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"Não me sinto pronto para enfrentar o mundo", diz estudante gay agredido

Em entrevista ao R7, André Baliera informa que está sofrendo com “pânico interno”

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

Estudante agredido em São Paulo não tem dúvidas de que ataque teve motivação homofóbica
Estudante agredido em São Paulo não tem dúvidas de que ataque teve motivação homofóbica Estudante agredido em São Paulo não tem dúvidas de que ataque teve motivação homofóbica

O estudante de direito André Baliera, agredido por dois jovens no início da semana em Pinheiros, afirmou nesta quarta-feira (5) que não está conseguindo sair sozinho de casa. Em entrevista ao R7, ele disse acreditar que o ataque teve motivação homofóbica.

— Eu não me sinto emocionalmente pronto para enfrentar o mundo outra vez. Para mim, isso foi algo que está gerando um pânico interno absurdo. Quem está sofrendo agora sou eu.

Na última segunda-feira (3), André Baliera foi agredido por dois jovens na rua Henrique Schaumann, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Enquanto atravessava a faixa de pedestre com fone de ouvido, ele percebeu que estava sendo ofendido.

— Eu acho que ele [agressor] pensa que um homossexual numa situação dessas tem que baixar a cabeça e continuar o caminho dele. Eu acho que ninguém tem direito de me ofender. Eu virei para trás e a gente começou a trocar ofensas.

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O estudante Bruno Portieri e o personal trainer Diego de Souza, suspeitos da agressão, continuam detidos e foram indiciados por tentativa de homicídio. A vítima quer justiça.

— Eu não desejo vingança. Quero que eles paguem pelo que fizeram.

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Leia trechos da entrevista com André Baliera:

R7 — Você fez algum gesto obsceno para os jovens?

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André Baliera: Eu estava andando normalmente e não fiz gesto algum. Eu estava com um fone de ouvido desses grandes. Eu não estava nem prestando atenção no que estava acontecendo.

R7 — Foram os dois que te xingaram?

Inicialmente foi só o Bruno.

R7 — A defesa reconhece a agressão, mas eles negam a motivação homofóbica. Mas te xingaram?

O momento inteiro. Depois quando eu cheguei na calçada, o semáforo ainda fechado, eu fingi que ia pegar uma pedra porque aquilo me revoltou demais. Isso realmente me ofende muito. Eu acho um absurdo, em 2012, alguém parar para ofender alguém na rua. O Diego colocou o corpo para fora do carro e começou a falar “vai sua bicha, vamos ver se você é macho para tacar a pedra?”. É muita cara de pau deles com toda as testemunhas que estavam lá no momento falar que não teve cunho homofóbico.

"Ninguém tem o direito de me ofender", diz estudante agredido

R7 — Em que momento, eles chegaram a bater em você?

Quando o semáforo abriu, eles entraram na frente dos carros para conseguir entrar num posto e desceram do carro para me bater. Se isso não é por motivo de ódio, o que eles tinham na cabeça então?

R7 — Quem bateu em você?

Os dois desceram do carro, vindo me ameaçar e para cima de mim e continuaram com as ofensas sempre de cunho homofóbico: que eu não era macho suficiente para tacar pedra mesmo e que agora eu ia apanhar porque era viado (sic). Quem tinha dado a causa a tudo foi o Bruno, mas o Diego, acho que comprou as dores do que aconteceu, e veio babando de ódio. Ele pegou meu fone de ouvido e quebrou e eu peguei o óculos dele e fiz o mesmo. Quando eu pus a mão nos óculos dele, ele começou a me socar. As pessoas próximas ficaram todas gritando desesperadamente.

R7 — O Bruno bateu em você?

Não. Não me bateu. Foi ele que iniciou tudo, mas quem de fato me agrediu foi o Diego.

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