PF faz operação contra tráfico de pessoas e trabalho escravo em SP
Serão cumpridos cinco mandados de busca e apreensão. Trabalhadores endividados eram aliciados para atuar sob condições degradantes
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
A Polícia Federal realizou, na manhã desta quinta-feira (16), uma operação contra o tráfico de pessoas e o trabalho escravo em áreas urbanas. São cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, sendo dois na zona leste da cidade de São Paulo e três em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Os inquéritos policiais tiveram início após o compartilhamento de informações do Ministério do Trabalho com a PF sobre denúncias de condições degradantes em empresas na grande São Paulo. As ações acontecem para colher provas em três inquéritos policiais que apuram fatos.
De acordo com a polícia, um dos grupos é suspeito de aliciar e transportar brasileiros do interior do Ceará para trabalhar em São Bernardo do Campo. Uma vez na cidade, os trabalhadores, endividados, eram mantidos em alojamentos e condições degradantes, para a venda ambulante de laticínios na região.
As outras duas investigações apontam que as empresas investigadas, apesar de independentes, atuavam no ramo de costura e agiam da mesma maneira. Segundo as investigações, há indícios de que elas aliciavam estrangeiros em albergues municipais, mediante a promessa de trabalho formal e regular.
Chegando aos locais de trabalho, os estrangeiros eram obrigados a assinar contratos nos quais estavam previstos diversos gastos junto ao empregador, como habitação, aluguel, vestuário e refeições, com valores desproporcionais aos praticados no mercado, dando início a um ciclo de endividamento. A saída do local era restrita e às jornadas de trabalho variavam de 14 até 18 horas.
Equipes participam da operação para fiscalizar as empresas, condições de trabalho, resgatar as vítimas e regularizar a situação trabalhista delas.
Os estrangeiros sem documentos e em situação irregular serão encaminhados para a PF onde receberão assistência e orientação sobre como regularizar sua situação.
Os suspeitos responderão pelo crime de tráfico de pessoas com a finalidade de exploração do trabalho escravo, com penas de quatro a oito anos de prisão e multas.