Prefeito de SP diz que 'ainda é cedo' para obter resultado de feriado
Taxa de isolamento social aumentou em 8 pontos percentuais nos três primeiros dias de megaferiado, mas não atingiu 60%
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
Após cinco dias do início do feriado decretado pela prefeitura de São Paulo para conter o avanço da covid-19 na cidade, o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou, nesta terça-feira (30), que ainda é cedo para se obter um resultado. "É muito cedo ainda para poder colher os resultados desse grande feriado", afirmou após ser questionado sobre a taxa de isolamento social não ter atingido a meta de 60% no primeiro fim de semana de recesso.
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"Temos feito reuniões diárias na prefeitura com o grupo executivo da covid, tivemos uma manutenção em 90%, sem crescimento de leitos de UTI, o que já é uma boa notícia. A medida do isolamento pela prefeitura, que é um índice diferente daquele utilizado pelo governo do estado, mostra uma evolução do isolamento, usamos indicadores como catracas, notas fiscais emitidas e trânsito e isso vem mostrando um aumento das pessoas que permanecem dentro de casa, o que mostra um acerto da antecipação do feriado", disse o prefeito.
A taxa de isolamento social na cidade de São Paulo (SP) aumentou em 8 pontos percentuais nos três primeiros dias de megaferiado, criado pela prefeitura paulistana como forma de barrar a disseminação do novo coronavírus.
Na quinta (25) e na sexta-feira (26), último dia útil e primeira data do feriado prolongado, respectivamente, o índice na capital paulista era de 42%. Já no sábado (27) a taxa era de 45%, subindo para 50% no domingo (29).
O acréscimo, no entanto, segue uma proporção comum na pandemia, em que os índices atingem suas porcentagens mais altas sempre aos domingos. Somente em 2021, por exemplo, São Paulo teve outras três datas com taxa igual ou superior à deste domingo: 3 de janeiro (51%), 7 de março (50%) e 21 de março (51%).
Em relação ao retorno às aulas na capital com previsão para dia 5 de abril, Covas disse que a decisão dependerá da autorização da vigilância sanitária. "A educação é uma ação transformadora da realidade, mais do que essencial, só que temos uma preocupação com a vida. A área da vigilância sanitária que vai determinar se será possível e de que forma retornar. Assim que autorizado pela vigilância sanitária, a gente retorna as aulas", afirmou durante coletiva.
Ações sociais
Bruno Covas afirmou ainda, durante a coletiva de imprensa, que a prefeitura irá incrementar a quantidades de cestas básicas e marmitas distribuídas à população em situação de vulnerabilidade na capital paulista. Em abril, serão distribuídas 1,8 milhão de cestas básicas, 1,3 milhão de marmitas, 1,1 milhão de refeições nos equipamentos sociais da prefeitura.
O trabalho será realizado com o apoio de ONGs que ajudará na distribuição em pontos da cidade. A prefeitura informou que 65 entidades aderiram à ação. "Assinei um decreto que libera do rodízio vans utilizadas para distribuição de alimentos em ações sociais em São Paulo".
O prefeito explica que os auxílios do Renda Básica, Cartão Merenda e auxílio aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica permanecem. Segundo Covas, programas que incentivam o trabalho totalizam 9.919 vagas, com atividades relacionadas à cozinha e costura. Covas disse ainda que o valor das ações sociais é de mais de R$ 2,8 bilhões.
"Uma das determinações da prefeitura foi de não deixar ninguém passando fome. Vamos agora reforçar essas ações por conta desse segundo pico em um esforço que a cidade está fazendo para se evitar aglomeração. Nessas situações sempre os mais necessitados sofrem mais", afirmou o prefeito.
Desde o início em março do ano passado, Covas afirmou que foram distribuídas dois milhões de cestas básicas, dois milhões de marmitas, 18 milhões de equipamentos de assistência social, 2,9 mil toneladas de alimentos em 2.706 pontos de distribuição na cidade.
Em relação à população em situação de rua, foram criadas, de acordo com a prefeitura, 8.959 vagas para acolhimento e atendimento, totalizando 39 mil vagas. Segundo a administração municipal, existem oito centros de acolhida emergenciais, 378 pias instaladas em favelas e ocupações vulneráveis.
Estudo sobre variante
Na última coletiva de imprensa para divulgar medidas de combate ao coronavírus, na sexta-feira (26), administração municipal divugou um estudo realizado pela prefeitura e pelo Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo) que mostrava que 64,4% das amostras positivas de covid-19 na capital paulista são da P-1, a variante de Manaus.
O objetivo da pesquisa era avaliar as VOCs (Variantes de Preocupação) do novo coronavírus em circulação na cidade. Foram analisadas 92 amostras positivas coletadas no exame RT-PCR na primeira semana de março.
Do total de amostras, 73 eram de moradores da capital paulista, sendo que 52 eram VOC, o que indica a prevalência de 71,2%. Entre as variantes, 64,4% eram de P-1 e 6,8% do vírus vindo do Reino Unido. O estudo apontou que 28,8% dos testes eram de 21 outras linhagens.
"Esta é uma fotografia da pandemia no município de São Paulo. A variante de Manaus está em toda a cidade e isso mostra o impacto da situação epidemiológica, com aceleração do número de notificações e de casos confirmados nas últimas semanas", afirmou Edson Aparecido, secretário municipal de saúde.
Na ocasião, o secretário defendeu a antecipação dos feriados de 2021 e 2022 como uma forma de impedir o avanço da pandemia. O recesso sanitário começou na sexta-feira (26) e vai até o dia 4 de abril. "Tivemos resultados positivos no ano passado. É uma ação importante para reduzir a transmissibilidade da doença. É preciso confiar, porque o mecanismo já deu certo em 2020, para não termos que tomar medidas ainda mais restritivas", enfatiza.