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Polícia investiga maus-tratos a crianças e possível descaso do Conselho Tutelar de Diadema

Estado de saúde de menino de quatro anos era de desnutrição, e de seu irmão mais novo, ainda mais grave

São Paulo|Mariana Rosetti, da Agência Record

PM foi acionada ao Centro de Especialidade Quarteirão da Saúde, no sábado (26)
PM foi acionada ao Centro de Especialidade Quarteirão da Saúde, no sábado (26)

A Polícia Civil investiga maus-tratos a duas crianças e possível descaso do Conselho Tutelar de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, no atendimento do caso.

A Polícia Militar foi acionada ao Centro de Especialidade Quarteirão da Saúde, no sábado (26), após dois irmãos darem entrada no hospital com sinais de maus-tratos.

Os meninos, com 3 e 4 anos de idade, foram retirados de casa pelos conselheiros tutelares Renato Gomes Moreira e Gilson Luiz Correia de Menezes Junior, na sexta-feira (25).

Os conselheiros os levaram até a uma associação conveniada com o município de Diadema com serviços de acolhimento.


Os colaboradores da associação questionaram os conselheiros se as crianças haviam passado por atendimento hospitalar, tendo em vista os sinais claros de violência, e a resposta foi negativa.

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Uma funcionária ouvida pela Polícia Civil disse que tão logo teve contato com um dos meninos, percebeu que ele estava "assustado, arredio e com medo". Além disso, que a criança tinha cicatrizes e marcas de cigarro na perna e na barriga.


O responsável pela associação pediu que duas colaboradoras imediatamente acompanhassem as crianças até o Centro de Especialidade Quarteirão da Saúde, onde foi constatado que o estado de saúde de um deles era de desnutrição e do outro, ainda mais grave.

O mais velho foi liberado após atendimento inicial mas retornou à unidade hospitalar horas depois. Os médicos apontaram que ele tem 3 micro fraturas no crânio e o internaram. Até este domingo (27), ele não tem previsão de alta.


Já o mais novo, foi diagnosticado com um quadro clínico grave e está internado em estado crítico desde sexta-feira (25). Segundo o responsável pela ABASC, ele tem 17 micro fraturas no crânio e também não tem previsão de alta.

Durante depoimento na delegacia, a funcionária que acompanhou o menino de 3 anos no hospital disse que ele não tem firmeza nas pernas e sua estatura e peso são incompatíveis com a idade real.

No relatório redigido pelo médico que atendeu o irmão mais novo, obtido pela Polícia Civil, ele diz ter observado marcas de queimaduras de cigarro, além de politraumas e fraturas já consolidadas nos membros inferiores e superiores.

Determinado trecho do relatório diz, ainda, que o menino tem "atraso no desenvolvimento neurocognitivo, sinais de desnutrição, apresenta-se em M.E.G (mau estado geral), febril, desidratado".

O médico também afirma que os maus-tratos eram "evidentes, notórios e graves". Acrescenta observar "aberração na conduta dos conselheiros, evidente prevaricação, pois o menor foi deixado à própria sorte na instituição sem ser tomada qualquer providência legal".

A delegacia tentou o contato imediato com o plantão do Conselho Tutelar do Município, mas, em mais de dez tentativas não obteve sucesso, diz o boletim de ocorrência. A reportagem também tentou contato com o número, mas ele diz estar indisponível.

A mãe das crianças, consta como única investigada no boletim de ocorrência registrado como maus-tratos, no 3º Distrito Policial de Diadema.

Em nota, a prefeitura de Diadema afirmou que acompanha de perto o caso e instaurou procedimento para apurar a situação. Uma reunião foi convocada pela gestão entre os integrantes do Conselho Tutelar e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para apurar o possível descaso. 

"A Secretaria de Assistência Social e Cidadania lamenta profundamente a exposição do nome da genitora e, por consequência, das crianças envolvidas. A função do poder público, de todas as instâncias, é proteger e zelar pelo direito das crianças. Este caso deveria ser mantido em sigilo para cumprimento dessa tarefa", completou.

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