Metrô arrecada R$ 5,3 milhões com sucatas e peças antigas em SP
Foram três leilões em 2021. Lotes reuniram trilhos, rodas de trem, equipamentos eletrônicos obsoletos e até carros velhos
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7
O Metrô de São Paulo arrecadou, em 2021, R$ 5.379.223,00 em três leilões de sucatas e equipamentos já sem utilidade para a empresa, os chamados inservíveis. Entre os materiais vendidos estão trilhos, rodas de trem, discos de freio, eletrônicos e carros antigos da frota.
Segundo a companhia, o resultado obtido possibilita "manter o equilíbrio financeiro da empresa, garantir a qualidade do serviço prestado e tomar iniciativas que valorizem a sustentabilidade".
Os leilões ocorreram virtualmente por causa da pandemia de Covid-19 em abril, outubro e dezembro. No total, foram vendidas 384 toneladas de trilhos de ferro, 303 toneladas de aço-carbono, 23 toneladas de eixos de trens (material ferroso), 8 toneladas de alumínio, 18 toneladas de bilhetes de papel fragmentados, além de 24 veículos.
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O chefe do Departamento de Suprimentos e Inspeção do Metrô de São Paulo, Reinaldo Nappo, explica que os materiais são reunidos em lotes. A cada leilão cerca de 40 a 50 lotes são comercializados, até mesmo restos de obras, como o aço-carbono e o alumínio.
"Os inservíveis são materiais que eram utilizados em uma aplicação específica, em sistemas de trem e metrô, e se tornaram obsoletos para a companhia, mas podem ser usados por outras empresas ou até outros metrôs. A gama de materiais é extensa. Não servem para o Metrô de São Paulo, mas estão em bom estado e têm valor de mercado para outras empresas", explica Reinaldo Nappo.
Entre as razões para a não utilização dos objetos que vão a leilão estão a modernização de sistemas, a falta de peças no mercado para conserto, a alteração de tecnologia e a obsolescência, como ocorre com grande parte dos eletrônicos.
As sucatas também são vendidas no mesmo leilão. Elas sofreram desgaste com o uso, como trilhos, motores, discos de freio e rodas de trens, mas ainda são nobres como matéria-prima devido à qualidade do produto.
"Os compradores são sucateiros, empresas que trabalham com sucata ou com instrumentos de medição. Já vendemos também ao Metrô do Rio e de Brasília. Temos uma gerência que monitora os materiais e busca empresas específicas no mercado que possam ter interesse nos equipamentos", conta o chefe do departamento.
Uma das maiores receitas vem da venda de carros antigos da frota. Hoje o Metrô usa veículos de locação por ser mais vantajoso economicamente. Foram vendidas picapes cabine dupla e F1000 cabine simples, furgões que antes eram utilizados para o transporte de funcionários, mas também de equipamentos.
"São carros no final da vida, mas que são leiloados e trazem um retorno incrível para o Metrô porque são arrematados por colecionadores de carros antigos por um valor acima do de mercado", revela Reinaldo Nappo.
Receita
O recurso obtido com os leilões é classificado como receita não tarifária porque não vem do pagamento das passagens. "É uma receita acessória muito bem-vinda. O valor entra para a empresa e o recurso é empregado no que estiver mais deficitário no momento. Não é usado para algo específico, mas pode ser utilizado para substituição de peças e equipamentos, em outras áreas ou para compra de novos materiais", detalha Reinaldo Nappo.
De acordo com o Metrô, a arrecadação é empregada no aperfeiçoamento dos processos de manutenção de sistemas, trens, estações e equipamentos e compra de peças de reposição e insumos.
Leilões
Para participarem dos leilões, as empresas interessadas são credenciadas após a realização de um processo técnico. O objetivo do procedimento, segundo o Metrô, "é somente habilitar possíveis compradores que tenham condições de reciclar ou destinar o que for adquirido sem pôr em risco o meio ambiente".
Na prática, qualquer um pode participar do leilão, seja pessoa física, seja jurídica. Como a venda é virtual, os possíveis compradores podem visitar os pátios de Itaquera, na zona leste, ou Jabaquara, na zona sul, para verificar de perto os lotes antes do evento.
"O Metrô só realiza um leilão se tem um retorno previsto de ao menos R$ 1 milhão. Senão, juntamos os materiais para mais lotes. Nossa previsão é ter, em média, a mesma receita do ano passado, entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões, com leilões em 2022", revela Reinaldo Nappo.
O Metrô prevê um novo leilão em março ou abril. Este será o primeiro do ano. A data será publicada no Diário Oficial dias antes.
Veja alguns produtos e equipamentos que já foram a leilão: