Polícia retoma buscas por soldado desaparecido em Heliópolis (SP)
Buscas recomeçam às 9h em terreno em que há a suspeita de que o corpo de Leandro Patrocínio possa ter sido enterrado
São Paulo|Edilson Muniz, da Agência Record
A Polícia de São Paulo retoma nesta sexta-feira (4) as buscas para encontrar o policial militar Leandro Patrocínio em Heliópolis, comunidade da zona sul de São Paulo. As buscas começam às 9h no terreno em que há a suspeita de que o corpo de Patrocínio possa ter sido enterrado.
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Além das escavações, as buscas pela comunidade continuam. A previsão é que o cronograma siga o mesmo dos outros dias, com as equipes se encontrando no posto da Avenida Almirante Delamare para seguir ao local.
Segundo informações da Record TV, o soldado teria participado de um baile funk na comunidade de Heliópolis na noite de sábado (29).
Na quinta-feira (3), a corporação afirmou que por conta da ausência de luz natural, durante a noite ficaram suspensos os trabalhos em alguns pontos. Como, por exemplo, o terreno que pertence à Sabesp e à Petrobras, onde os cães farejadores encontraram o rastro do desaparecido.
Por volta das 16h, retroescavadeiras retomaram os trabalhos no terreno, que já é conhecido por ser um local onde normalmente corpos são enterrados. As equipes começaram a vasculhar o local após uma denúncia anônima. Simultaneamente às bucas, a Polícia Militar realiza a Operação Saturação, com o intuito de combater a criminalidade dos arredores da Comunidade de Heliópolis.
Investigação
De acordo com o delegado Fábio Pinheiro, do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa, a prioridade é encontrar o corpo do policial militar Leandro Patrocinio.
Imagens de um circuito de segurança mostram que Patrocínio desceu na estação Sacomã do Metrô e seguiu para a comunidade de Heliópolis. No vídeo, ele aparece sozinho e veste uma jaqueta preta.
As investigações apontam que já na comunidade, ele teria parado num bar e gasto o valor de R$ 12 reais em um energético e pago R$ 2 para utilizar o banheiro, como mostra a fatura do cartão de débito do policial.
Posteriormente, Leandro foi até uma casa noturna localizada na comunidade de Heliópolis. O dono do local cumpriria pena em um presídio de segurança máxima no interior de São Paulo.. Ninguém que estava no bar prestou depoimento. De acordo com o delegado, no local impera a "lei do silêncio".
Os investigadores trabalham com suas hipóteses, a de que os criminosos viram Leandro no bar e acham que ele estava fazendo alguma investigação no local; ou que ele tenha se desentendido com alguém e dito que era policial militar.
Durante as buscas, as equipes localizaram uma casa inabitada, onde peças de roupa e um relógio foram encontrados. Os familiares confirmaram que o objeto, encontrado dentro de um vaso sanitário, pertencia ao policial. As investigações apontam que Patrocínio teria sido torturado e morto no local.
Os objetos foram apreendidos e encaminhados à perícia, que também passará pelo reconhecimento dos familiares de Patrocínio. Na casa, foram encontrados vestígios de sangue no chão e na parede, que será confrontado com o material genético de Patrocínio.
Além da casa, os policiais vasculharam uma área de mata em Heliópolis, cuja investigação aponta que o policial pode ter passado pela região. Os policiais trabalham ainda com duas suposições sobre o desaparecimento do corpo: os criminosos teriam jogado em uma caçamba de lixo ou enterrado no na área de mata nos arredores de Heliópolis.
Trajetória
Leandro Patrocínio está lotado em um batalhão da Rodovia Anchieta, da Polícia Rodoviária Estadual, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Ele entraria no trabalho às 5h de domingo (30), porém nunca apareceu.
De acordo com Kelly, irmã do policial, ele é casado e tem uma filha de 1 ano e 10 meses. Além disso, toda a sua família mora no Rio de Janeiro. Leandro mora no quartel e nas folgas retorna ao Rio de Janeiro, onde mora com a família. Segundo a irmão, o soldado é tranquilo e nunca recebeu ameaças.
Antes de desaparecer
Patrocínio se encontrou com um amigo de infância, que veio a trabalho para São Paulo. Ele mora no Rio Janeiro e é engenheiro civil. Após o encontro, o amigo deu uma carona a Leandro e o deixou na estação Butantan do Metrô por volta das 21h00.
A mulher do policial conversou com ele por meio de mensagens, no aplicativo WhatsApp, até às 22h20. Em determinado momento, ela recebeu uma mensagem que parecia de outra pessoa: "a gente está com o Patrocínio. Ele está muito triste com você. Se você quiser, você liga para ele amanhã".
Em seguida, ela questionou ao marido onde ele estava, que, por sua vez, enviou a localização que era a estação Sacomã da Linha-2 Verde do Metrô. Por fim, foi enviada a mensagem "eu vou sumir por dois minutos" e depois ele não respondeu mais à mulher. Segundo a irmã, por volta das 2h de domingo, o seu status do WhatsApp e de outras amigas foram visualizados pelo celular de Leandro.