Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Licitação dos ônibus de SP entra em vigor após seis anos de batalhas

Assinatura de contratos ocorre em meio à pressão do SindMotoristas, que, em greve, paralisou 23 terminais da capital paulista na sexta-feira (6)

São Paulo|Guilherme Padin e Plínio Aguiar, do R7

Covas começou a assinatura de 32 contratos de operação do sistema de ônibus
Covas começou a assinatura de 32 contratos de operação do sistema de ônibus

Após seis anos de tentativas para concluir a licitação dos sistemas de ônibus de São Paulo, a prefeitura da capital paulista cedeu em algumas condições e Bruno Covas iniciou, na sexta-feira (6), a assinatura dos 32 contratos de operação do novo sistema de ônibus na cidade.

A assinatura ocorre em meio a um momento delicado com a greve dos motoristas de ônibus, realizada pelo SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), que paralisou a atividade de 23 terminais na capital paulista e fez com que milhões de usuários procurassem rotas alternativas no Metrô e na CPTM, por exemplo, que reforçaram a operação para receber a demanda gerada pela manifestação, que teve seu encerramento ao fim da tarde da sexta.

Leia também

Um dos pontos que compuseram a paralisação dos motoristas foi o não pagamento e Participação nos Lucros e Resultados, o qual Covas negou a relação da Prefeitura com o problema relatado. Sobre o corte nos postos de trabalho, outro tema alvo dos protestos, o prefeito assegurou que a orientação passada às concessionárias é de que as alterações sejam feitas preservando os atuais funcionários.

Por outro lado, contestações na Justiça fizeram com que o tempo de validade dos novos contratos fosse reduzido dos 20 anos, como era inicialmente, para 15 anos. Discutida desde 2013, a licitação passou por contestações nos últimos anos e, agora assinada, deve ser publicada no Diário Oficial neste sábado (7).


Batalhas

Licitação do sistema de ônibus na capital paulista se arrasta desde 2013
Licitação do sistema de ônibus na capital paulista se arrasta desde 2013

A licitação do sistema de ônibus se arrasta desde 2013, quando os contratos anteriores venceram. Desde então, a administração pública renova os acordos emergenciais. Por irregularidades, o Tribunal de Contas do Município (TCM) adiou a licitação, repetidas vezes, até 2017, quando liberou o edital proposto pela administração pública, desde que essa alterasse diversos pontos. Um ano depois, o órgão publicou novo edital, mas sofreu revés, novamente. O TCM apontou, na ocasião, mais de 50 supostas irregularidades na concorrência. Estabeleceu, então, uma série de exigências – entre elas, limite de 9,5% para a Taxa de Retorno aos Empresários.


No fim de 2018, os editais foram relançados pela prefeitura. A licitação de ônibus, no entanto, ficou R$ 3 bilhões mais cara, isso porque, em abril, quando a gestão João Doria lançou o edital, o valor era de R$ 68 bilhões, e no mês de dezembro, o valor subiu para R$ 71 bilhões. Neste ano, uma das empresas que disputavam a licitação acionou a Justiça, sob a alegação de novas irregularidades. O Judiciário suspendeu os contratos e, meses depois, derrubou a própria liminar. Dessa forma, o certame foi retomado após ajustes do TCM.

Veja mais!Presos tentam fugir de penitenciária de Presidente Venceslau


O processo licitatório, que se arrastou por seis anos, mostrou diversas vezes embate entre os poderes. Segundo o Judiciário, o principal problema era a inconstitucionalidade do período de contrato – a administração pública exigia 20 anos, mas o órgão determinou a redução para 15 anos. A justificativa do Judiciário foi de que a alteração do prazo não poderia ter sido feita por meio de emenda parlamentar, pois se trata de matéria exclusiva do Executivo. A administração pública, sob a gestão Covas, cedeu ao Judiciário e diminuiu o prazo dos contratos – questão chave que sofria embate – no momento em que se viu refém também dos motoristas de ônibus, que ganharam as reivindicações propostas durante a greve, ocorrida na sexta-feira (6).

Edital

Algumas propostas do contrato licitatório afetam diretamente os passageiros. O número de ônibus na cidade, por exemplo, diminuirá de 13.603 para 12.667, a quantidade de linhas será reduzida de 1.336 para 1.187 e o número de assentos ofertados, segundo o documento, aumentará de 1,03 milhão para 1,114 milhão.

Com a nova rede, segundo a Prefeitura, a cobertura das vias atendidas irá dos 4.680 quilômetros atuais para 5.100 quilômetros, e a área atendida por ônibus será 9% maior.

As mudanças terão início um ano após a assinatura dos novos contratos, e acontecerão de maneira gradativa, podendo levar até três anos para suas conclusões.

No entanto, a maior mudança se refere a troca do sistema atual de ônibus, que possui duas modalidades para um com três categorias. O primeiro tipo é local, prestado por cooperativas de vans em bairros. O segundo tipo, o sistema estrutural, é prestado por grandes ônibus nas principais vias e percorre distâncias maiores entre regiões distintas.

Confira!'Remonta à escravatura', diz delegado que investiga chibatadas

O edital pretende criar, então, um terceiro sistema – que funcione como espécie de intermediário entre o local e o estrutural. A ideia é que a nova tática, chamada de articulação regional, colete passageiros em áreas mais cheias em bairros e leve essa população até pontos com ônibus grandes que façam trajetos maiores. Prevê, ainda, ônibus com ar-condicionado, Wi-Fi, entrada USB e também motores menos poluentes.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.