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Patinetes em alta velocidade assustam pedestres na Paulista

É permitido até 20 km/h na ciclovia e 6 km/h na calçada, mas moradores e frequentadores da região reclamam do aumento de risco de acidentes

São Paulo|Cesar Sacheto, do R7

Velocidade de patinetes incomoda pessoas que circulam pela Paulista e Jardins
Velocidade de patinetes incomoda pessoas que circulam pela Paulista e Jardins

O uso dos patinetes, modal de transporte que ganha cada vez mais adeptos em São Paulo, tem causado incômodo em moradores da cidade. Se na região de Pinheiros o problema são os assaltos cometidos por ladrões que usam o equipamento para abordar vítimas, na Avenida Paulista e nos Jardins, área central da capital paulista, a preocupação é com a velocidade dos usuários.

Leia mais:Patinetes elétricos: revolução no transporte ou novo pesadelo urbano?

A comerciante Neucy Maria Barbosa, que trabalha em uma banca de jornais e revistas na Rua Peixoto Gomide, próximo ao Parque Trianon, confirma o temor dos frequentadores devido à imprudência no uso dos patinetes (e bicicletas) por parte de alguns usuários — estudantes, trabalhadores da região e pessoas em situação de rua.

"A velocidade está muito mais perigosa. Está bem complicado. Eles vêm nessa velocidade [alta], sem se preocupar com quem está na calçada. Você [pedestre] é que precisa prestar atenção. As bicicletas também", frisou.


Segundo a comerciante, o problema se estende para a ciclovia da Avenida Paulista. "Virou um horror. Eles não prestam atenção no semáforo, se está vermelho ou não. O pedestre que se dane", desabafou Neucy.

Um ambulante que trabalha nas proximidades da esquina da Alameda Santos e a Rua Augusta, mas que preferiu não se identificar, confirmou ao R7 que o número de patinetes em alta velocidade e sobre as calçadas é grande.


"Descem muitos e com bastante velocidade. Às vezes, a gente comenta que pode machucar alguém. São pessoas que pegam pelo aplicativo e também muitos meninos de rua. Acontece todos os dias", disse.

Para os moradores dos Jardins, muitos entregadores de aplicativos de fast food também abusam na condução dos patinetes na região e colocam os moradores em risco.


"Andam nas calçadas, na contramão. Não existem regras. Eles andam onde querem. Antes, tinha que me preocupar com motoqueiros. Hoje, [o problema] é patinete e bicicleta. Virou uma praga", enfatizou o aposentado Odair Tini, morador da Rua Itu.

O morador cobra uma fiscalização enérgica por parte da Prefeitura de São Paulo, mas demonstra pessimismo quanto à atuação das autoridades.

"Na Paulista, eles andam de qualquer jeito, cortando no meio das pessoas. Não tem controle de nada. O negócio corre solto na região", critica.

O presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) dos Jardins e Avenida Paulista, Rodrigo Salles, acrescenta que moradores de rua aproveitam veículos que são deixados nas calçadas para circular.

"Eles andam com os equipamentos desligados, dando impulso com os pés. Colocam duas pessoas e sacolas em cima", conta o líder comunitário.

Salles afirma que os pontos considerados críticos são: Alameda Joaquim Eugênio de Lima, Rua Hadocck Lobo, Rua da Consolação, Rua Augusta, Alameda Lorena e Rua Oscar Freire. O problema se acentua entre às quintas-feiras e domingos, quando os bares e restaurantes recebem mais clientes e, consequentemente, a população de rua cresce.

O presidente do Conseg dos Jardins revela que já foram realizadas reuniões com representantes da Prefeitura de São Paulo, da empresa fornecedora dos equipamentos e de aplicativos de entrega de alimentos. No entanto, os encontros não resultaram em ações práticas para reduzier o problema.

"Parecem querer se isentar de responsabilidade. Mas, não há legislação. Não há argumentos para combater", lamentou Rodrigo Salles.

Violência

Além das reclamações sobre o excesso de velocidade dos patinetes e bicicletas compartilhadas na região da Paulista, há vários relatos de assaltos, muitos praticados por ladrões que se aproveitam da agilidade dos equipamentos para abordar as vítimas e fugir.

O arquiteto Lucas Coppieters, frequentador diário da Praça Alexandre Gusmão, ao lado do Parque Trianon, entre as Alamedas Santos e Itu, denuncia a ação de um grupo de crianças e adolescentes.

"Já presenciei furtos por pessoas de bicicleta, o que não é novo no bairro. Em 2010, tive meu celular furtado por uma criança de bicicleta na rua Pamplona. No ano passado, a minha mãe foi furtada da mesma forma, aguardando o Uber, na Rua São Carlos do Pinhal, em frente ao nosso predio", contou.

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Policiamento

Em nota, a PM informa que atua na região por meio do 23º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, responsável pelo rádio patrulhamento, policiamento comunitário e ações de Força Tática.

Segundo a corporação, o tipo de crime apontado pela reportagem é facilitado pela existência de vias com grande fluxo de pessoas e veículos. O trânsito intenso acaba criando um ambiente favorável ao criminoso, exigindo da PM estratégias especiais, como o policiamento com motos e a utilização de bicicletas.

Ainda segundo o texto, a Polícia Militar prendeu ou apreendeu (adolescentes) 190 pessoas em flagrante, recuperou 85 veículos roubados e 14 armas de fogo.

A PM reforça que denúncias sobre crimes podem ser feitas pela população pelo Disque Denúncia (181), no site (policiamilitar.sp.gov.br) e, em caso de emergência, pelo telefone 190.

Prefeitura

A Prefeitura de São Paulo reforçou as explicações sobre os estudos iniciados para o processo de regulamentação do sistema de compartilhamento de patinetes elétricos na cidade. No entanto, ainda não há data para o início das novas regras.

De acordo com a Secretaria de Mobilidade e Transporte, a administração municipal tem analisado experiências internacionais com o modal, mapeado as potencialidades e adequado as normas e condutas às peculiaridades de São Paulo.

Velocidade e uso dos patinetes

A Grin, que detém os direitos para a locação dos patinetes na capital paulista, esclarece que a velocidade máxima permitida para o patinete nas ciclovias é de 20 km/h. Nas calçadas, a velocidade máxima é de 6 km/h. Os limites são estipulados pelo Contran e fazem parte dos termos de uso dos aplicativos Grin e Yellow.

A empresa informa também que a trava dos patinetes é desbloqueada quando o usuário escaneia o "QR Code" que consta do equipamento. A corrida é finalizada quando o mesmo usuário faz o desbloqueio pelo aplicativo.

Ainda de acordo com a Grin, os veículos devem ser estacionados em um dos pontos privados parceiros ou em qualquer local da área de atendimento, mas com o devido cuidado para não atrapalhar o fluxo de pedestres.

Para alugar um equipamento, o interessado precisa baixar o aplicativo, cadastrar um cartão de crédito e escanear o "QR Code". Também é possível alugar os equipamentos com pagamento em dinheiro com a aquisição de créditos em um ponto de venda Yellow Pay.

A Grin afirma que não mantém parcerias com aplicativos de entregas de alimentos que facilitem o uso de patinetes e bicicletas pelos entregadores.

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