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PM que matou Leandro Lo usou arma falsa no tribunal para escapar de condenação do júri

Henrique Velozo convenceu a maioria dos jurados de que agiu em legítima defesa ao disparar na cabeça do ex-lutador de jíu-jitsu

São Paulo|Fábio Borges, da Agência RECORD*

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Henrique Velozo, policial militar, usou um simulacro no julgamento para provar que agiu em legítima defesa ao matar o ex-lutador Leandro Lo.
  • A absolvição foi respaldada pela maioria dos jurados, que aceitou a tese de defesa apresentada.
  • Após ser absolvido, Velozo foi solto e reintegrado à Polícia Militar por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo.
  • O Ministério Público de São Paulo, embora respeitando a decisão do júri, já recorreu da absolvição e reafirmou seu compromisso com a legalidade no processo.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Policial Henrique Velozo disparou contra a cabeça do lutador Leandro Lo após briga em show
Caso Leandro Lo: Henrique Velozo convenceu a maior parte do júri e escapou de condenação Montagem/Divulgação

O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, de 33 anos, utilizou um simulacro de arma de fogo durante o tribunal do júri para simular o disparo que matou o ex-lutador Leandro Lo.

A estratégia, que resultou na absolvição do réu pela maioria dos votos dos jurados, foi uma das utilizadas pela defesa durante o julgamento.


A decisão do juiz foi publicada na noite da última sexta-feira (14).

Um vídeo, obtido pela Agência RECORD, mostra o momento em que o advogado do atirador solicita permissão ao juiz para que Henrique use o simulacro para mostrar o que aconteceu na noite do dia 7 de agosto de 2022, quando Leandro foi atingido por um disparo de arma de fogo na cabeça.


PM usou um simulacro, a pedido da defesa, para indicar como foi o disparo que matou Leandro Lo Reprodução/RECORD

Em seguida, Henrique demonstra ao júri que atirou ao reagir a uma agressão. Além de Leandro, outros lutadores de artes marciais teriam cercado e ameaçado bater no réu.

Segundo a sentença, a ação do tenente foi considerada improcedente e, em consequência, Henrique foi absolvido. A maioria do júri votou a favor da tese de legítima defesa.


Após ser absolvido, Henrique Velozo foi solto do presídio militar Romão Gomes na madrugada deste sábado (15). A informação foi confirmada pela Polícia Militar.

Em seguida, o agente foi reintegrado ao efetivo da corporação por determinação liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo, formalizada por decreto publicado em 28 de outubro de 2025.


Julgamento de Henrique Velozo

O julgamento do tenente da PM Henrique Otávio Oliveira Velozo, acusado de matar o lutador de jiu-jitsu Leandro Lo, em 2022, aconteceu entre os dias 12 e 14 de novembro.

O júri já havia sido adiado duas vezes, após as audiências previstas para os dias 22 de maio e 5 de agosto deste ano.

Na primeira ocasião, o juiz Marco Antônio Cogan expediu uma liminar após pedido dos advogados de defesa do PM, que afirmaram que o juiz do caso os prejudicou ao cancelar depoimentos de peritos contratados por eles.

Já na segunda tentativa, houve desentendimento entre os advogados de defesa do policial e os assistentes de acusação durante o depoimento do delegado João Eduardo da Silva.

Por conta da confusão, o júri foi dissolvido e novo julgamento foi remarcado para os dias 12, 13 e 14 de novembro. Um novo júri, o Conselho de Sentença, foi montado para esse novo julgamento.

Por se tratar de um crime doloso contra a vida, ou seja, quando há intenção de matar, o julgamento do homicídio foi realizado pela Justiça Comum. O processo na Justiça Militar foi concluído em 18 de junho deste ano.

O que diz o Ministério Público

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) publicou uma declaração sobre o julgamento de Henrique Otavio Oliveira Velozo.

No comunicado, a pasta diz que “a atuação do Ministério Público ao longo de toda a persecução penal foi pautada pela legalidade, pela análise técnica da prova e pela defesa da sociedade. A acusação sustentada em plenário decorreu do conjunto consistente de elementos colhidos durante a investigação e o processo judicial, sempre com pleno respeito ao contraditório, à ampla defesa e às garantias constitucionais asseguradas ao acusado.”

O MP, ainda, reafirmou que respeita a decisão do Tribunal do Júri e diz que apoia a atuação do Poder Judiciário nas etapas subsequentes previstas em lei.

Veja a nota do MP-SP:

“O Ministério Público do Estado de São Paulo, diante de declarações recentemente divulgadas em redes sociais e entrevistas a respeito do julgamento, perante o Tribunal do Júri do homicídio da vítima Leandro Lo, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos.

A atuação do Ministério Público ao longo de toda a persecução penal foi pautada pela legalidade, pela análise técnica da prova e pela defesa da sociedade. A acusação sustentada em plenário decorreu do conjunto consistente de elementos colhidos durante a investigação e o processo judicial, sempre com pleno respeito ao contraditório, à ampla defesa e às garantias constitucionais asseguradas ao acusado.

O Ministério Público respeita o veredito do Tribunal do Júri, expressão do modelo constitucional de julgamento dos crimes dolosos contra a vida, mas já apresentou recurso contra a decisão e aguarda, com serenidade e confiança institucional, a decisão do Poder Judiciário nas etapas subsequentes previstas em lei.

A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo expressa integral apoio institucional aos promotores de Justiça que atuaram no caso de forma ética, técnica e orientada exclusivamente pelos fatos e pela prova constante dos autos, nos exatos termos do que a Constituição e a lei determinam. Declarações difundidas em ambientes virtuais imputando ao Ministério Público comportamentos “mentirosos” ou motivações alheias à verdade dos autos são falsas e ofensivas. Elas não se limitam ao direito de crítica - inerente a qualquer Estado Democrático de Direito-, mas buscam deslegitimar a atuação do Ministério Público e afetar sua credibilidade perante a sociedade.

A utilização de estratégias de exposição massiva, com a divulgação de versões distorcidas dos fatos e ataques pessoais a membros da instituição, não contribui para o fortalecimento do sistema de Justiça, tampouco altera o conteúdo das provas produzidas em juízo. O Ministério Público não se prestará a disputas retóricas, mas não permanecerá silente diante de tentativas de abalar sua integridade institucional ou moral.

O Ministério Público do Estado de São Paulo reafirma seu compromisso permanente com a defesa da ordem jurídica, dos direitos fundamentais e da segurança da população. A instituição seguirá desempenhando seu dever constitucional com firmeza, serenidade e independência, sem se intimidar por ataques ou tentativas de deslegitimação de sua atuação.

O que diz a SSP (Secretaria da Segurança Pública)

“A Polícia Militar informa que o tenente será reintegrado ao efetivo da corporação por determinação liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo, formalizada por decreto publicado em 28 de outubro de 2025. Os procedimentos internos para a reintegração já estão em andamento.”

* Sob supervisão de André Carvalho, da Agência RECORD

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