Justiça decreta prisão de PMs suspeitos de execução em carro
Corregedoria abre inquérito contra agentes após vídeo mostrar ao menos 15 disparos contra suspeitos em perseguição na zona sul
São Paulo|Do R7
O Tribunal de Justiça Militar decretou a prisão de dois policiais militares suspeitos de executar dois homens em um veículo na zona sul de São Paulo. A Corregedoria da instituição instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) contra os agentes.
Os policiais foram filmados por uma testemunha atirando diversas vezes contra dois suspeitos dentro de um veículo que havia batido eem um poste, após uma perseguição. "Os caras tá metendo chumbo nos caras", diz uma testemunha na gravação. Durante o patrulhamento, os agentes desconfiaram do veículo, mas o carro não teria parado. A perseguição atingiu ainda o carro de uma mulher que voltava do trabalho.
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As imagens divulgadas contradizem a versão dos policiais de que as vítimas teriam sido mortas em confronto. Câmeras de segurança, o laudo da perícia e duas armas com a numeração raspada devem ajudar a esclarecer o caso.
Com isso, o Tribunal de Justiça Militar decidiu por determinar a prisão preventiva dos dois PMs. O juiz responsável pelo caso afirmou que os fatos são gravíssimos.
Os suspeitos foram assassinados com mais de 20 disparos cada antes mesmos de saírem do veículo. Na versão dos policiais, não teria havido disparo. No pedido de prisão do TJM, o juiz descreve que cada policial atirou pelo menos 15 vezes, causando 27 perfurações em um suspeito e 23 em outro.
De acordo com o ouvidor das polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, os PMs alegaram que os suspeitos estavam com arma em punho, mas, as imagens revelam outra cena. "Uma atitude dessas não corrobora o que prega a Polícia Militar. As imagens são claras e denotam que não existem razões justas para os disparos", disse.
"A boa abordagem é quando o policial leva o bandido para a delegacia. Aos policiais, cabe deter e levar à delegacia para o sistema de justiça operar. Na medida que fogem a esse preceito, torna-se uma ilegalidade", complementou o ouvidor das polícias, Elizeu Soares Lopes.