Menino torturado pelos pais em Itu (SP) segue sob tutela do estado quase um ano após a prisão deles
Criança tinha 11 anos quando pulou o muro da casa e pediu socorro. Pais jogavam líquido de bateria corrosivo na cabeça dele
São Paulo|Isabelle Amaral, do R7
O menino que ficou conhecido por "Ituzinho", torturado pelos pais por uma década, segue sob tutela do estado, em um orfanato, com o acompanhamento da Secretaria Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social. A informação foi confirmada pela Prefeitura de Itu, no interior de São Paulo, ao R7.
As denúncias sobre a tortura ganharam repercussão em maio do ano passado, quando, sem aguentar mais apanhar e receber golpes com talheres quentes e com líquido de bateria corrosivo, o menino pulou o muro da casa e pediu ajuda aos vizinhos. Veja a reportagem completa abaixo.
Uma denúncia foi feita ao Conselho Tutelar, que acionou a Guarda Municipal. A criança foi encontrada na casa de parentes, onde relatou aos guardas detalhes sobre a tortura.
Com a repercussão do caso, os pais dele, identificados como Juliano Ribeiro, de 32 anos, e Maria Angélica Gomes, de 27, fugiram para Minas Gerais, na cidade de Uberlândia, mas foram presos lá. O casal chegou a ser ameaçado até mesmo pelo tribunal do crime.
Na última quinta-feira (4), quase um ano após o ocorrido, o Ministério Público de São Paulo informou que a Justiça do estado condenou o casal a mais de 30 anos de prisão.
Ameaças e tortura
Juliano e Maria Angélica torturam o filho por uma década. Ituzinho disse aos agentes que não podia pegar nada na geladeira nem fazer coisa alguma dentro de casa que já apanhava.
Mais do que tapas ou queimaduras, os pais do menino ainda ameaçavam cortar os dedos dele caso não ajudasse nas tarefas de casa ou nos serviços de pedreiro do pai.
Os condenados colocavam meias na boca da criança no momento das agressões para que os vizinhos não ouvissem os gritos. Com diversas cicatrizes pelo corpo, Ituzinho andava pelas ruas do bairro onde morava com camisa de mangas longas.
O caso do menino já havia sido denunciado ao Conselho Tutelar em outras duas oportunidades, mas ele teria sido instruído pelo pai a mentir, afirmando que não havia sido agredido, apesar das diversas marcas no corpo.