Sete em cada dez paulistanos se informam sobre a qualidade do ar
Pesquisa feita pela Rede Nossa São Paulo aponta, ainda, que quatro em cada dez habitantes já tiveram problemas de saúde relacionados a poluição
São Paulo|Plínio Aguiar, do R7
Sete em cada dez paulistanos costumam se informar sobre a qualidade do ar com alguma frequência. Segundo levantamento feito pela Rede Nossa São Paulo, 75% dos entrevistados disseram que se orientam a respeito da condição climática com qualquer periodicidade.
A pesquisa apontou que 23% sempre se orientam, enquanto que 39% responderam que se informam de vez em quando e 13%, raramente. Segundo a instituição, 24% nunca procuram a respeito e 1% não responderam ou não sabem.
O estudo destrinchou os 23% dos entrevistados que responderam sempre se informam. Destes, 34% moram em bairros na zona oeste da capital paulista, 30% possuem formação no ensino médio, 29% são de 45 a 54 anos, 28% são evangélicos e 27% integram a classe B.
Dos 24% que informaram que nunca procuram a respeito da condição atmosférica, 45% possuem formação no ensino fundamental, 40% possuem renda familiar de até dois salários mínimos, 36% integram a classe C, 31% moram em bairros da zona sul da capital paulista, 29% se autodeclaram pretos ou pardos e 34% são mais jovens.
“É um número que representa a importância do tema. Quer dizer que mais da metade da população se preocupa em compreender qual a qualidade do ar que respiram”, disse o gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo Américo Sampaio.
Problemas de saúde
Segundo a pesquisa, quatro em cada dez paulistanos afirmam que eles ou alguém de suas residências tem ou teve problemas de saúde relacionados à poluição do ar. Neste ano, 44% dos entrevistados responderam que sim, enquanto que 45%, não. Segundo a instituição, 10% não souberam dizer ou não sabem.
Dos que tiveram problemas relativos à poluição, 60% possuem formação no ensino superior, 55% são mulheres, 54% pertencem a classe B, 52% tem entre 35 a 44 anos, 51% entre 45 a 54 anos, 49% entre 25 a 34, 49% informaram que possuem renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos e 57% possuem renda familiar mensal acima de dois a cinco salários mínimos.
Em relação aos paulistanos que responderam não a pesquisa, 69% possuem formação no ensino fundamental, 58% são mais velhos, 49% são mais jovens, 54% são homens, 54% são católicos, 51% fazem parte da classe C, 49% informaram que moram em bairros da zona sul da capital paulista, 49% declararam ser pretos ou pardos e 54% possuem renda familiar mensal de até dois salários mínimos.
No último ano, 59% informaram que sim e 34% disseram que não tiveram problemas relacionados à poluição do ar. Em 2016, por sua vez, foram 64% contra 36%. No ano anterior, 62% responderam que sim e 38%, não.
“A emissão de gás poluente em São Paulo é basicamente por causa do transporte. Claro que a indústria tem um peso, mas é pequeno”, conta Sampaio. Segundo o gestor, “tirar carro das ruas” e “ofertar transporte com combustível limpo” são soluções que podem diminuir o número de pessoas que tem ou tiveram problemas relacionados a poluição do ar. “Em vários países europeus é lei usar um combustível padrão Euro6, que é do tipo sustentável e limpo”, sustenta.
O gestor alerta para o fato de que doenças como infarto, asma e derrame, por exemplo, são muito influenciadas pela qualidade do ar e em decorrência da poluição. “O governo não admite porque quer tirar o problema do colo”, conta. “Por isso a importância de se ter um ar limpo”, acrescenta.
Combustível limpo
Em 17 de janeiro de 2018, o PL 300 de autoria do vereador Milton Leite tornou-se a Lei 16.802, sancionada pelo então prefeito João Doria (PSDB). Foi proposto para empresas de coleta de lixo, operadores de serviços de transporte coletivo por ônibus e integrantes do Sistema de Transporte Urbano de Passageiros de São Paulo que em um prazo de no máximo dez anos deverá haver uma redução mínima de 50% e, num prazo máximo de 20 anos, de 100% das emissões totais de CO2 (dióxido de carbono) de origem fóssil.
A lei focou em metas de redução dos poluentes que deverão ser atingidas pela troca da matriz por veículos de tecnologia mais limpa. No caso dos trólebus, o processo de substituição de frota por insumos energéticos e tecnologias mais limpas deve priorizar a expansão da frota de trólebus, com unidades novas equipadas com bancos de baterias, no mínimo, até que a atual rede de distribuição de energia não fique com capacidade ociosa.
Segundo a lei, um comitê gestor do Programa de Acompanhamento da Substituição de Frota por Alternativas Mais Limpas será criado e regulamentado pela administração municipal em até 180 dias após o início da vigência da lei. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo informou, oito meses depois, que a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes já solicitou indicações de representantes e encaminhou à Casa Civil para designação dos membros do órgão colegiado.
O órgão disse, também, que já houve uma redução de 2,44% na emissão de dióxido de carbono; 17,68% na emissão de material particulado e 13,69% na emissão de NOx.
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