São Paulo Mesmo com restrições, foliões improvisam e saem às ruas em SP

Mesmo com restrições, foliões improvisam e saem às ruas em SP

Fantasiados, grupos se reuniram para festa. Blocos estão proibidos e desfiles de escolas de samba foram adiados para abril

Agência Estado
Mesmo com restrições, foliões se reúnem em blocos de Carnaval em São Paulo

Mesmo com restrições, foliões se reúnem em blocos de Carnaval em São Paulo

FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO/ 28.02.2022

O Carnaval que vem de dentro. Apesar de adiado para abril ou restrito a eventos particulares (em razão da pandemia de Covid-19), o espírito da folia resistiu no coração e na disposição de quem decidiu ir para a rua fantasiado em São Paulo.

Na Vila Madalena, os blocos oficiais não puderam sair. Apesar disso, muitos bares fizeram do Carnaval o tema deste feriado. Não era difícil encontrar lugares decorados com confetes, serpentinas ou máscaras de Pierrot. Sambas e marchinhas foram a trilha sonora neste domingo (27) na região.

A professora Melissa do Sibio, de 45 anos, andava pela movimentada rua Aspicuelta de pilota de avião. "Em fevereiro do ano passado eu estava internada com Covid, com 50% do pulmão comprometido", disse. "Quando estava no hospital, só pensava quanto tinha sido feliz no último Carnaval. Hoje, saí fantasiada para representar meu renascimento", completou.

O casal Ketlly e Rodrigo Dourado também foi para a rua. "O espírito do Carnaval não depende de aglomeração. A gente ama Carnaval e decidiu sair para mostrar o Carnaval que está dentro da gente", afirmou Ketlly.

A vendedora Cristina Ciaco, de 48 anos, seguiu a mesma linha. Ela saiu de casa com adereços para "manter o espírito". "Mesmo com respeito e cuidados, não vamos deixar morrer esse espírito", disse.

Para outras pessoas foi simplesmente inadmissível chegar ao fim do mês de fevereiro sem vestir uma fantasia. "Acordei pensando na injustiça que é passar outro ano sem brincar o Carnaval. Decidi, pelo menos, usar um adereço para não esquecer que o Carnaval é agora", afirmou o empresário Rodrigo Benedecto, de 41 anos – e de marinheiro.

Apesar de usar apenas umas orelhinhas de coelho, o também empresário Silvio Vieiro, de 43 anos, defendeu quem sai de casa fantasiado. "É o Carnaval da resiliência. A pandemia fez todos nós mais resilientes. Por isso, estamos aqui comemorando a data", disse. Indagado por que não deixou a folia para abril, o empresário explicou que mora fora do Brasil. "Essa era a minha única possibilidade de brincar o Carnaval. Não quero perder outro ano", completou.

Um sentimento parecido mobilizou um grupo de maranhenses que veio para São Paulo justamente para brincar o Carnaval. Apesar de decepcionados com o fraco movimento de foliões nas ruas, eles compraram ingressos para um evento fechado, no Jockey Club. "Compramos para todos os dias. A gente não podia perder a viagem", afirmou Guilherme Diniz, de 33 anos.

Na praça Olavo Bilac, na Barra Funda, teve Carnaval como se não houvesse amanhã nem restrições. Às 16h, a praça estava cheia, com direito a banda de instrumentos de sopro e muita gente fantasiada. Ao menos 250 pessoas ocupavam a praça no fim da tarde.

Tom político

E, apesar da folia, os participantes insistiram no tom político da festa. "Este Carnaval da Olavo Bilac é o Carnaval de protesto contra o Carnaval privatizado dos lugares fechados. O Carnaval tem de ser na rua e para todos", disse um folião que pediu para não ser identificado.

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