Operação resgata 11 costureiros em condição análoga à escravidão no centro de SP
Operários trabalhavam 14 horas por dia, ganhando até R$ 1 por peça, além de dormir e comer no mesmo local da oficina
São Paulo|Do R7
A operação deflagrada pela Polícia Civil nesta sexta-feira (18) contra o trabalho escravo, barizada de "Andrápodon", resgatou onze costureiros da Bolívia e Paraguai que eram mantidos em condição análoga à escravidão no centro de São Paulo. A ação foi realizada pela Delegacia Seccional Centro, em parceria com o DOPE (Departamento de Operações Policiais Estratégicas) e a secretaria estadual da Justiça e Cidadania.
A força-tarefa tem como objetivo combater estabelecimentos na região central da capital paulista que trabalham na exploração do trabalho, incluindo a exploração sexual de mulheres e adolescentes. Nesta sexta-feira, na primeira fase da operação, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão.
No primeiro local, na rua João Kopke, bairro do Bom Retiro, um suspeito foi preso e sete pessoas costurando foram resgatadas. O segundo endereço, na Rua General Osório, Santa Ifigênia, tinha um suspeito e quatro costureiros. Segundo a polícia, ambos ambientes eram quentes e escuros, sem condições de higiene. Entre os trabalhadores, dois eram paraguaios e nove bolivianos. Foram apreendidas 17 máquinas de costura.
Em relato aos policiais, os resgatados disseram trabalhar pelo menos 14 horas por dia, além de dormirem e comerem no mesmo local de costura. Mesmo com a presença dos oficiais, os trabalhadores não pararam de trabalhar, já que recebem valores entre R$ 0,40 a R$ 1,00 por peça confeccionada.
Um dos trabalhadores, de origem boliviana, afirmou que não se sente mal atuando nas péssimas condições: “aqui eu me sinto bem, aqui é sossegado”, disse durante a operação.