Justiça de MG decide manter presos policiais de SP ligados a tiroteio
Troca de tiros resultou na morte de um agente da Polícia Civil mineira e apreensão de R$ 14 milhões em notas falsas, no fim de semana
São Paulo|Plínio Aguiar e Ana Maria Guidi*, do R7
A Justiça de Minas Gerais decidiu manter presos parte dos policiais civis do Estado de São Paulo, que se envolveram em uma troca de tiros com policiais civis mineiros, na última sexta-feira (19), em Juiz de Fora (MG).
De acordo com a decisão, assinada pelo juiz Paulo Tristão Machado Júnior durante a audiência de custódia, realizada no domingo (21), converte a prisão em flagrante para preventiva de quatro policiais civis paulistas (dois delegados e dois investigadores), um empresário paulista e um comerciante que mora em Coronel Fabriciano (MG).
De acordo com os depoimentos na audiência de custódia, os policiais civis paulistas teriam fotografado, na manhã de 19 outubro, policiais mineiros estacionados em frente ao hotel em que estavam hospedados. Essa versão contestaria a informação dada pela Policia Civil Mineira de que os agentes estavam no local após uma denúncia de pessoas armadas estacionamento de um hospital.
Ainda de acordo com o depoimento, os policiais mineiros estariam escoltando o empresário dono da quantia em dinheiro apreendida. O documento afirma que esses policiais foram informados sobre um outro indivíduo não identificado que estaria no estacionamento no momento do acontecimento, mas não foi detido pelos agentes – fato que reforça que os agentes não estavam no local para atender uma ocorrência policial.
Quatro policiais civis mineiros participaram da ocorrência. O agente Rodrigo Francisco morreu em meio a troca de tiros e os outros três policiais respondem em liberdade “por terem assumido o compromisso de comparecer à audiência”. A promotoria de justiça informou que só ao termino do inquérito policial analisará a necessidade de prisão preventiva dos três policiais.
O caso
No último domingo, uma troca de tiros envolvendo agentes de segurança de São Paulo e de Minas Gerais resultou na morte de um policial mineiro e deixou um empresário ferido em estado grave. A ação terminou, ainda, com a apreensão de R$ 14 milhões em notas falsas — dinheiro este que seria usado para a realização de troca dos reais por dólares verdadeiros.
A principal linha de investigação da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária mineira é de que os agentes davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre dois empresários.
Em consequência da ação, o magistrado argumentou um ponto exposto pelo Ministério Público durante a audiência: “tratam-se de crimes dolosos punidos com penas privativas de liberdade superior a 4 anos, e também há prova da materialidade e indícios de autoria.
Também indicou em sua decisão que além dos indícios que vinculam os suspeitos ao homicídio e às tentativas de assassinato, as condutas dos policiais também indicam outros crimes. “Não apenas lavagem de dinheiro, estelionato e prevaricação, como também sonegação fiscal, quadrilha armada e organização criminosa”.
Dito isso, Tristão considerou também a “permanência de suas prisões é recomendável e necessária para a apuração e manutenção da ordem pública, e da aplicação da Lei Penal”.
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A confusão começou depois que os agentes paulistas, que faziam um "bico" no local, detectaram que as notas de reais eram falsas. No despacho, o juiz afirma que "todos os envolvidos tinham ciência da ilicitude da 'negociação' e a falsidade das notas". Segundo o documento, os policiais "estavam a serviço de criminosos" e, portanto, realizavam uma espécie de "escolta VIP".
*Estagiária do Portal R7, sob supervisão de Raphael Hakime