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Quadrilha desvia 3 toneladas de droga de facção criminosa em SP

Polícia investiga esquema que funcionava no Porto de Santos. Por trás do esquema havia policiais e ex-policiais militares.

São Paulo|Eduardo Ribeiro, Tony Chastinet e Paulo T., da Record TV

Uma investigação policial revelou um esquema de desvio de drogas no Porto de Santos. Traficantes roubavam cocaína de uma facção criminosa e depois revendiam a droga roubada para os criminosos da mesma facção.

A suspeita é que tenham sido desviadas mais de três toneladas da droga, segundo apurou o Domingo Espetacular.

Por trás do esquema havia policiais e ex-policiais militares.

Na maioria das vezes, a droga sai de países como Colômbia, Paraguai e Bolívia, entra ilegalmente no Brasil e chega até o Porto de Santos. De lá, é enviada escondida em contêiners para a Europa.

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Mas os criminosos descobriram uma brecha no esquema do tráfico de drogas comandado pela facção.

A droga que deveria para a Europa era desviada antes de chegar ao destino e depois era revendida para a mesma organização criminosa que acabava pagando duas vezes pela mesma mercadoria.

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O esquema veio à tona depois de uma operação policial em outubro de 2019 em um prédio comercial, em um bairro nobre de São Paulo. Cinco pessoas foram presas em flagrantes por tráfico. Com eles estavam quase 30 kg de cocaína, duas armas, e R$ 240 mil em dinheiro.

Ex-jogador envolvido

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Entre os presos estava o policial militar Wellington Ferreira, um ex-jogador de futebol que era conhecido como Wellington Índio, com passagens por Palmeiras, times do Paraná, Minas Gerais e da Suíça.

O outro detido foi Rodoldo Santos morador da Baixada Santista. Rodolfo teria encontro marcado em um dos escritórios com Gilmara Lasclota, também presa na operação.

Segundo a investigação, Wellington era responsável por trazer a droga para São Paulo e entregar para Gilmara.

A polícia já estava em olho em Wellington Ferreira na Baixada Santista. Seguindo os passos dele, chegou ao ex-policial Leonardo da Costa Figueiredo, de 26 anos.

Leonardo vivia cercado por um padrão de vida nada compatível com o de um ex-policial. Morava em um condomínio de luxo no Guarujá. O lugar teria servido de ponto de encontro para os integrantes do grupo que desviava droga do crime organizado. O lugar é todo cercado, com moderno sistema de segurança. Lá dentro, só mansões avaliadas em alguns milhões de reais.

Segundo as investigações, foi Leonardo quem autorizou várias vezes a entrada do policial Wellington no condomínio, inclusive no dia 10 de outubro dia das prisões. Ele não chegou a ser preso, mas prestou depoimento no Deic. O ex-policial disse que é empresário, mas não soube justificar a renda para manter sua vida de luxo. Negou qualquer envolvimento com o tráfico de drogas, não sabendo informar sobre qualquer envolvimento de Wellington em atividade relacionada ao tráfico de entorpencente.

Depois que o esquema foi descoberto, Leonardo deixou a mansão e não foi mais encontrado. Naquela noite de 10 de outubro, Wellington saiu da mansão de Leonardo e foi preso no prédio de Gilmara.

Caminhoneiros

Mas como o grupo da Baixada Santista conseguia saber onde procurar a droga? É aí que entram dois homens que, segundo a polícia, eram encarregados de recrutar caminhoneiros para realizar a parte mais importante do esquema. A interceptação da cocaína da facção criminosa. Os caminhoneiross levavam contêineres ao porto e saíam de lá com a droga. Os aliciadores da quadrilha também participaram de reuniões no condomínio, algumas vezes.

Ivo Oliveira Rodrigues, o Japa, era caminhoneiro, e Erivan Lima de Barros, seu ajudante. Os registros do local confirmam as entradas de Ivo e Erivan no condomínio de luxo, autorizadas por Leonardo. A suspeita é que eles, junto com policiais e outras pessoas com acesso ao porto, ajudariam a desviar a droga para a facção.

Mas como a quadrilha do Guarujá conseguia desviar a carga sem levantar a suspeita dos traficantes? A resposta veio dois meses após a prisão do grupo. Em dezembro do ano passado, uma nova ação da Polícia Civil apreendeu 20 tijolos de cocaína escondidos em um contêner que transportava limões.

Ao testar a droga, a polícia descobriu que do total da carga, 66 kgs eram de cafeína, um pó branco bem parecido com cocaína. Para disfarçar o roubo, os traficantes substituíam a droga por outro produto.

A farra da quadrilha de Santos durou pouco. A facção iniciou uma reação. O motorista Ivo, o Japa, desapareceu. Em um boletim de ocorrência, o pai dele disse que na comunidade onde mora "informaram que ele havia sido sequestrado juntamente com outros dois indivíduos e levado para Cubatão, na Baixada Santista". E depois veio a "notícia de que ele teria sido morto em São Paulo".

Depois da descoberta do desvio da droga no carregamento de limões, teria sido a vez de Erivan. Ele foi morto na periferia do Guarujá. Tudo indica ter sido mais uma queima de arquivo a pedido da facção criminosa.

Segundo o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, nesses casos há sempre execução. "Às vezes é mais util apresentar o corpo como uma mostra de poder, dizer que ele foi justiçado, ou às vezes eles desaparecem com o corpo, até porque nem assumem a realidade, nem chegam a divulgar que fizeram aquela execução, e acabam gerando tão somente um desaparecimento", explica o procurador.

Nos depoimentos, os presos em flagrante negaram qualquer relação com o tráfico.

Gilmara Lasclota está em prisão domiciliar. O advogado dela disse que "ela é inocente. ela é empresária. trabalha com administração de imóveis, com grandes empresários, e não é relacionada ao tráfico de drogas". A defesa do ex-PM Leonardo da Costa Figueiredo diz que ele está em local não sabido. A defesa do policial Wellington Ferreira não retornou o contato da reportagem.

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