SP tem 14 praias impróprias para banho, um risco à saúde dos turistas
Ilha Comprida e Iguape são as únicas cidades que estiveram próprias para banho ao longo de todo o ano. Turistas devem verificar bandeiras da Cetesb
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7
Sol, praia e mar, combinação perfeita para o verão, que começa neste domingo (22), mas é preciso ficar atento às condições das águas antes daquele refrescante banho de mar. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) faz o monitoramento das 157 praias do estado todos os fins de semana do ano. A medida atende uma resolução do Conama, órgão do Ministério do Meio Ambiente.
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Estão impróprias para banho, segundo a Cetesb, Itaguá e Lázaro (Ubatuba), Tabatinga e Indaiá (Caraguatatuba), Viana, Itaquanduba e Portinho (Ilhabela), Milionários, Gonzaguinha e Praia da Divisa (São Vicente), também Perequê (Guarujá), José Menino (nos dois trechos em Santos) e Centro (Itanhaém).
A partir da análise das amostras coletadas por equipes de duas agências ambientais, as praias são classificadas em próprias e impróprias para banho. Para isso, é medido o indicador de poluição fecal em 100 mililitros de água, ou seja, se há presença de enterococos, bactéria que pode provocar infecção no trato digestivo.
A bióloga do Setor de Águas Litorâneas da Cetesb, Karla Cristiane Pinto, explica que a contagem é feita numa série sequencial de cinco resultados. A água é coletada em 177 pontos do estado de São Paulo e o resultado é divulgado toda quarta-feira no site da Cetesb.
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Karla Pinto afirma que a condição muda de semana para semana e alguns fatores podem influenciar negativamente como, por exemplo, os temporais. “Quando chove, a situação se agrava porque acelera a chegada do esgoto no mar e, consequentemente, chega também mais fezes in natura nas águas”, destacou a bióloga.
Segundo o último boletim da Cetesb, entre 17 de novembro e 15 de dezembro, dos 177 pontos de amostragem monitorados, 14 praias estavam impróprias, sendo 10 no litoral norte de São Paulo e 4 na Baixada Santista.
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Mas algumas praias são pontos viciados, isto é, conhecidas por serem repetidamente impróprias para o banho. De acordo com o levantamento da Cetesb, Itaguá e Perequê-Mirim (Ubatuba), Indaiá (Caraguatatuba), Itaquanduba (Ilhabela), Perequê (Guarujá), Gonzaguinha e Milionários (São Vicente) são as praias que, ao longo de 2019, figuraram entre as mais sujas.
Já em Praia Grande e Santos, a condição variou muito, mas todas as praias estiveram impróprias em diferentes momentos do ano. Por outro lado, os banhistas podem ficar tranquilos ao visitar as praias de Ilha Comprida e Iguape, ambas estiveram próprias para banho ao longo de 2019.
Bandeiras vermelhas
As praias avaliadas como impróprias são sinalizadas com bandeiras vermelhas, que servem como alerta sobre a qualidade da água do mar. O cenário, no entanto, muda de semana para semana e o turista deve consultar a Cetesb para saber a atual situação do mar no litoral paulista.
A recomendação é não se banhar em águas sinalizadas como impróprias, evitar entrar no mar nas primeiras 24 horas após o temporal, não entrar em córregos, canais e rios que afluem às praias e, em nenhuma hipótese, engolir água do mar.
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Luan Scaccabarozzi tem 10 anos e passou um fim de semana em Praia Grande, no litoral sul paulista. Ele estava ansioso em aproveitar ao máximo a praia da Vila Tupy e nem se atentou à bandeira da Cetesb. De acordo com a mãe dele, Luciana Tofanelli Scaccabarozzi, o filho passou muito mal depois. “A ansiedade conta muito, ver aquele mar, ele tava muito empolgado, brincou bastante, mergulhou e engoliu muita água, entrou pelo nariz e pela boca”.
Passar o dia debaixo do sol forte e sem ingerir muito líquido pode ter ajudado a agravar o quadro de saúde. “À noite veio o resultado: eu não esperava uma virose tão agressiva, deu dó, incluía vômitos e diarreia ao mesmo tempo e com intensidade. Fui no Pronto Socorro e tinham várias crianças em atendimento numa situação parecida. Voltamos para casa, em São Paulo, com ele tomando soro no caminho”, revelou Luciana.
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De acordo com a bióloga da Cetesb, o risco de contrair doenças é maior quando se engole a água do mar, mas apenas o contato com a pele já é suficiente. “A gente monitora a balneabilidade das praias porque existe uma consequência. Geralmente os casos mais comuns são de gastroenterite, com febre, vômito, diarreia e dores abdominais, mas a pessoa pode contrair febre tifoide, dermatoses, conjuntivite, otite e hepatite A”, revelou Karla Pinto.
A febre tifoide é uma doença bacteriana transmitida por alimentos e água contaminados. A hepatite A é também uma doença infecciosa causada pelo vírus VHA que é transmitido por via oral-fecal, de uma pessoa infectada para outra saudável, ou por água contaminada.
Verificar a condição do mar por meio das bandeiras da Cetesb é essencial para evitar problemas de saúde, que podem atrapalhar a viagem de férias.