"Só peço que digam onde ela está", afirma mãe de PM desaparecida
Cleuza dos Santos diz ter mandado mensagem a responsáveis pelo sumiço da filha: 'Mesmo que não queiram se identificar, digam onde ela está'
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
A mãe da policial militar Juliane dos Santos Duarte, de 27 anos, que desapareceu na madrugada de quinta-feira (3) em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, Cleuza dos Santos, de 57 anos, afirmou ao R7 que tenta manter as esperanças diante da hipótese da PM ter sido baleada em frente ao bar em que estava.
Nos últimos dias, Cleuza, que permanece na casa da outra filha, irmã de Juliane, afirmou que conta com o apoio de amigos.
"Estou em contato com grandes amigos dela", disse. "Mandei uma mensagem para as pessoas que pegaram minha filha. Elas nasceram de uma mãe. Eles nasceram bons e não podem ter se tornado criaturas más para tirar a vida da minha filha", completou.
Cleuza conta que ambas moravam juntas em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista. A última vez que viu filha foi na segunda-feira (30), quando ambas foram visitar a irmã de Juliane, que havia dado a luz. Após a visita à maternidade, a PM teria ido trabalhar e Cleuza, ido à casa da irmã da PM.
Segundo a mãe, Juliane trabalhou até terça-feira (31) e no dia 1º saiu de férias. "Na quarta-feira, o porteiro me falou que Juliane saiu por volta das 10h. Fiquei sabendo que ela foi para o churrasco", diz Cleuza. "Tentei ligar para ela desde cedo. Se ela tivesse me dito que ia para um churrasco não teria deixado."
De acordo com a mãe de Juliane, a policial militar atuava na corporação há três anos. "Segundo as pessoas, ela é muito aplicada e extremamente responsável no trabalho e é muito respeitada em todos os aspectos pelos superiores", diz a mãe.
Cleuza, que está afastada do trabalho por motivos de saúde, afirma que não tem condições emocionais para acompanhar as buscas da polícia pela filha. "Estou passando por problemas pessoais e ela estava me ajudando a resolver", desabafa a mãe. "Soube que ela tinha desaparecido quando me ligaram e pediram para eu ligar a televisão: levei um choque", diz.
A mãe de Juliane pediu ainda que, "mesmo que os responsáveis pelo sequestro não queiram se identificar, que digam à polícia onde Juliane está."
O caso
Por volta do meio-dia da quinta-feira (3), o desaparecimento de Juliane foi registrado por um casal no 89º DP (Morumbi). Juliane teria ido a casa de amigos na quarta-feira (2) e, segundo testemunhas, teria ficado o dia todo no local. Mais duas amigas teriam chegado à residência e, quando a bebida terminou, todos foram a uma outra casa.
Dessa segunda casa, também na companhia de duas amigas, Juliane foi para o bar de Paraisópolis para continuar a comemoração. De acordo com o delegado que investiga o caso, Antonio Sucupira, Juliane teria ido ao banheiro e quando voltou percebeu uma movimentação na mesa. Segundo testemunhas, um celular, que pertencia a um rapaz que também estava na mesa, havia sido levado.
Às 4h da madrugada de quinta-feira, Juliane teria, então, sacado a arma e se identificado como policial. "Depois que ela sacou a arma, surgiram quatro indivíduos perguntando quem era policial e a identificaram", afirma o delegado.
Ainda segundo as testemunhas ouvidas pela polícia, próximo ao bar teriam ocorrido dois disparos, que teriam atingido Juliane. "Só poderemos saber se ela foi atingida e por quantos tiros depois que encontrarmos o corpo", diz Sucupira.
Até o início da tarde dessa sexta-feira, foram ouvidas três testemunhas que estavam com Juliane no bar de Paraisópolis. A policial atua na 2ª Companhia do 3º Batalhão Metropolitano, responsável pelo patrulhamento em parte do Jabaquara, na zona sul.