Pesquisa aponta sobrecarga entre mulheres e aumento de assédio
Mais da metade das entrevistadas em SP teve de deixar estudos ou trabalho por tarefas de casa. Entre homens, no máximo um terço
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
Um estudo publicado nesta segunda-feira (8) pela Rede Nossa São Paulo apontou para a sobrecarga mental das mulheres nas atividades de rotina e aumento da percepção de assédio sexual na cidade de São Paulo.
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Quando moradores de São Paulo foram questionados se sentiam-se sobrecarregados com as tarefas de rotina, 63% das mulheres disseram que sim. Entre os homens, apenas 35%.
Além disso, para cuidar da casa ou da família, 52% das mulheres tiveram que deixar algum estudo e 53% tiveram de abrir mão de algum trabalho ou promoção. Entre os homens, os números foram de 33% e 24%, respectivamente.
Perguntados sobre serem o principal responsável por “fazer com que as coisas aconteçam no dia a dia da casa”, 70% das mulheres disseram que sim, enquanto somente 46% dos homens deram resposta positiva.
A respeito de possuírem “uma lista muito grande de afazeres domésticos” e de família, 67% das mulheres confirmaram, e os homens foram 35%.
Percepção de assédio sexual na cidade
Entre 2020 e 2021, a percepção de aumento no número de casos de assédio sexual e violência contra a mulher cresceu entre os paulistanos: de 74% no ano passado para 83% este ano.
Na pesquisa mais recente, 12% consideraram que a quantidade se manteve e somente 1% que diminuíram os casos.
Quando a pergunta se divide por gênero, nota-se que a percepção aumentou ainda mais entre homens: em 2020, 64% deles observavam aumento nos casos de assédio e violência contra a mulher, e em 2021 a porcentagem subiu para 76%.
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Já as mulheres que percebiam este crescimento eram 82% em 2020 e foram 88% este ano.
Para os paulistanos, independentemente do gênero, as formas mais efetivas de combater a violência doméstica e familiar continuam sendo aumentar a violência contra a mulher (53% dos entrevistados), ampliar os serviços de proteção a mulheres em situação de violência (42%) e criar novas leis de proteção à mulher (36%).
Houve uma queda acentuada entre aqueles que consideram eficaz agilizar o andamento da investigação de denúncias: de 40% no ano passado para 32% este ano.
Transporte pública é local de maior risco de assédio
Perguntadas a respeito de onde acreditam ser o local de maior risco de serem assediadas, 52% das paulistanas disseram ser o transporte público, seguido pela rua (20%), bares e casas noturnas (7%) e pontos de ônibus (5%).
Não por acaso, quase metade (47%) das entrevistadas afirmou que já sofreu assédio sexual no transporte público. Em 2020, este número era de 43%.
Houve aumento considerável no ambiente de trabalho: no ano passado, 22% das mulheres disseram que foram assediadas no trabalho; este ano foram 31%.