Paulistanos querem renda básica e impostos aos mais ricos, diz estudo
Atualmente, segundo a pesquisa, três em cada quatro pessoas defendem uma renda básica universal para toda a população de São Paulo
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
A quantidade de paulistanos que defendem uma renda básica aumentou significativamente nos últimos anos e, para os habitantes de São Paulo, a melhor forma para se obter recursos para melhorias na cidade é com mais impostos à população mais rica. Estes são resultados da pesquisa “A cidade que queremos”, realizada pela Rede Nossa São Paulo e divulgada nesta quinta-feira (17).
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Atualmente, segundo o estudo, três em cada quatro pessoas desejam uma renda básica universal para toda a população da cidade.
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Desde a última pesquisa, há dois anos, a proporção dos habitantes que se põem a favor da renda aumentou de 55% em 2018 para 77% em 2020; os contrários eram 30%, agora são 15%. Em 2018, 15% não responderam e, na atual pesquisa, o número caiu para 8%.
Para Carolina Guimarães, pesquisadora da Rede Nossa São Paulo, a importância do benefício foi mais perceptível durante a crise que vive o país este ano.
“Fica evidente o tema das desigualdades. Apesar de estarmos na mesma crise, não é todo mundo que está no mesmo barco: o barco de alguns é muito mais confortável e maior que o de outros”, comenta Guimarães.
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A discussão a respeito da renda mínima faz, segundo ela, com que se evidencie “o papel do Estado em criar políticas públicas que apoiem as pessoas, sobretudo em condições mais vulneráveis, a ter uma vida mais digna”.
Impostos aos mais ricos
Uma entre as perguntas feitas aos entrevistados foi a respeito da melhor forma de financiar melhorias para a cidade: cobrar mais impostos da população mais rica foi a resposta citada com maior frequência, por 38% dos respondentes.
Outros 36% citam que o gasto deve partir de fundos municipais que já existam, 16% acreditam que deve haver cobranças por contribuições de empresas privadas e 2% sugerem o aumento de impostos municipais, como o IPTU.
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Se utilizando de uma pesquisa da Oxfam que aponta para a má distribuição da carga tributária no Brasil, Carol cita que o país possui uma construção histórica desigual e que, como a população mais rica paga menos em impostos, as consequências “acabam sobrando para a classe trabalhadora, a base da pirâmide”.
Desta forma, considera a pesquisadora, a opção dos entrevistados por mais impostos aos mais ricos mostra uma conscientização sobre a desigualdade brasileira e a dificuldade da ascensão social no país.