Logo R7.com
RecordPlus

Operação investiga lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis em SP

Ao todo, são cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em cidades do estado

São Paulo|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Operação conjunta do MPSP, Receita Federal e PMSP investiga lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis em São Paulo.
  • 25 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversas cidades, revelando uma rede ligada a postos de combustíveis e jogos de azar.
  • Mais de 267 postos movimentaram R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, com indícios de contabilidade paralela.
  • As investigações apontam que bens adquiridos e empresas de fachada foram usados para ocultar a origem ilícita dos recursos, além de relações com outras operações de combate ao crime organizado.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Operação contou com a participação do MPSP, Receita e PMSP Divulgação/Receita Federal - 25.9.2025

O MPSP (Ministério Público de São Paulo), a Receita Federal e a PMSP (Polícia Militar de São Paulo) deflagraram nesta quinta-feira (25) uma nova operação para combater o esquema do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor de combustíveis e de jogos de azar.

O principal alvo da operação está ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.


Veja mais

A Receita Federal identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — o equivalente a 0,1% do total movimentado.

Ao todo, são cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco.


Segundo o MPSP, as investigações tiveram início a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos situadas na cidade de Santos (SP), que estavam vinculadas a postos de combustíveis.

A análise das movimentações financeiras revelou que os valores eram transferidos para uma fintech, utilizada para ocultar a origem ilícita dos recursos e sua destinação final.


🔎 Segundo o Banco Central, fintechs são empresas que usam tecnologia para inovar no mercado financeiro, criando novos modelos de negócios por meio de plataformas online e serviços digitais. No Brasil, elas atuam em diversas áreas, como crédito, pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguros, negociação de dívidas, câmbio e multisserviços.

"Com o aprofundamento das investigações, foi possível identificar uma complexa rede de pessoas físicas e jurídicas envolvidas na movimentação dos valores ilícitos. Também foram identificados vínculos com empresas do ramo hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento quem mantinham uma contabilidade paralela, dificultando o rastreamento dos recursos, afirmou o MPSP.


Infiltração no mercado formal

A estrutura foi identificada a partir da concentração de empresas sob responsabilidade de um único prestador de serviço, que formalmente controlava cerca de 400 postos, sendo 200 vinculados diretamente ao alvo e seus associados.

A atuação do grupo, no entanto, não se restringia ao setor de combustíveis. Por meio de pessoas relacionadas, o principal alvo também operava lojas de franquias, motéis e empreendimentos na construção civil.

Durante as fiscalizações, foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos relacionados a uma mesma franquia, todos em nome de alvos da operação.

Embora operacionais, essas empresas apresentavam indícios de lavagem de dinheiro. Entre 2020 e 2024, movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais.

No mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais (2,5% da sua movimentação financeira no mesmo período) e distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos.

Mais de 60 motéis também foram identificados, a maioria em nome de “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.

Esses estabelecimentos contribuíram para o aumento patrimonial dos sócios, com distribuição de R$ 45 milhões em lucros e dividendos. Um dos motéis chegou a distribuir 64% da receita bruta declarada.

Restaurantes localizados nos motéis, com CNPJs próprios, também integravam o esquema — um deles distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após registrar receita de R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.

Operações imobiliárias realizadas pelos CNPJs de motéis vinculados a integrantes da organização criminosa também chamaram atenção do Fisco. Um dos CNPJs adquiriu um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021; outro comprou um imóvel de R$ 5 milhões em 2023.

As investigações revelaram ainda o uso de SCPs para construção de empreendimentos imobiliários, especialmente prédios residenciais em Santos, durante a década de 2010.

Como os sócios ocultos dessas sociedades são mantidos em sigilo, não é possível determinar quantas ainda estão em poder dos alvos. Com base em uma sócia ostensiva comum, estima-se que ao menos 14 empreendimentos movimentaram R$ 260 milhões entre 2020 e 2024.

Aquisição de bens de luxo

Com os recursos obtidos por meio do esquema, os alvos adquiriram imóveis e bens de alto valor, diretamente ou por meio de empresas patrimoniais e de fachada.

Entre os bens estão um iate de 23 metros, inicialmente comprado por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada, que também adquiriu:

  • dois helicópteros;
  • um Lamborghini Urus adquirido por empresa patrimonial;
  • terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.

