Reestruturação das salas e pinturas marcam volta das aulas em Suzano
Funcionários afirmaram que, além da reestruturação, as salas de aulas serão pintadas com o objetivo de modificar os ambientes do colégio
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
Nos arredores da escola Raul Brasil, onde, na última quarta-feira (13), atiradores mataram oito pessoas e se mataram na sequência, marcas do massacre podem ser vistas já pelas paredes.
De um lado, flores homenageiam as vítimas. De outro, inscrições pedem paz e dizem não às armas.
Para amenizar o trauma que alunos e funcionários enfrentam desde o dia do ataque, a equipe de psicólogos, que está na escola desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (18), afirmou que a escola passará por uma "mudança de layout".
A psicóloga Luciana Inocêncio, que mora no bairro na região central de Suzano, afirmou que a escola passa por uma reestruturação. "Tudo o que faça os alunos se sentirem acolhidos será feito. A pintura das paredes será feita assim como outras mudanças", diz. Outros funcionários afirmaram que as salas de aulas também serão pintadas com o objetivo de modificar os ambientes do colégio.
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"Até mesmo para mim é difícil. Fiquei pensando em como eu iria entrar pela porta principal", disse a psicóloga voluntária. O começo das atividades na escola será, segundo a psicóloga, com um acolhimento que consistirá em ouvir a demanda dos alunos. "É um processo de luto que leva algum tempo. Vamos ouvir a demanda deles. Quem se sente à vontade vira às atividades", completou.
A psicóloga diz acreditar que alguns estudantes virão às atividades, apesar do trauma. "Vamos usar terapias individuais, rodas de conversa e tudo que eles precisarem", assegurou. Segundo ela, todos os professores foram convocados para as atividades. A equipe de psicólogos voluntários é composta por, pelo menos, 30 voluntários.
A programação para o restante da semana será definida nesta segunda-feira pela manhã. "Os atendimentos individuais já estão ocorrendo, inclusive com equipes indo até o domicílio. Um fato com tamanha proporção de violência necessita de um trabalho a longo prazo. E nesse período, eles terão total atendimento", afirmou.
No portão da escola, é possível ver uma placa informando aos pais que os materiais serão entregues a partir desta segunda-feira. "Não sabemos ao certo o que vai ocorrer. Só viemos pegar informações sobre o que irá acontecer", afirmou um amigo do pai de uma das vítimas do massacre.
Rogério Reis, pai da aluna Leticia da Silva Reis, 15 anos, afirmou que ela está com receio de voltar ao colégio. "Ela se escondeu no banheiro no dia do massacre. Ela vai tentar vir amanhã. Estamos apoiando ela para que não deixe de estudar aqui. A cidade toda está se esforçando para que todos voltem. Nos primeiros dias ela cogitou desistir de estudar nessa escola, mas estamos aconselhando ela a fazer o que se sentir melhor."