Mesmo com vacinação, Prefeitura de SP diz que não há tempo para organizar desfiles de blocos
Administração alega que logística requer planejamento anterior e que pandemia prejudicou a realização do evento em 2022
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7
Mesmo com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a queda no número de casos e internações, a Prefeitura de São Paulo mantém a recomendação de que não haja desfiles dos blocos de rua na capital e alega que não há tempo hábil para a organização.
Já o desfile das escolas de samba do Grupo Especial no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital, acontece nos dias 22 e 23, depois de ter sido adiado e remarcado por causa da pandemia.
No domingo (24), haverá uma festa de Carnaval aberta ao público no Vale do Anhangabaú, no centro, das 14h às 22h. Estão previstas apresentações de Acadêmicos do Baixo Augusta, com Simoninha e convidados, Escola de Samba Vai-Vai, Bloco Forrozin, com Mariana Aydar, e Bloco Lua Vai DJ Set.
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Para participar, é preciso se cadastrar no site do festival e apresentar o comprovante de vacinação. O ingresso é gratuito.
Segundo a prefeitura, eventos como o festival são particulares, em áreas privadas, e cabe aos organizadores a infraestrutura, a segurança e o respeito aos protocolos vigentes.
"Há que se diferenciar a complexidade de organização de um bloco de rua e de uma festa particular com temática carnavalesca. Fundamental esclarecer que não há qualquer impedimento de manifestações culturais ou de livre expressão. Há, tão somente, um zelo do poder público em não manter um evento que, tradicionalmente, atrai milhões de pessoas e, justamente por isso, precisa de meses de antecedência para ser planejado por toda a complexidade logística de estruturas de apoio, rotas e de segurança para os participantes", informou em nota.
A decisão havia sido anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e, na ocasião, foi baseada em dados técnicos sobre a pandemia apresentados pela Vigilância Sanitária.
A prefeitura ressaltou que não haveria tempo suficiente para organizar os desfiles de blocos de rua. Apesar disso, entidades organizadoras do Carnaval se manifestaram a favor do retorno dos blocos no fim do mês.
"Eventual liberação de blocos de Carnaval deveria acontecer não nos moldes do manifesto apresentado ontem por entidades, direcionado àquele grupo, mas de maneira isonômica e aberta a todos os possíveis interessados, como ditam as regras da administração pública. Tal planejamento foi prejudicado por motivos alheios à administração e que foi o foco principal do município nos últimos dois anos: o controle da pandemia", afirmou a prefeitura.
Manifesto
Assinado pela Abasp (Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo), Arrastão dos Blocos, Comissão Feminina do Carnaval de Rua, Fórum dos Blocos, Ocupa SP Carnaval de Rua e Ubcresp (União dos Blocos do Carnaval de Rua do Estado de São Paulo), o manifesto torna pública a intenção dos organizadores de fazer os desfiles de rua em abril.
"Não podemos aceitar qualquer violência contra o Carnaval. Não podemos aceitar ameaças, censuras, punições ou castrações – físicas ou jurídicas – contra aquilo que é nosso por direito: bater nossos tambores em praça pública. Governos deveriam apoiar a cultura e o Carnaval popular. Desgovernos podem dificultar. Mas todos devem saber: quem faz e decide sobre a festa é o povo", afirma o manifesto.
No documento, intitulado Manifesta Carnaval de Rua com Diversidade e Democracia contra a Violência Policial e contra a Censura, os organizadores dizem não ver motivos para o cancelamento da festa de rua.
"Nos dias atuais, o cenário sanitário parece promissor e estável. Festivais, campeonatos esportivos, eventos religiosos e de negócios estão acontecendo normalmente. O Sambódromo já está com a festa marcada e não há justificativa para proibir Carnaval de rua livre, diverso e democrático neste abril de 2022. Nossa festa vai tomar forma e vai acontecer nas ruas, esquinas, vielas e praças da nossa cidade, como sempre aconteceu", escreveram.