Estima-se que os bens identificados representem apenas 10% do patrimônio real dos envolvidos.

A Receita Federal também detectou um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda.

“Declarações antigas e recentes eram retificadas no mesmo dia, com inclusão de altos valores na ficha de bens e direitos da declaração mais antiga, próxima à decadência, sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de imposto, o que configura mais uma tentativa espúria de indicar origem para patrimônio adquirido com recursos sem origem e não tributados”, afirma.

Usando desse artifício, membros da família do principal alvo aumentaram seu patrimônio informado de forma irregular em cerca de R$ 120 milhões, em valores atualizados.

Conexões com outras operações

Durante as investigações, foram identificadas conexões entre os alvos da “Operação Spare” e indivíduos envolvidos em outras ações de combate ao crime organizado, incluindo a própria “Operação Carbono Oculto” e a “Operação Rei do Crime”.

Entre os indícios estão transações comerciais e imobiliárias entre os investigados, uso compartilhado de helicópteros e reservas conjuntas de passagens para viagens internacionais.

A Receita Federal também deflagrou outras ações com foco em combustíveis. Por meio da área aduaneira, realizou na última sexta-feira (19) a “Operação Cadeia de Carbono”, que resultou na apreensão de cargas de dois navios no Porto do Rio de Janeiro.

As mercadorias, compostas por petróleo e seus derivados, foram avaliadas em aproximadamente R$ 240 milhões e são suspeitas de terem sido importadas por empresas que não comprovaram a origem dos recursos utilizados para aquisição de bens de valor tão elevado.

“A Receita Federal segue no seu compromisso de garantir a regularidade das importações de petróleo e derivados e a proteção da economia nacional, excluindo do mercado empresas e indivíduos que atuam de forma irregular — seja por meio de sonegação de tributos ou pela utilização de estruturas empresariais formais para introduzir na economia recursos de origem ilícita”, conclui.

Perguntas e respostas

Qual é o objetivo da operação deflagrada pelo MPSP, Receita Federal e PMSP?

A operação visa combater um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor de combustíveis e jogos de azar.

Quantos mandados de busca e apreensão foram cumpridos e em quais cidades?

Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco.

Qual foi a movimentação financeira dos postos de combustíveis investigados?

A Receita Federal identificou 267 postos ativos que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, representando 0,1% do total movimentado.

Como as investigações começaram?

As investigações tiveram início a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, que estavam vinculadas a postos de combustíveis.

O que foi descoberto sobre as movimentações financeiras dos envolvidos?

A análise revelou que os valores eram transferidos para uma fintech, utilizada para ocultar a origem ilícita dos recursos e sua destinação final.

Quais outras atividades estavam ligadas ao principal alvo da operação?

Além do setor de combustíveis, o principal alvo operava lojas de franquias, motéis e empreendimentos na construção civil.

Quais indícios de lavagem de dinheiro foram encontrados nas empresas investigadas?

As empresas apresentaram indícios de lavagem de dinheiro, movimentando cerca de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2024, mas emitindo apenas R$ 550 milhões em notas fiscais.

O que foi identificado em relação aos imóveis e bens adquiridos pelos alvos?

Os alvos adquiriram imóveis e bens de alto valor, incluindo um iate de 23 metros, e estima-se que os bens identificados representem apenas 10% do patrimônio real dos envolvidos.

Como a Receita Federal identificou irregularidades nas declarações de Imposto de Renda?

A Receita detectou um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda, onde declarações antigas e recentes eram corrigidas no mesmo dia, indicando tentativas de justificar patrimônio adquirido com recursos não tributados.

Quais conexões foram encontradas entre os alvos da operação e outras ações de combate ao crime organizado?

Foram identificadas conexões com indivíduos envolvidos em outras operações, como a “Operação Carbono Oculto” e a “Operação Rei do Crime”, incluindo transações comerciais e uso compartilhado de helicópteros.

Qual foi a ação recente da Receita Federal relacionada ao setor de combustíveis?

A Receita Federal realizou a “Operação Cadeia de Carbono”, resultando na apreensão de cargas de dois navios no Porto do Rio de Janeiro, avaliadas em aproximadamente R$ 240 milhões, suspeitas de importação irregular.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.