Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Metade dos homicídios do país não é resolvida, aponta pesquisa

Índice de elucidação avança de 32% para 44%, segundo o Instituto Sou da Paz. Disparidade entre estados ainda é elevada

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

Pesquisa revela que mais da metade dos estados não esclarece homicídios no país
Pesquisa revela que mais da metade dos estados não esclarece homicídios no país

Mais da metade dos homicídios no Brasil não é elucidada. O dado faz parte de uma pesquisa do Instituto Sou da Paz, divulgada nesta quarta-feira (13), com informações sobre assassinatos que ocorreram entre 2018 e foram esclarecidos até 2019. A quarta edição do levantamento mostra que 17 estados esclareceram 44% dos assassinatos, mas ainda há uma elevada disparidade. Enquanto Mato Grosso do Sul soluciona 89% dos crimes, o Paraná resolve 12%.

Leia também

"Para as famílias, é um luto e sofrimento ampliado, já que elas ficam na expectativa de esclarecimentos e punições que nunca ocorrerão", afirma Ariel de Castro Alves, advogado especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC-SP. "Esses dados são sobre homicídios, os crimes mais graves previstos em nossa legislação. Imaginemos o que ocorre com relação aos demais."

A pesquisa mostrou que Mato Grosso do Sul foi o estado que mais investigou homicídios que ocorreram em 2018, com um percentual de esclarecimento de 89%, seguido por Santa Catarina, com 83%, e pelo Distrito Federal, com 81%.

"A pesquisa demonstra um avanço; há um aumento gradual no índice de esclarecimento de homicídios no Brasil, que subiu de 32% na última edição para 44% nesta. Essa melhora reflete a maior capacidade de informar os dados e o aumento gradual do esclarecimento de homicídios pelos estados", afirma Carolina Ricardo, diretora do instituto. 


Já o estado com a menor taxa de esclarecimento de homicídios foi o Paraná, com 12%. Contudo, o instituto considera que o dado representa um avanço em relação à transparência e à qualidade da informação oferecidas no levantamento anterior, quando o estado enviou dados incompletos ao instituto, impossibilitando o cálculo. O Rio de Janeiro, que ficou em último no ranking em 2020, aumentou de 11% para 14% os esclarecimentos, seguido da Bahia, com índices que foram de 4%, na segunda edição, para 22%.

"Ainda que tenhamos muito a avançar, as realidades dos estados são muito diferentes. Alguns, com indicadores muito baixos, não têm estrutura de polícia civil, enquanto outros têm estruturas muito boas", diz Carolina.


Para a diretora do instituto, os estados com o melhor índice ou que apresentam melhora gradual possuem um sistema de gestão baseado em dados e resultados, com acompanhamento periódico e mensal dos indicadores de elucidação, e priorizam a informação, com uma estrutura mais bem preparada.

Já nos piores estados a diretora do instituto afirma que há uma estrutura muito precária, com casos muito complexos, muitas vezes com envolvimento do crime organizado, e falta de investimento na polícia de forma adequada. 


Alves atribui a elevada disparidade à ausência de um sistema único de segurança pública. "Apesar de previsto em lei, ele não foi implementado", diz Alves. "As polícias civis, investigativas, estão cada vez mais desvalorizadas e desestruturadas nos estados, com falta de recursos humanos e estrutura de trabalho."

São Paulo está em um patamar intermediário de elucidação desse tipo de crime e, segundo Carolina, já foi referência nessas investigações, no começo dos anos 2000, com o DHPP. Mas, segundo ela, o indicador varia de acordo com a prioridade do governo. "No DHPP de São Paulo, as investigações dos homicídios demoram, em média, mais de dois anos e, na maioria dos casos, nada concluem."

Os dados para o levantamento foram obtidos em informações fornecidas pelos Ministérios Públicos e pelos Tribunais de Justiça dos 26 estados e do Distrito Federal sobre homicídios dolosos (com a intenção de matar) que geraram ações penais.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.