O advogado do sargento da Polícia Militar que matou dois colegas a tiros de fuzil na segunda-feira (15), em Salto, no interior de São Paulo, afirma que seu cliente era perseguido por um capitão da corporação e que ele não tentou fugir da delegacia após cometer o crime. Rogério Augusto Dini Duarte, advogado de defesa do PM, contou que a tragédia aconteceu por volta das 9h, após Claudio Henrique Frare Gouveia, de 53 anos, autor dos disparos, ter ouvido o sargento Roberto Aparecido da Silva falar com o capitão Josias Justi da Conceição sobre sua esposa. "Na sexta-feira, ela [esposa de Gouveia, que também trabalha na corporação] teve a arma apreendida sem nenhum motivo. O sargento [Silva] disse apenas que estava cumprindo uma ordem do capitão. Na segunda, antes de tudo acontecer, eu iria até lá para tentar entender o motivo de terem feito isso, mas me atrasei. E, quando cheguei lá, já presenciei aquela cena lamentável. Ele [Gouveia] me disse que estava tudo bem até ouvir os dois conversando sobre sua esposa, e isso despertou um gatilho nele", relata o defensor. Duarte afirma que seu cliente era perseguido pelo capitão. "Gouveia e a esposa trabalhavam em regime de escala de plantão e começaram a ter alguns problemas com os horários. Ele foi incluído na mesma escala da esposa. E os dois ficaram sem ter com quem deixar o bebê. Eles procuraram o capitão para tentar mudar os horários, mas só ouviram um 'quem manda aqui sou eu' dele. Esse não é o único problema. Foi um conjunto de fatores que levaram aos fatos de segunda e que será esclarecido na Justiça."· Compartilhe esta notícia no WhatsApp · Compartilhe esta notícia no Telegram A defesa do PM diz ainda que Gouveia não premeditou o crime e que ele não tinha intenção de fazer mais vítimas. "Havia uma terceira pessoa na sala onde tudo aconteceu. Ele entrou, efetuou os disparos contra os dois, saiu e disse ao outro PM para ficar tranquilo, porque o problema dele era com o capitão e o sargento. Depois disso, ele entregou o fuzil e não tentou fugir." Segundo o advogado, o sargento Gouveia se arrepende do que fez, mas ele afirma que estava exausto com a rotina de trabalho. "Ele estava muito sobrecarregado. Na verdade, a corporação inteira está doente. Ele tem seis filhos e sempre foi um homem muito família. Acredito, sim, que ele está arrependido, porque nunca teve histórico de violência", completa. O sargento Claudio Henrique Frare Gouveia entrou atirando em uma delegacia de Salto, no interior de São Paulo, na última segunda-feira (15), e matou dois PMs. As vítimas foram identificadas como sargento Roberto Aparecido da Silva e capitão Josias Justi da Conceição. O crime ocorreu na 3ª Companhia do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior (50º BPM/I). Na ocasião, a corporação informou que a motivação para o crime ainda era investigada. "Todas as providências da Polícia Judiciária Militar estão em andamento neste momento, e a Corregedoria da instituição acompanha as apurações."