Operação Arinna cumpre 11 mandados de busca em SP e MT
Segundo investigação de força-tarefa entre MP-SP, Receita e PRF, esquema de adulteração de combustíveis movimentou R$ 4,8 bi
São Paulo|Do R7
A deflagração da segunda fase da Operação Arinna, nesta segunda-feira (15), resultou no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo e Mato Grosso. Autoridades da força-tarefa formada pelo MP-SP (Minsitério Público de São Paulo), Receita Federal e PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreenderam documentos, aparelhos eletrônicos, celulares e valores.
A ação teve a participação de sete promotores de Justiça, 15 auditores fiscais, seis analistas tributários e mais de 90 policiais rodoviários federais nas cidades de Valinhos, Paulínia, Araraquara, Ibaté, Ribeirão Bonito (todas no estado de São Paulo, além de Cocalinho e Cuiabá (ambas no estado matogrossense). As investigações devem responder por crimes ambientais, concorrência desleal e lavagem de dinheiro, entre outros.
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"Sem a parceria com a Receita Federal e PRF, não seria possível trabalhar da forma como estamos fazendo", enfatizou o promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-SP Alexandre de Andrade Pereira.
A investigação em conjunto apurou que o esquema criminoso de adulteração de combustíveis e do aditivo Arla32 teria proporcionado R$ 270 milhões em recursos sonegados e um total de R$ 4,8 bilhões em movimentação financeira — conforme informações apuradas por análises bancária e fiscal. Ainda de acordo com o membro do MP-SP, a operação mira no patrimônio oculto e em documentos que ligam investigados a empresas integrantes do esquema.
A força-tarefa apurou que as empresas Sun Energy Indústria e Comércio, Importador e Exportador de Lubrificantes e Aditivos Eireli e Confidence Trading Comércio, Importação e Exportação de Produtos Químicos Eireli, alvos da primeira fase da operação, comercializaram, aproximadamente, R$ 82 milhões de nafta, substância que desperta muito interesse de organizações criminosas em razão da sua composição química ser muito semelhante à da gasolina e por ter um custo menor.
As duas companhias obtinham autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para aquisição de nafta sob a justificativa de que o produto seria utilizado como insumo pela indústria petroquímica. Segundo o promotor do Gaeco Alexandre Pereira, existem centenas de postos de combustíveis comercializando produtos adulterados pelo bando.
1ª fase
A primeira fase da operação, deflagrada em outubro de 2020, foi feita coleta de provas, o que permitiu, ao longo dos meses seguintes, a continuidade das investigações com exames quanto às movimentações bancárias realizadas pelos participantes das fraudes.
"Na primeira fase, já tinhamos chegado a um financiador do esquema, que foi preso. Agora, identificamos um segundo financiador, que estava acima do primeiro. Ele é objeto desta segunda fase, junto com empresas que vinham sendo usadas para ocultar patrimônio", disse a superintendente adjunta da Receita Federal Mirela Batista
Ainda segundo a representante da Receita, o principal financiador do esquema, que também figura como um dos grandes devedores da Fazenda Nacional e do estado de São Paulo, para permanecer oculto nas operações de importação e comercialização dos produtos citados, utilizou contas de terceiros, as quais acolheram créditos superiores a R$ 490 milhões no transcorrer de três anos.