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Rota mata feirante de 20 anos suspeito de tentar roubar açougue

Caso aconteceu no domingo (17); polícia afirma que houve resistência

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Guilherme: morto no açougue
Guilherme: morto no açougue

O feirante Guilherme Gonçalves Lopes, 20 anos, foi morto por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) durante uma suposta tentativa de assalto a um açougue no Conjunto José Bonifácio (zona leste de São Paulo), na tarde de domingo (17).

“Eu queria que os policiais da Rota prendessem meu filho se ele estivesse fazendo coisa errada, mas não precisava matar”, disse a mãe do jovem, Gilvania Reis Gonçalves, 45 anos.

Ela afirma que, durante a manhã de domingo, o jovem estava lavando os tapetes de casa para ajudá-la no único dia de sua folga do serviço de vendedora. Por volta das 12h, Guilherme teria recebido uma ligação de um amigo e saiu. Antes das 15h ele foi morto.

A policiais civis, os PMs da Rota disseram que receberam, via Copom, uma denúncia de assalto a um açougue na região onde estavam patrulhando. Ao chegarem no local, se depararam com o jovem abrindo uma porta do estabelecimento com chute. De acordo com a versão dos policiais, o jovem teria corrido com uma arma em punho e atirado contra os militares.


Ainda segundo os policiais militares, neste momento o sargento Alexandre Alves Pereira atirou uma vez, seguido por dois disparos do soldado José Teixeira Almeida Neto. Os tiros teriam acertado a região do tórax e a pélvis do feirante.

Guilherme havia feito aniversário no dia 6 de dezembro. Na comemoração, o jovem postou no Facebook um pedido: “Que Deus me livre dos covardes. Que me proteja, me guie diante da minha caminhada e principalmente guarde minha liberdade e preserve minha vida”. Na publicação de aniversário, o jovem disse que queria “muita saúde, dinheiro e paz”.


Segundo a mãe do rapaz, ele havia terminado o terceiro ano do ensino médio e trabalhava esporadicamente na feira e em um lava-rápido. Guilherme foi enterrado na manhã desta terça-feira (19), no Cemitério da Vila Formosa.

Um outro rapaz foi preso sob a suspeita de ter participado da tentativa de assalto. Ele estaria dentro do açougue, com outros quatro funcionários, e teria se entregado ao ver os policiais.


Apesar de a área da ocorrência ser atendida pelo 103º DP (Cohab 2/Itaquera), o caso foi registrado pelos policiais militares no 63º DP (Vila Jacuí). Questionada pelo R7 sobre o assunto, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirma que "foram instaurados dois inquéritos policiais: um referente ao flagrante de tentativa de roubo pelo 63°DP, com a prisão de um dos autores, e o outro sobre a morte decorrente de oposição à intervenção policial do outro assaltante, que será investigada pelo DHPP".

Segundo o órgão, o caso foi registrado pelo 63°DP porque o fato ocorreu no domingo e classifica a unidade como uma "delegacia polo", responsável pela área do 103°DP.

Em nota, a pasta diz que a ocorrência resultou na apreensão de um telefone celular, valor em dinheiro e um revólver calibre 38. A SSP também menciona que "será feito exame residuográfico nos policiais e no suspeito morto".

Letalidade policial

O caso deve entrar para as estatísticas das "mortes decorrentes de oposição à intervenção policial" — quando a polícia diz que o morto resistiu à prisão e trocou tiros.

Entre janeiro e outubro deste ano, 785 pessoas foram mortas pelas polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. Dessas mortes, 530 foram após supostos confrontos com policiais militares em serviço. O número representa um morto a cada 13 horas em supostas resistências à abordagem da Polícia Militar paulista.

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