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ONG questiona Doria: "quer implementar pena de morte em SP?"

UneAfro protocolou pedido de explicações e retratação no governo do Estado, na sexta-feira (18). MP-SP e Ouvidoria de Polícia também foram citados

São Paulo|Plínio Aguiar, do R7

Declaração de João Doria (PSDB) causou preocupação em ONG
Declaração de João Doria (PSDB) causou preocupação em ONG Declaração de João Doria (PSDB) causou preocupação em ONG

A ONG UneAfro (União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora) protocolou na última sexta-feira (18) um pedido de explicações na Secretaria de Governo do Estado de São Paulo, após uma declaração do governador, João Doria (PSDB)durante o anúncio de parte de seu secretariado em 11 de novembro.

Nessa ocasião, de acordo com a ONG, o tucano teria dito que “diante de qualquer ameaça à população, risco de morte, risco de ameaça com arma, a orientação da Polícia Militar é imobilizar o bandido. Se ele reagir, ele vai para o cemitério. Portanto, em São Paulo, a partir de agora, imobilização do bandido que estiver armado, se ele ainda assim reagir, ele não vai para a delegacia, nem para a prisão, ele vai para o cemitério”.

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Membro do conselho geral da ONG, Douglas Belchior disse que está preocupado com a intenção do governador. Por isso, protocolou o pedido questionando se João Doria quer implementar a pena de morte no Estado de São Paulo.

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O R7 teve acesso ao documento, que questiona: “Estaria o Sr. Governador João Dória, ao firmar que os policiais devem mandar suspeitos “para o cemitério”, orientando os policiais a aplicarem a partir de seu próprio julgamento a lei capital, descumprindo assim cláusula pétrea da constituição em flagrante descumprimento da lei? Em outras palavras, estaria o Sr. Governador João Dória, implementando de maneira unilateral e sem discussão junto a sociedade, a pena de morte no estado de SP? Se não, o quê?”

Belchior diz que o “Estado não tem direito de definir isso, uma vez que a Constituição é maior”. O membro relembrou que a Polícia Militar tem suas ações baseadas no método Giraldi, e explica que “no caso de conflito armado, o policial deve praticar o tiro defensivo na preservação da vida, se esforçando ao máximo para cessar ação de morte do agressor contra a sua vítima”.

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O documento protocolado traz dados sobre a letalidade policial paulista. “A Ouvidoria da Polícia identificou excessos em 74% das ocorrências em que policiais mataram civis durante supostos confrontos em 2017, com 940 mortes de civis”. Então, a entidade questiona Doria: “o senhor considera ou se preocupa com tais índices e a declaração de que a polícia “deve mandar para o cemitério” ia ajudar na diminuição destes números.

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Por fim, a UneAfro pede uma resposta por escrito e com fontes para averiguação, de todos os questionamentos relacionados, imediato posicionamento por parte da SSP (Secretaria de Segurança Pública) e do gabinete do governador João Doria, abertura de investigação a respeito das orientações e procedimentos adotados pela PM e seu comando, além de uma retratação pública por parte do governador tucano.

Questionado sobre o próximo passo da ONG, Belchior é categórico: “Dependendo da resposta, ela pode alimentar uma denúncia ao Ministério Público, o qual já deveria ter feito algo em relação a essa fala de João Doria que incita a Polícia Militar a matar mais”, avalia.

O documento foi endereçado ao governador de São Paulo, João Doria, ao secretário de Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos, e ao secretário da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil, Walter Nyakas Júnior. O arquivo também coloca em cópia o ouvidor de polícia, Benedito Domingos Mariano, e o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Poggio Smanio.

Procurada pela reportagem do R7, o Governo do Estado de São Paulo confirmou, por nota, o recebimento do documento. "Esclarecemos que a declaração do governador João Doria enfatiza que a orientação “é imobilizar o bandido” e só atirar se ele reagir pondo em risco vidas inocentes e a vida do próprio policial. Ela segue rigorosamente o Método Giraldi, o treinamento padrão utilizado pela PM paulista e reconhecido pelas Nações Unidas. O procedimento determina que “o disparo, como última alternativa, dentro dos limites da lei, tiver que ser efetuado, para preservar vidas inocentes, incluindo a do policial, assim também o será”, finalizou o texto. 

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