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Motoristas de app dizem levar multa mesmo com documentos em ordem

Prefeitura reconhece o erro em uma caso de autuação de motorista da Uber. Representante da classe diz que existe uma "falha sistêmica" na fiscalização

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Motoristas de aplicativos reclamam de multas indevidas
Motoristas de aplicativos reclamam de multas indevidas

No último dia 22 de agosto, por volta das 16h, o motorista de transportes de aplicativos Cláudio Miranda Camargo, 44 anos, levou uma passageira para o terminal rodoviário da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Assim que ela desembarcou, agentes do DTP (Departamento de Transportes Públicos) pediram para fiscalizar o veículo.

Cláudio afirma que permitiu a fiscalização, pois tinha certeza que estava tudo em ordem e ele estava trabalhando de acordo com todas exigências para trabalhar com aplicativos. No entanto, após a rápida checagem, os agentes pediram para o motorista descer do carro porque o veículo não constava apto no sistema da prefeitura.

Veja mais: Uber adere regra da prefeitura e usa adesivos para identificar motoristas

Com quase 8 mil corridas realizadas pela Uber e quase o mesmo tanto na 99, Cláudio estava sendo apontado como um motorista irregular. Segundo o motorista, os agentes não explicaram nada, apenas disseram que o carro precisaria ser levado.


"O carro foi guinchado e em cerca de 10 minutos fiquei a pé, com a multa e ponto, não falaram nada mais", afirma o motorista. Ele ficou sem saber os motivos da irregularidade.

Desde a publicação da Resolução 21, em março deste ano, motoristas de transportes de aplicativos na cidade de São Paulo afirmam sofrer perseguições e abusos de autoridades que aplicam multas e apreensões dos veículos indiscriminadamente.


A resolução da Prefeitura de São Paulo determina a necessidade de os motoristas obterem o Conduapp (Cadastro Municipal de Condutores) e o CSVApp (Certificado de Segurança dos Veículos de Aplicativo) junto à administração municipal.

Com os dois registros, a situação cadastral do motorista teria que aparecer como regular no sistema da prefeitura que os fiscais acessam. Mas a falha neste sistema, segundo os motoristas, causam diversas autuações de formas abusivas.


A reportagem questionou a Prefeitura de São Paulo sobre o motivo da autuação de Cláudio. Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Fazenda disse que errou.

"Houve um problema na alimentação de dados do sistema do Certificado de Segurança do Veículo de Aplicativo (CSVAPP), fazendo com que o comprovante de vistoria não fosse identificado", disse a prefeitura, por meio de nota (íntegra abaixo).

A secretaria afirmou que "o problema já foi corrigido e o sistema tem sido abastecido automaticamente, eliminando a possibilidade de repetição do erro". Disse também que todo cidadão tem direito de recorrer de infrações.

Consulta pública com placa de carro e CPF de Sarah constam como regular
Consulta pública com placa de carro e CPF de Sarah constam como regular

No mesmo dia que Cláudio foi autuado na zona oeste, a motorista Sarah Kerlin Bezerra Santos precisou cancelar sua viagem número mil, foi multada e teve o carro apreendido. Segundo ela, também de forma ilegítima.

Sarah estava com uma pssageira na rodoviária do Tietê, na zona norte de São Paulo, que estava desembacando e uma outra estava aguardando sua chegada. Mas ela cancelou a viagem quando foi parada por agentes do DTP.

"Pessoal do DTP me abordou, pediu CNH e o documento do veículo. Em seguida, pediram para eu parar o carro mais à frente, próximo da polícia. Eu questionei, e ele falou grosso para eu parar mais à frente. Para evitar confronto, eu fui. Mandou eu descer do carro, e falaram que o carro seria apreendido. Eu não entendi, porque não teria motivo para o carro ser apreendido", lembra.

A motorista afirma que estava com a documentação de condutora em dia e o veículo tem placa final cinco, que pode ser fiscalizado e multado somente a partir de 30 de setembro, conforme o calendário divulgado pela própria prefeitura. Mesma assim o carro dela foi levado pelos fiscais.

Procurada pela reportagem, a prefeitura disse que a responsabilidade de enviar os dados do veículos e motoristas para a gestão municipal é das empresas operadoras dos aplicativos.

No caso de Sarah, a prefeitura disse que "desde o dia 9 de julho a informação repassada à Prefeitura pela operadora do aplicativo era de que a motorista não tinha comprovação de aprovação em curso de formação". Somente no dia 27 de agosto a operadora do aplicativo teria informado a regularidade da motorista.

