PCC tem célula que controla todas as ações fora de SP, segundo MP
A "Sintonia dos Outros Estados" é responsável por autorizar despesas, execuções de desafetos e ataques da facção fora de São Paulo
São Paulo|Pedro Pannunzio, do R7*
Compra de armamento, ordem para execução de desafetos, ataques a cidades do Brasil. Essas e outras ordens são autorizadas pela “Sintonia dos Outros Estados”, a célula do PCC (Primeiro Comando da Capital) responsável por controlar as ações da facção fora do Estado de São Paulo.
PCC já tem mais de 30 mil membros espalhados pelo Brasil, diz MP-SP
Todas as despesas dos outros Estados têm que passar pelo controle da cúpula. Desde a compra de armamentos, até gastos com advogados.
Também é informado para a “Sintonia dos Outros Estados” a situação nas cidades. Mesmo que não haja nenhuma ocorrência, os membros da facção enviam um relatório registrando que não há "nenhuma novidade".
A célula é um dos braços mais importantes do PCC e ganhou ainda mais poderes desde que os líderes presos da facção foram isolados após a Operação Ethos, em dezembro de 2016. É o que aponta uma denúncia do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), obitda pelo R7, baseada em cartas interceptadas na rede de esgoto da Penintenciária 2 de Presidente Venceslau.
"É isso mesmo, mas continua o fogo comendo", diz uma das mensagens. A ordem da “Sintonia dos Outros Estados” é para que ataques contra delegacias no Estado de Alagoas continue. O objetivo seria forçar a transferência de alguns membros do PCC para outras penitenciárias.
Estrutura
A cúpula que comanda “Sintonia dos Outros Estados” é composta, segundo a investigação, por sete membros, dentre os quais destacam-se Claudio Barbará da Silva, o Barbará, e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden.
PCC articula guerra no Mato Grosso do Sul, diz MP-SP
Abaixo deles, estão os “ponteiros” e “resumos”, que são “responsáveis pelas conduções (sequestro e cárcere privado), julgamentos (tribunais do crime) e pela execução de pessoas consideradas traidoras ou pertencentes a outras facções rivais”, de acordo com a denúncia do MP-SP. Decisões sobre o que fazer com membros que não pagam as mensalidades para a facção são tomadas por eles, por exemplo.
Além disso, esse braço também é responsável por manter os líderes isolados no presídio de Presidente Venceslau informados. Os “resumos” fornecem aos “ponteiros” as informações colhidas em outros estados, que depois é repassada aos escalões superiores da facção.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ingrid Alfaya