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SP: funcionários dizem ser coagidos a assinar transferência de hospital

Ato de profissionais do hospital de Guaianases, que ocorre na manhã desta quarta, também pede que local atenda outras doenças além da covid-19

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Ato pedirá para que os trabalhadores não sejam transferidos
Ato pedirá para que os trabalhadores não sejam transferidos

Funcionários do Hospital Geral de Guaianases protestam na manhã desta quarta-feira (16), às 10h, em frente ao local na zona leste de São Paulo. O ato pedirá para que os trabalhadores não sejam transferidos dali após a terceirização temporária do HGG para a organização de saúde Santa Marcelina. 

Profissionais que trabalham no hospital de Guaianases relataram ao R7, sob condição de anonimato, que os funcionários — alguns, inclusive, estão ali há mais de 20 anos — estão sendo coagidos a assinarem um termo para confirmar suas transferências a outros hospitais.

“Somos coagidos por telegramas e e-mails para comparecer ao RH (recursos humanos) e resolver nossa vida funcional. Quando questionamos isso à diretora, dizem que é mentira. Eles dizem que, se não aceitarmos a transferência, seremos prejudicados e depois o Estado não terá onde nos alocar”, relatou uma dos funcionários do hospital.

Além disso, os funcionários reivindicam que o hospital volte a atender pacientes com outras doenças – neste momento, segundo eles, o HGG recebe apenas pacientes com covid-19 –, já que há 25 anos é o único do distrito de mais de 260 mil habitantes, e atende ainda demandas da Cidade Tiradentes e mais regiões.


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“Estamos pedindo que o secretário de Saúde e o governador não tirem o hospital da comunidade, porque ele atende muitas comorbidades e toda a região”, disse uma enfermeira à reportagem. O hospital atende demandas de clínica médica, cirurgia geral, pediatria, ortopedia e psiquiatria, além de ser referência para partos de alto risco.

Segundo uma das denunciantes, por exemplo, o hospital realizava de dez a 12 partos por dia e, agora, os partos são remanejados para o Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belém.


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Uma das preocupações em relação às transferências dos trabalhadores, que em boa parte querem permanecer atuando em Guaianases, são os danos de ordem financeira. Os funcionários contam que, com a possível transferência, além da mudança física e completa na rotina, perderiam os adicionais de insalubridade — de três meses, possivelmente —, parte importante de seus vencimentos, um valor em torno de R$ 700 mensais.


Valéria Fernandes, diretora regional do SindiSaúde (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo), diz que, embora o emprego dos profissionais esteja garantido, eles estão sendo obrigados a sair dali. “Com a transferência temos perda da gratificação de insalubridade. Depois, tem que ser novamente pedida e pode até nem ser concedida, dependendo do local para onde o indivíduo for transferido”, diz ela.

Muitos funcionários já tiveram suas transferências assinadas e confirmadas a hospitais de Santos (SP), Ferraz de Vasconcelos (SP), Belém e São Miguel Paulista — todas estas já publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Ao todo, serão 120 profissionais transferidos.

Foto da noite de terça (16) indica atendimento exclusivo à covid-19
Foto da noite de terça (16) indica atendimento exclusivo à covid-19

“Nossa última manifestação será essa, alertando à população que eles perderão toda essa assistência do único hospital da região, sendo que os mais próximos ficam em Itaquera e [Cidade] Tiradentes, e já têm demanda muito alta. Estamos sofrendo com a patologia, que mata muito rápido, e com as incertezas”, afirmou uma enfermeira do hospital.

Como se posiciona a secretaria de saúde

A reportagem pediu posicionamento à Secretaria Estadual de Saúde a respeito das queixas dos funcionários relatadas. Em nota, a pasta nega que tenha deixado de atender outras patologias, embora a faixa na entrada do local (foto acima) indique atendimento exclusivo à covid-19. Disse ainda que, em parceria com a organização social de saúde Santa Marcelina, irá fornecer equipes para 20 leitos de UTI, 140 leitos de clínica médica e obstetrícia, dedicando-se também ao atendimento da covid-19.

A secretaria afirma, também, que o emprego dos funcionários está garantido, assim como seus direitos, inclusive o auxílio-transporte, com a possibilidade de escolha de uma nova unidade estadual para trabalharem durante o remanejamento temporário. 

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