SP: homem cai no golpe do falso encontro e é levado para cativeiro
Em mais de 24h, grupo fez ao menos 20 transferências via Pix e empréstimos. Prejuízo estimado pela vítima é de R$ 100 mil
São Paulo|Letícia Assis e Edilson Muniz, da Agência Record
Um homem de 54 anos foi sequestrado e ficou aproximadamente 24 horas em poder dos criminosos após cair no golpe do falso encontro marcado por um aplicativo de relacionamentos. O crime aconteceu na zona oeste de São Paulo.
A vítima foi abordada próximo à avenida Escola Politécnica e permaneceu em cativeiro em um imóvel perto da Favela São Remo, ambas na região do Rio Pequeno.
De acordo com a vítima, que não quis ter a identidade revelada, ele conheceu uma mulher pelo aplicativo de relacionamentos Tinder e passou a trocar mensagens com ela via WhatsApp.
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Após cerca de um mês de conversa, a possível pretendente marcou um encontro com o homem e enviou a localização. Por volta das 19h30 de quarta-feira (1º), ele se deslocou até o endereço em um Nissan March preto.
Ao chegar ao local indicado, o homem a esperou ainda dentro do veículo e decidiu mexer no celular por alguns instantes. Segundo ele, cerca de quatro homens chegaram em um segundo carro e realizaram a abordagem. Dois deles estavam armados.
Depois de anunciarem o assalto, os criminosos obrigaram o homem a descer do banco do motorista e o colocaram na parte de trás do automóvel. Em seguida, o grupo passou a circular pela região com o carro e a realizar diversas transferências via Pix.
Agressivos, segundo relatou a vítima, os suspeitos faziam constantes ameaças psicológicas enquanto apontavam as armas para sua cabeça. Durante todo o crime, o refém ficou com os olhos vendados para não poder reconhecer os criminosos.
De acordo com a vítima, o sequestro dentro do carro durou cerca de 11 horas. Durante o período, além das transferências, os suspeitos conseguiram realizar diversos empréstimos em nome do homem após terem acesso a seus dados pessoais.
Na manhã desta quinta-feira (2), a quadrilha conduziu o homem até um cativeiro utilizado pelo grupo. Dentro da residência havia outras vítimas que estavam sendo feitas reféns. Segundo o homem, os suspeitos possuem estrutura avançada, com funções e cargos definidos.
No imóvel, além dos quatro suspeitos que abordaram a vítima, havia outros integrantes do grupo. O motorista não soube precisar o número de criminosos que participaram da ação.
Ainda segundo a vítima, no local havia uma espécie de triagem para identificar a categoria dos sequestrados. Cada pessoa que estava no local era classificada segundo seu poder aquisitivo: quem tinha mais dinheiro, como era o caso do motorista, permanecia mais tempo no cativeiro.
Quase 24 horas depois do sequestro, por volta das 19h de quinta, o homem foi liberado pelos criminosos. Ele acredita que uma batida policial que estava sendo realizada na comunidade São Remo tenha inibido os suspeitos, que decidiram libertar as vítimas.
A vítima, então, acionou a Polícia Militar. Seu veículo foi localizado na manhã desta sexta-feira (3) na rua Arthur Soter Lopes da Silva, também no Rio Pequeno. Equipes da PM preservam o local enquanto aguardam o trabalho da perícia.
Até o momento, segundo o homem, o prejuízo sofrido está estimado em R$ 100 mil. Ele ainda não conseguiu calcular o total levado pelos criminosos, uma vez que o grupo trocou as senhas de alguns aplicativos e o deixou sem acesso às contas.
O homem também afirmou que foram realizadas, no mínimo, 20 transferências via Pix. Segundo ele, a quadrilha possui um conhecimento avançado da tecnologia, pois, ao longo do sequestro, conseguiu levantar informações bancárias emitidas pelo próprio motorista.
Segundo a vítima, em nenhum momento durante o crime a suposta mulher com quem estava conversando apareceu. Ele relata ainda as sequelas psicológicas que vai carregar.
Equipes da 3ª Companhia do 23° Batalhão de Polícia Militar atenderam à ocorrência. Até o momento, ninguém foi preso. O caso é apresentado no 14° DP de Pinheiros.
Em nota, a PM informou que realiza policiamento na região e já salvou vítimas desse tipo de golpe, "inclusive registrados pelas câmeras corporais utilizadas pelos PMs".