PF prende presidente do sindicato dos metalúrgicos de Itatiba (SP)
Investigações começaram há dois anos após denúncias de desvios de recursos públicos em contratos de empresas de serviços e da Prefeitura de Araçatuba
São Paulo|Do R7
A Polícia Federal prendeu na manhã da terça-feira (13) o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba, no interior de São Paulo, e o pai dele. A operação investiga crimes de desvios de recursos públicos e busca combater a corrupção na cidade de Araçatuba.
Segundo a polícia, o pai do presidente do sindicato é apontado como líder da organização criminosa e idealizador de um esquema de corrupção envolvendo diversas empresas ligadas a ele e sua família.
Cerca de 150 policiais federais foram mobilizados para o cumprimento de 14 mandados de prisão temporária e 37 mandados de busca e apreensão nas cidades de Araçatuba, Clementina, Itatiba, Jundiaí e São Paulo. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Araçatuba.
A Polícia Federal cumpriu buscas e prisões em pelo menos quatro secretarias da Prefeitura de Araçatuba, na sede do diretório político coordenado pelo líder da organização criminosa e em vários outros endereços comerciais e residenciais relacionados às empresas e investigados.
Em Itatiba, a sede de um sindicato, que é presidido pelo filho do líder do grupo, ambos com prisão decretada, também está sendo alvo das buscas.
Investigações
As investigações tiveram início há aproximadamente dois anos após a PF receber informações que indicaram a prática de diversos crimes de desvios de recursos públicos por meio da contratação fraudulenta de empresas que prestam serviços para a Prefeitura Municipal de Araçatuba/SP.
O homem apontado pela polícia como líder da organização criminosa é empresário, sindicalista e presidente de diretório político no município e seria também o idealizador de um grande esquema de corrupção envolvendo diversas empresas ligadas a ele e sua família.
Um filho e um genro do líder do grupo seriam sócios “laranja” de empresas e também tiveram a prisão decretadas. Embora a maioria das empresas não esteja registradas em nome do pai do presidente do sindicato, a polícia afirma que as investigações demonstraram que ele é o dono de pelo menos cinco delas e a maioria dos sócios apenas emprestariam nomes em troca de vantagens do líder da organização criminosa.
As investigações demonstraram que, nos últimos dois anos, as empresas investigadas aditaram ou celebraram novos contratos suspeitos com a prefeitura nas áreas de educação e assistência social que superaram, até o momento, a cifra de R$ 15 milhões. As investigações devem continuar uma vez que a estimativa da PF é que esse valor possa ser muito maior.
Além da utilização das empresas, pelo menos uma organização social foi criada pelo líder do grupo e também foi utilizada para os desvios de recursos públicos. Servidores públicos foram indicados em setores estratégicos, de interesse da organização criminosa, para viabilizar as contratações e fraudes sem levantar suspeitas ou questionamentos sobre eventuais superfaturamentos.
De acordo com as investigações, o líder do grupo investigado, que possui forte influência política na região, não teve dificuldades para indicar pessoas de sua confiança para ocupar cargos de livre nomeação na Prefeitura Municipal de Araçatuba.
Com pessoas ligadas ao grupo criminoso atuando diretamente, e com poder de decisão dentro de secretarias municipais, o pai do presidente do sindicato teria conseguido livre trânsito, articulação e informações privilegiadas relacionadas aos contratos com a municipalidade.
A Justiça Federal decretou, além das buscas e prisões, o afastamento cautelar de servidores envolvidos, entre outras medidas cautelares, objetivando cessar a ação da organização criminosa e garantir a restituição dos valores desviados para o município de Araçatuba.
Os presos serão indiciados por vários crimes, dentre eles: corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos (públicos e privados), peculato, associação criminosa, fraudes em licitações, dentre outros. De acordo com suas condutas, em caso de condenação, estarão sujeitos a penas máximas de até a 30 anos de reclusão.