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Justiça condena homens que tatuaram testa de jovem no ABC

Rapazes foram condenados por lesão corporal. Para advogado do Condepe, o crime deveria ser enquadrado na Lei de Tortura

São Paulo|Fabíola Perez com Agência Record

Maycon Reis e Ronildo Moreira estão presos desde junho do ano passado
Maycon Reis e Ronildo Moreira estão presos desde junho do ano passado Maycon Reis e Ronildo Moreira estão presos desde junho do ano passado

Dois homens que tatuaram a testa de um adolescente de 17 anos em São Bernardo do Campo com a frase “Eu sou ladrão e vacilão” foram condenados pelos crimes de lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal. “Foi uma lição para todos”, afirma Vânia Aparecida Rosa Rocha, 35 anos, mãe do jovem.

A decisão foi proferida pelo juiz da 5ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo na sexta-feira (16). Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 28 anos, recebeu pena de três anos de reclusão em regime inicial semiaberto pelo crime de lesão corporal gravíssima e de quatro meses e 15 dias de detenção em regime inicial semiaberto pelo crime de constrangimento ilegal.

O outro homem, que também teria participado do crime com Maycon, Ronildo Moreira de Araújo, 30 anos, foi condenado a três anos e seis meses de reclusão em regime inicial fechado pelo crime de lesão corporal gravíssima e de cinco meses e sete dias de detenção em regime inicial semiaberto pelo crime de constrangimento ilegal.

Os acusados não terão direito de recorrer em liberdade e estão presos em prisão provisória desde junho do ano passado. “O caso foi exemplar pela pronta prisão dos envolvidos”, afirma Ariel de Castro Alves, advogado e coordenador da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo (Condepe). “Que esse processo possa inibir outros casos em que se tenta fazer justiça com as próprias mãos.”

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Jovem que teve a testa tatuada em pensão de São Bernardo
Jovem que teve a testa tatuada em pensão de São Bernardo Jovem que teve a testa tatuada em pensão de São Bernardo

O caso

O adolescente foi acusado de tentar roubar uma bicicleta em uma pensão em São Bernardo em junho de 2017. Segundo Castro Alves, que acompanhou o jovem desde o início das acusações, ele afirma que, sob efeito de drogas e álcool, teria mexido na bicicleta.

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Com isso, os dois homens acusados de o torturar teriam amarrado o jovem e tatuado os dizeres “Eu sou ladrão e vacilão” em sua testa. Além disso, teriam também cortado o cabelo e obrigado o rapaz a gravar um vídeo confessando o crime.

A mãe do garoto afirma que o ato chocou o filho, que hoje está internado em uma clínica de reabilitação e faz cirurgias plásticas para a remoção da frase. “Teria sido mais digno se os rapazes tivessem chamado uma viatura de polícia e não torturado meu filho”, diz. “Isso mexeu com a cabeça e com o psicológico dele.”

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Condenação

Para o advogado do Condepe, a Lei de Tortura deveria ter sido aplicada. “A lei pode ser aplicada quando ocorre o constrangimento, emprego de violência ou grave ameaça com fim de obter informação e confissão da vítima” afirma. “Ele foi obrigado a gravar um vídeo para confessar um crime que teria feito. Isso é submissão a castigo pessoal”, afirma.

O advogado afirma que o caso tem características para ser enquadrado como crime de tortura. Se fosse enquadrado sob essa tipificação, a pena mínima a ser cumprida para sair do regime fechado para o semi aberto é seria de 2/5 da pena. No caso de lesão corporal é de 1/6 da pena.

Procurado pela reportagem, o juiz da 5ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo não respondeu ao R7 até o fechamento dessa matéria.

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