi feito e assim ela desceu do veículo em segurança e não menciona nenhum dano físico", ressalta a empresa.
Veja a nota da empresa:
Até onde temos conhecimento, todas as denúncias sobre o chamado "golpe do cheiro" relativas a viagens no aplicativo da Uber que já tiveram a investigação concluída pela Polícia Civil, foram arquivadas, já que, de acordo com as investigações, não houve a identificação de elementos que comprovem o uso de quaisquer substâncias com o propósito de dopagem ou com o indiciamento do suposto motorista agressor.
Sobre o caso específico, vale ressaltar que os relatos feitos pelo aplicativo e informados no boletim de ocorrência apresentam contradições com o que está sendo noticiado pela imprensa e isso só poderá ser elucidado pelas investigações. A denúncia feita diretamente ao suporte do app informa que a usuária pediu que o motorista parasse o carro no meio da viagem, o que foi feito e assim ela desceu do veículo em segurança e não menciona nenhum dano físico. Além disso, o relato não menciona uso de máscara pelo motorista parceiro, mas sim que ele teria usado as mãos para tapar o nariz e evitar aspirar o suposto gás.
A Uber entende o cenário de insegurança das mulheres e, inclusive participou de uma mesa de discussão sobre o tema com especialistas, debatendo o aumento da sensação de insegurança das mulheres criada pela reverberação de denúncias, muitas surgidas nas redes sociais e até repercutidas pela imprensa sem o acompanhamento sobre a condução dos inquéritos e a ausência de elementos de prática de crime.
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