Leia também: A viagem de Uber que custou quase US$ 10 mil

Para a motorista Dani Taiba, presidente da Amiesp (Associação dos Motoristas Independentes do Estado de São Paulo), existe uma "falha sistêmica" na fiscalização da prefeitura. "Enquanto a prefeitura não tiver um sistema que não tenha falhas em receber essas informações, deveria cessar as fiscalizações até se normalizar".

A reportagem conversou com outros motoristas de aplicativos, que também alegaram terem sido autuados de forma irregular. Eles afirmam que o sistema da prefeitura consta, de forma errada, irregularidades tanto na busca pelo Conduapp como do CSVApp.

Estímulo de vereador

📢🚨BALANÇO ATUALIZADO DAS OPERAÇÕES DE #FISCALIZAÇÃO E #NOVIDADES PARA A PRÓXIMA SEMANA!🚨📢

Posted by Vereador Adilson Amadeu on Friday, August 23, 2019

Os motoristas ainda acreditam que as possíveis autuações irregulares são motivadas por declarações e publicações em redes sociais do vereador Adilson Amadeu (PTB), que é um dos representantes dos taxistas na Câmara Municipal.

Nas redes sociais, o vereador publica uma contagem de quantos veículos são apreendidos. Ele diz que "o taxista realmente é profissional e é melhor". Em contato telefônico, Amadeu afirma que cobra mesma a fiscalização, mas não acredita seus posicionamentos sejam suficientes para mudar o controle.

"Se eu tivesse esse poder de gravar e falar, eu limparia a cidade de São Paulo das coisas erradas. Se eu gravar e fosse resolvido, eu ia conseguir ser prefeito da cidade ou iriam me matar. Mas eu sou fiscal do municipio, só cumpro meu papel de fiscalizar", disse.

O vereador afirma que a autuação indevida é "um caso isolado". Segundo Amadeu, "os casos que mostrarem que houve falha, logicamente têm que ser reparados".

Outro lado

Além do caso do Cláudio e Sarah, o R7 questionou a prefeitura sobre a apreensão de um Renault Sandero, em 31 de julho. A reportagem perguntou qual foi era a irregularidade deste veículo para ter sido autuado. No entanto, não houve retorno para este caso.

A Secretaria Especial de Comunicação da prefeitura disse, por meio de ligação telefônica, que a reportagem precisaria enviar os documentos comprovando que o carro e o condutor estão regularizados para que houvesse a resposta sobre o motivo da autuação.

A reportagem também questionou a Uber e a 99 sobre a regularização dos motoristas. No entanto, as empresas não responderam.

Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada pela prefeitura sobre o caso de Cláudio.

"A Secretaria Municipal da Fazenda informa que em relação ao veículo de placa [SUPRIMIDA PELA REPORTAGEM], houve um problema na alimentação de dados do sistema do Certificado de Segurança do Veículo de Aplicativo (CSVAPP), fazendo com que o comprovante de vistoria não fosse identificado. O problema já foi corrigido e o sistema tem sido abastecido automaticamente, eliminando a possibilidade de repetição do erro.

O Departamento de Transportes Públicos (DTP) informa que todo cidadão tem o direito de recorrer de infrações por meio de expediente administrativo a ser protocolado no DTP (Rua Joaquim Carlos, 655 – Bloco A – Setor de Protocolo). O recurso deve conter Auto de Infração, notificação, documento de identidade, documento do veículo e também defesa e documentos pertinentes para provar que a infração deve ser cancelada. Este expediente administrativo irá a julgamento na Comissão de Análise em Primeiro Grau. Caso essa comissão entenda que a infração deve ser mantida, o cidadão pode recursar em segundo grau. A decisão dos recursos é devidamente publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, e o cidadão também pode acompanhar os encaminhamentos através do site da Prefeitura de São Paulo, por meio do número do expediente que lhe for dado. Caso a infração seja cancelada, a multa será retirada do sistema."

Veja, a seguir, a nota sobre o caso de Sarah.

"A Secretaria Municipal da Fazenda informa que as operadoras dos aplicativos de transporte são as responsáveis pelo envio dos dados de veículos e motoristas ao Conduapp. No caso citado pela reportagem, desde o dia 9 de julho a informação repassada à Prefeitura pela operadora do aplicativo era de que a motorista não tinha comprovação de aprovação em curso de formação.

Em 27 de agosto a operadora do aplicativo informou que a motorista tinha a comprovação de aprovação em curso de formação. Esta informação foi incluída no sistema e a motorista passou a constar como em situação regular no Conduapp."

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